A vida é uma comédia, já se disse. O humor destes tempos tornou-se uma arma poderosa para conquistar, entreter, criticar, difamar, ridicularizar. Dos antigos e bonachões programas humorísticos isolados em algum canto da grade de programação das TVs abertas, hoje o humor está em todos os espaços possíveis e inimagináveis, fazendo da vida, muitas vezes, uma comédia de mau gosto.
Um exemplo que a moçada adora discutir e, por isso mesmo, acaba gerando discussões sem fim e sem ganhadores, é sobre os filmes de heróis da Marvel e da DC Comics. Os da Marvel tem mais humor, por isso são mais legais. Os da DC são mais inteligentes, por isso são mais legais. Nada disso, o humor da DC é mais sutil. Não, a Marvel... Entendeu? Essa discussão não tem conclusão, cada grupo tem uma opinião que defende com toda convicção. E está tudo ok, não tem certo ou errado nessa história, tem a preferência de cada um. Já na vida real...
Pense um churrasco com familiares e amigos, sem risadas, todo mundo de cara amarrada, todo mundo sério, sem esboçar um risinho amarelo pelo menos, seria lamentável. Imagine uma viagem para a praia, feriadão de 4 dias, apartamento alugado, tudo certinho e... só então você descobre que está viajando com uma turma sisuda, chata e sem nenhum humor, vai ser uma viagem pra esquecer, não importa quão lindo seja o lugar para onde vão.
Precisamos do humor. É vida, é saúde, é alegria. O problema é que o humor desaguou num espaço de total escracho, deboche, zoeiras desrespeitosas, canalhices e total covardia para com as pessoas, valores e instituições alvos de suas produções. Esse tipo de humor, não poderia ser diferente, já chegou também nas igrejas.
Caso você não goste de parte do tipo de humor que hoje é produzido por comediantes gospels, pastores, padres, artistas gospels, etc, os rótulos já estão preparados para serem grudados em você: legalista, fundamentalista, conservador, ditador, humorfóbico, antiquado, radical, etc. Ou seja, a opinião contrária não é respeitada e muito menos debatida em alto nível, ela é simplesmente resistida com deboche e ridicularização, exatamente as armas que parte do humor atual tem usado.
Quem me conhece sabe, gosto do bom humor. Mas me preocupa o volume de humor inconsequente e em total descompasso com a boa teologia e a boa fé das pessoas, trazendo muito mais confusão do que edificação e propagação do evangelho. Fazer graça com a Graça definitivamente não tem a menor graça. Basta observar a audiência dos que insistem em zombar da fé, vai caindo a cada dia, pois ainda que sem filtros para analisar, as pessoas vão se incomodando e se cansando com a vulgarização e o esculacho para com a fé que abraçaram e a nova vida que encontraram.
O humor inteligente, refinado, que faz pensar, que constrói pontes no relacionamento, que edifica, que faz rir prazerosamente sem diminuir ninguém, sempre será bem-vindo. Este tipo de humor sempre terá seu lugar de honra. Vejo ele na bíblia, na vida, nas pessoas. Mas ele precisa transitar nos seus limites sem descambar para a destruição do outro, ponto no qual começa a perder a graça.
Das belas palavras que conheço e seus significados, uma das que mais me impressiona, sem dúvida, é a palavra graça. Saber que recebo favores, dons, bens, recursos espirituais, acesso ao Pai e a possibilidade real de uma nova e eterna vida única e exclusivamente através da Graça, me faz abraçar com reverência todo o favor imerecido que a Graça me concede.
Ser engraçado é uma coisa, ser ofensivo é outra bem diferente. Leve a alegria e a graça contidos na Graça por todos os cantos que for, seja na vigília ou no churrasco, seja no lual ou no futebol, seja no retiro ou na praia, seja na fábrica ou no escritório, seja na roça ou na metrópole, leve o frescor sempre novo da Graça salvadora e transformadora, enfim, como nos lembram as plaquinhas em quase todos os espaços que frequentamos: “Sorria, você está sendo filmado” pelo Diretor do céu.
Paz!
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