A vida é marcada por encontros e desencontros; às vezes bons, às vezes ruins. No que diz respeito ao amor, não são poucos aqueles que buscam ter um bom encontro ou, como se diz popularmente, encontrar a sua “cara metade”.
Quero me ater a esse ponto de encontrar uma outra metade para que, com isso, sejamos completos. Vale lembrar que essa estória (sem h) vem da boca de um comediante da Grécia Antiga, chamado Aristófanes (448-380 a.C.). Resumidamente, no livro “O Banquete” de Platão surge então a estória contada por esse comediante falando sobre o amor, em que os deuses com o intuito de punirem os homens por conta de uma insurgência, dividiram esse ser andrógino em duas metades, que por sua vez, fica tentando se encontrar para voltar a ser um só. Vale a pena a leitura do texto. Mas não podemos nos esquecer de que isso é um mito e, por mais que se tente dar uma explicação a respeito do amor e de suas vicissitudes, ela necessariamente não condiz com a verdade ou com o real.
Dito isso, podemos perceber o quanto dessa estória de mais de 2.400 anos permanece no imaginário das pessoas de forma consciente ou não, pois, às vezes, nem sabemos por que cremos no que cremos. Fato é que isso tem determinado uma busca por algo ou alguém que venha a nos completar, o que, na maioria das vezes, pode não acontecer.
O primeiro aspecto que quero apontar é a necessidade de não buscarmos no “outro” aquilo que nos falta, esperando que nesse encontro, o vazio, a insegurança ou falta de sentido se resolvam automaticamente. Muito do que eu mencionei é constitutivo do ser humano e precisamos aprender a lidar com esses sentimentos, independentemente do outro, até para não criarmos uma relação de codependência, o que é muito diferente de cumplicidade, por exemplo, tão necessária na relação conjugal.
O segundo aspecto é que os encontros podem ser bons ou não. O filósofo Baruch Espinosa (1632-1677) fala da característica do bom encontro que te fortalece, potencializa em todas as áreas, inclusive no ato de amar e de promover a vida. Já o mau encontro é o contrário disso. Esse é um bom termômetro para sabermos que tipo de relação estamos buscando ou vivendo. Esse encontro é bom ou não? Em última análise produz vida ou morte?
Vamos falar mais sobre isso, comente, envie a sua pergunta. Aguardo vocês, e até a próxima!
Por Eduardo Silva é Teólogo, Psicanalista e Pós-Graduado em Teoria Psicanalítica. Atende na Clínica de Psicanálise em São Paulo. Promove seminários sobre saúde emocional, relações afetivas, sobre crianças e adolescentes no mundo contemporâneo e curso para formação e treinamento de conselheiros. É um dos idealizadores do Grupo de Estudos sobre “Religião, Laço Social e Psicanálise”, que reúne pesquisadores da USP, PUC e Universidade Metodista entre outras.
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