VII Encontro Mundial das Famílias sem o Mordomo

Parece a lógica dos filmes de suspense, na falta de suspeitos, a culpa édo mordomo. Ele se chama Paolo Gabriele, tem 46 anos, está detido por suspeita de vazar documentos secretos endereçados ao papa e ao secretário dele. Para o Vaticano um escândalo destes é devastador, gerando tensões e apreensões, afinal, sabe-se lá o conteúdo de tais documentos e que tipo de consequências acarretariam uma indigesta divulgação.

Em meio ao escândalo do mordomo o papa foi em visita para Milão. Lá se reuniu com católicos de 153 países para juntos realizarem o VII Encontro Mundial das Famílias. Em seu primeiro discurso, afirmou que a família tradicional continua sendo mais do que nunca um modelo em um momento noqual a solidez do tecido social está em perigo. E o mordomo? Em meio ao grande evento de Milão, repórteres não param de perguntar sobre o mordomo e a resposta do papa é uma só: Tudo isso encheu de tristeza o meu coração.

Não é para menos. Coloque-se no lugar dele, imagine-se com 85 anos de idade e sofrer a traição do seu mordomo de confiança. Imagine. Agora lembre-se que o papa não tem esposa ou filhos, sua família é seu rebanho, principalmente e intimamente as ovelhas mais próximas, caso do mordomo em questão. Ou seja, mesmo que espiritualmente apenas, a crise que se instalou aconteceu na família do papa. Assim, com o coração carregado de tristeza eo peso de 85 anos de vida, ele tem de ministrar esperança no VII Encontro Mundial das Famílias. Difícil, muito difícil.

Por um momento peço a você que coloque de lado as diferenças religiosas. Estou acompanhando esta notícia desde que saiu a primeira nota nos jornais. Traição dói para católicos, evangélicos ou ateus. A luta pela família é uma luta comum para grande parte das confissões religiosas, independente das diferenças doutrinárias.

Existem muitos tipos de mordomos infiéis fragilizando, traindo e atacando famílias. Os ataques são orquestrados em escala global. O verniz da modernidade seduz no atacado, fazendo milhares acreditar no seu discurso que apresenta novos modelos de família, tão bons ou melhores que o tradicional, alardeiam. Em geral, os que estão assimilando como coerente tal discurso, são aqueles que cansaram de tentar a felicidade no modelo antigo,ou ainda, passaram pelas mais variadas violências, decepções e explorações nos ambientes do modelo antigo. E uma vez desiludidos, aceitam e tentam os novos modelos, por que não?

Os problemas não estão no modelo. Deus, com certeza não errou. Oproblema está na insistência do homem em achar que dá para continuarcombinando a sua vontade carnal e imperfeita com a vontade espiritual eperfeita de Deus. Qualquer modelo, sem Deus, experimentará fracasso. Qualquer modelo que não seja aquele orientado por Deus, também terminará em fracasso. Olhe para a história do mundo, a decadência política, econômica e social invariavelmente foi antecedida por decadências na moral estabelecida por Deus.

E o mordomo do Vaticano? Problema do papa. E os mordomos infiéis do nosso dia a dia? Problema nosso. Cuide da sua família hoje, não espere amanhã. Hoje é o dia. Existem tarefas que cabem a nós, outros não farão em nosso lugar. Depois do escândalo, da honra manchada e da moral roubada, simplesmente colocar a culpa no mordomo poderá não resolver. Pode ser que não tenhamos nenhuma influência em qualquer tipo de encontro mundial de famílias, mas certamente temos influência no encontro local da nossa família. Este é o evento diário que importa e no qual não podemos faltar, nos omitir ou simplesmente abandonar. Vamos lá, hoje é o dia de sermos fiéis a nossa família. Isso, mordomos fiéis a serviço da nossa família.

Paz!

 

por Edmilson Mendes

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