Não assistir e não viver

Será que o fato de não assistir determinado programa me torna melhor, superior, diferenciado das demais pessoas?

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024 às 16:19
(Foto: Unsplash/Glenn Carstens-Peters)
(Foto: Unsplash/Glenn Carstens-Peters)

Não basta bater no peito, orgulhosamente, julgando-se mais santo que os demais, e então encher a boca com as palavras: “eu não assisto BBB”. Mas será que é só isso? Será que o fato de não assistir determinado programa me torna melhor, superior, diferenciado das demais pessoas?

Tenho encontrado muita gente, mas muita gente mesmo, que não está nem aí pra BBB. Não sabe absolutamente nada do que acontece na chamada casa mais vigiada do Brasil. Sobre os participantes, por mais esforço que a mídia faça pra comentar e publicar cenas recortadas nas redes sociais, muitos também nada sabem, nem ao menos os nomes.

E neste grupo que chamo de “muita gente”, a variedade é grande, tem pessoas da fé, pessoas sem fé nenhuma, velho, jovem, rico, pobre. Ou seja, tem muita gente que já cansou do formato, da baixaria, do vazio, do conteúdo podre, pífio, degradante, que naquele reality seus promotores insistem em enfiar goela abaixo.

Assim, o fato de “não assistir” já se tornou comum pra muita gente. Gente que nem lembra do programa, não sente a menor falta do programa, não tem nem aquela incômoda tentação no sentido de querer dar pelo menos uma... espiadinha. E os números dos institutos de pesquisa comprovam, ano a ano as audiências do dito cujo vem caindo tanto no segmento das pessoas que prezam pelos valores da fé, quanto nos segmentos que não se conduzem pela fé.

Então, basta não assistir? Diria que não dar audiência pra esse tipo de produção é prestar um bom serviço a si mesmo e à sociedade. Mas apenas isso não basta e nem deve ser motivo de ficar gritando aos quatro cantos “eu não assisto...”. Penso que a grande vitória pessoal que cada um pode ter é a de “não viver como num BBB”.

E como vivem os brothers? Confinados. Alienados do mundo. Longe de suas famílias. No ócio. Sem acesso a informações, notícias, atualizações. Enjaulados como animais que são visitados num zoo. Vivem, enfim, numa bolha.

Não assistir BBB e viver escravo de bolhas é tão ruim quanto, ou mais. Não assistir BBB e consumir uma quantidade enorme de lixo das Bands, Records e SBTs da vida, das plataformas que sugam nosso tempo, as Netflix, HBO, Prime, etc., todo o volume ofertado diariamente pelo YouTube, Instagram, Face, TikTok, enfim, o BBB é só um grão de areia em meio a todas as seduções que tentam nos confinar.

E tudo é lixo? Certamente que não, existem muitos conteúdos bons, edificantes e ensinadores sendo produzidos, mas é fundamental desenvolvermos filtros capazes de enxergar as camadas de cada produção, pois tem muito conteúdo com aparência inofensiva, mas que no fim se revela apenas mais uma variação do tipo “BBB”.

Portanto é preciso viver livre de casas confinadas, de joguinhos bizarros, de paredões infernais, de ociosidade que libera espaço para o inimigo. É preciso viver para a glória de Deus. E a glorificação a Cristo não se confina numa bolha, como já disse o salmista, os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos! Deus tem para os seus filhos uma vida eterna num universo que Ele controla e mantém. É sério mesmo que você vai escolher o isolamento humilhante para servir de espetáculo a milhares que querem te espiar? Eu passo.

Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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