Como preparar os filhos para a vida?

A formação das novas gerações é uma missão santa e intransferível.

Fonte: Guiame, Fernando MoreiraAtualizado: quarta-feira, 23 de abril de 2025 às 17:53
(Foto: Pexels/Gustavo Fring)
(Foto: Pexels/Gustavo Fring)

Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno (1 João 2:14).

A formação das novas gerações é uma missão santa e intransferível. Vai além de prover sustento ou conhecimento: é gerar caráter, plantar identidade e regar fé com lágrimas e oração. Em um mundo de valores líquidos e verdades relativas, preparar filhos para a vida é ensinar-lhes a andar sobre as águas sem tirar os olhos de Jesus.

Educar não é preencher um balde, é acender uma chama. — William Butler Yeats

Como pais, líderes e discipuladores, somos chamados a preparar “flechas espirituais” — filhos e jovens — que, mesmo enfrentando a pressão cultural e emocional da sua geração, permaneçam firmes na Palavra e na sua identidade em Cristo.

Como flechas na mão do guerreiro, assim são os filhos da mocidade (Salmo 127:4).

Cada geração tem seus dilemas, desafios e oportunidades. Por isso, precisamos aplicar princípios eternos com uma linguagem contemporânea, como nos ensina 1 Pedro 1:15-16: Segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós em todo o vosso procedimento; porque está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.

Santidade não é alienação — é diferenciação. É ter coragem de ser inteiro em um mundo fragmentado, firme sem ser rígido, santo sem ser soberbo. Como ensina Paulo em 2 Timóteo 2:15, precisamos "manejar bem a Palavra da verdade", vivendo com discernimento e sabedoria diante das novas demandas e dilemas.

Prepare seu filho para o caminho, não o caminho para o seu filho. — Jonathan Sacks

Conflitos intergeracionais: pontes ou abismos?

As tensões entre gerações sempre existiram. A Bíblia retrata choques entre Jacó e Esaú, Davi e Saul, Ana e Penina, mas também reconciliações poderosas — como entre Paulo e João Marcos. O mundo moderno, com suas tecnologias e crises de autoridade, só amplificou essa distância, mas ela pode se tornar ponte.

Cada geração é um comentário do Eterno sobre o passado e um prefácio sobre o futuro. — Jonathan Sacks

Caminhos práticos para unir gerações

As gerações se complementam. O que uma viveu, a outra precisa ouvir. O que uma sonha, a outra pode ajudar a realizar. A reconciliação entre gerações não é apenas um desejo emocional — é uma profecia bíblica: E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais... (Malaquias 4:6).

1. Pratique o diálogo intencional e a escuta empática. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça (Marcos 4:23). Ouvir é mais profundo e transformador do que falar. Estabeleça momentos de conversa sem distrações (sem celular). Faça perguntas abertas e ouça sem interromper. Dê voz aos seus filhos. Lembre-se: Prestar atenção com empatia é ouvir, e mais transformador do que ensinar com pressa.

Prestar atenção é uma ação intencional que provoca raízes sociais inimagináveis

2. Compartilhe histórias e testemunhos com propósito. Contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor... (Salmo 78:4). Transmita experiências com humildade. Histórias geram raízes. Tradições bíblicas não são memórias mortas, mas bússolas vivas.

A tradição é a memória viva do que Deus já fez.

Esquecê-la é perder o mapa do futuro. — Jonathan Sacks

3.Sirvam juntos com propósito no Reino. Como o ferro com ferro se afia, assim o homem afia o seu companheiro (Provérbios 27:17). Monte equipes intergeracionais. A juventude traz fogo, os mais velhos trazem direção. A igreja é o lugar onde avós, pais e filhos servem o mesmo Senhor lado a lado.

Igreja é o encontro de todas as gerações servindo ao mesmo Deus.

4. Modele honra e respeito mútuo. Honra teu pai e tua mãe... (Êxodo 20:12). Ensine os filhos a respeitar, agradecer e ouvir, mas também oriente aos mais velhos a valorizar a ousadia dos jovens.

Respeito não é exigido; é conquistado e cultivado.

5. Ensine valores comuns, mesmo em linguagens diferentes. Ensina a criança no caminho em que deve andar... (Provérbios 22:6). Use a linguagem dos filhos — músicas, filmes, memes, histórias — para ensinar valores eternos. A forma muda, o conteúdo permanece.

Unir gerações é parte essencial da construção do Reino de Deus.

6. Cultive a inteligência emocional e a resiliência através da graça. O artigo da BBC intitulada, 'Adolescência': como surgiu a sinistra 'machosfera' e ‘feminismo’ retratada pela série, destaca que crianças com habilidades emocionais desenvolvidas — como reconhecer sentimentos, resolver conflitos e lidar com frustrações — têm relacionamentos mais saudáveis.

O mundo está formando jovens frágeis em corpos fortes. A falta de empatia, de diálogo olho no olho, e o excesso de tela têm minado a saúde emocional, espiritual e física de nossos filhos. Lembre-se: Crianças não precisam de pais perfeitos, precisam de pais presentes, que peçam perdão quando erram. — Dr. Içami Tiba

A exposição excessiva a telas e a falta de diálogo prático podem prejudicar essas habilidades. Especialistas sugerem que os pais incentivem a comunicação aberta, validem as emoções dos filhos e os ensinem a buscar soluções colaborativas, mesmo em desentendimentos.

A Bíblia ensina que o amor "não se irrita, não guarda rancor" e "suporta todas as coisas" (1 Coríntios 13:5,7). Incentive os filhos a praticarem o perdão e a empatia, seguindo o exemplo de Cristo (Colossenses 3:13).

Mostre que conflitos são oportunidades para exercer a graça e a humildade, fortalecendo os laços através da reconciliação, pois "se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos" (Romanos 12:18). Integrar princípios eternos ao cotidiano transforma desafios relacionais em caminhos de maturidade espiritual.

Flechas em voo, guiadas pela eternidade

Nossos filhos não foram feitos para permanecer na aljava. São flechas lançadas com coragem, fé e propósito. Pais que educam na Palavra estão mirando longe, sem medo do futuro, confiando que o Arqueiro é o próprio Deus.

Cada geração é uma flecha lançada por pais que confiam no arco da Palavra e na mira do Espírito. Os filhos não são feitos para ficarem na aljava, mas para alcançar alvos que os pais nunca alcançarão. Por isso, afiá-los na fé, firmá-los na identidade em Cristo e prepará-los para a eternidade é a maior missão que um pai pode abraçar.

Como Abraham Twerski disse: Educar um filho é lançar uma flecha com olhos no céu e pés na terra. Ou como Charles Spurgeon afirmou: A piedade de uma geração é a semente da próxima.

Todos os teus filhos serão ensinados pelo Senhor, e grande será a paz de teus filhos (Isaías 54:13).

Maranata, ora vem, Senhor Jesus!

 

Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo em Americana - SP. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação. Doutorado em Teologia e MBA em Vendas, Marketing e Geração de Valor. É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil. Mentor de alunos de MBA, executivo de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de vários livros.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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