Jesus na festa de Hanukkah

Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era inverno. Jesus passeava no templo, no Pórtico de Salomão (João 10:22,23).

Fonte: Guiame, Fernando MoreiraAtualizado: quinta-feira, 7 de dezembro de 2023 às 15:17
(Foto: FreeBible)
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A comunidade judaica mundial está prestes a celebrar a festa de Hanukkah, e muitas pessoas ficam confusas, se é uma festa Bíblia ou não? Se o Cristão pode celebrar ou não?

Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era inverno. Jesus passeava no templo, no Pórtico de Salomão (João 10:22,23).

A palavra hebraica, Hanukkah (חֲנוּכָּה), ou Chanukah ou Hanucá, significa “dedicação”. Também conhecida como festa da Luz. Sei que alguns podem ter achado estranho eu citar, festa da Luz e não das Luzes, mas até o fim você entenderá o porquê.

Contexto histórico

Na Bíblia, entre o Antigo e o Novo Testamentos há um período, denominado de Interbíblico, ou os 400 anos de “silêncio” de Deus. Vai do profeta Malaquias até João Batista, que surge pregando o arrependimento e a chegada do Reino de Deus (Mateus 3:1,2). A festa de Hanukkah se dá nesse período.

Fazendo um grande resumo: Alexandre, o Grande morre e o seu vasto império é dividido entre os seus quatro generais, que tiveram as suas disputas de poder. O general Seleuco assume o controle do antigo império Babilônico (ou grande parte deste), que ia até as terras de Israel. Estudiosos afirmam que cerca de 15% da população mundial estava sob o seu controle. Assim surge o império Selêucida (entre 323 e 64 a.C.). Entretanto somente vários anos depois é que o rei selêucida Antíoco III (223-187 a.C.) é que assume completamente a região.

E em 175 a.C, Antíoco IV Epífanes chega ao trono, com pensamento helenista, pagão, e investe na assimilação helênica em toda o território conquistado, incluindo Israel. Assim destituiu e assassinou o sumo-sacerdote de Jerusalém, Onias III (porque este era contra o helenismo na Judeia), substituindo-o por seu irmão, Jasão, que era helenista (assim como eram os saduceus na Bíblia). Entretanto, cerca de três anos depois foi substituindo pelo sumo-sacerdote Menelau, que também era helenista. Fato histórico corroborado pelo historiador Flávio Josefo.

Os problemas maiores estavam por vir

Toda essa história também é narrada no livro apócrifo, não Bíblico, de Macabeus (volume 2).  De qualquer forma, diante da cisão de interesses políticos na região, Jasão se revoltou contra Antíoco e Menelau, porém perdeu, mas a revolta continuou, causando ódio em Antíoco a ponto de proibir os judeus, sob pena de morte de praticar a leitura ou ensino da Torá (primeiros 5 livros da Bíblia, ou Pentateuco), destruindo inúmeros manuscritos. Proibiu também a guarda do Sábado (Shabbat) e o estilo de alimentação judaica (de Levítico 11), para que a assimilação helenista fosse acelerada pelos judeus. Vários judeus foram proibidos de se circuncidar, além de vários serem assassinados por serem circuncidados. Diante disso tudo, Epífanes mandou saquear o Templo, violando o altar, colocando uma estátua de Zeus para receber oferenda de porcos pelos sacerdotes e levitas. Em toda Israel a profanação acontecia, causando revolta e angústia no povo. O politeísmo do panteão grego foi estabelecido em Israel.

A revolta dos Macabeus

Diante de tantas atrocidades e blasfêmias, na cidade de Modiin, próximo a Jerusalém, o sacerdote Matatias da família dos Asmoneus, desafiou o rei e não sacrificou porco e matou o sacerdote helenista que queria praticar tal abominação.

Matatias e seus cinco filhos reuniram um grupo de pessoas dispostas a lutar pela independência e liberdade religiosa, unindo a população e travando por três anos guerra contra Antíoco, que culminou na incrível vitória contra os helenistas da região.

Liderados pelo segundo filho de Matatias, Simão Macabeu, e depois por seu irmão, Judas Macabeu (Martelo) derrotaram o exército selêucida durante a Revolta Macabeia, em 165 a.C.. O reino Asmoneu durou cerca de 103 anos até render-se à dinastia Romana de Herodes, em 37 a.C..

A dedicação do Templo

Em 165 a.C., 3 anos depois da profanação do Templo em Jerusalém, o serviço ao Deus de Israel é restabelecido, iniciando a purificação e dedicação do Templo. O altar profanado foi removido, suas pedras afastadas no monte do Templo e a total adoração a Deus foi reestabelecida. Por 8 dias o templo foi dedicado e purificado para o culto a Deus.

O milagre do azeite

Quando os judeus retornaram ao Templo para purificá-lo e dedica-lo ao Senhor Deus de Israel, ao acender o candelabro (a Menorá, castiçal de sete braços), que deveria ficar aceso continuamente no Templo, por causa da guerra, não havia azeite purificado suficiente. Conta-se que o que tinha duraria somente um dia, e para preparar o azeite especial para o candelabro, precisava-se de pelo menos sete dias mais.

Assim o milagre de Deus acontece, o azeite que era para durar um dia, durou oito dias, dando tempo suficiente para o preparo do azeite especial, por isso Hanukkah é conhecida como o festival da Luz, erroneamente atribuído por Flávio Josefo de Festa das Luzes (o que acabou pegando), mas por não saber que o candelabro não era aceso todo de uma vez, mas uma lâmpada por vez, por isso ser luz, e dessa mesma chama, acendia-se as outros, porque essa única e mesma chama, representa o próprio Deus, que acende cada um de nós, por isso a festa da Luz, e não luzes (só se olhar como a festa de todos os braços do candelabro aceso, que não é nenhum ponto de preocupação ou heresia).

A festa de Hanukkah

Judas Macabeu estabeleceu oito dias para a celebração da Festa de Hanukkah, sendo celebrada todos os anos. É uma festa de vitória, de alegria, celebrando o milagre e o poder libertador de Deus.  Entoa-se o Hallel (Salmos de 113 a 118 – que também são entoados na Páscoa) e acende-se o candelabro.

Qual a diferença entre a Menorá e o Hanukia?

A Menorá é um candelabro de sete braços. Constitui um símbolo do Estado de Israel, juntamente com a Estrela de Davi.

A Chanukiá é um candelabro de nove braços, usado durante os oito dias do feriado judaico de Chanuká, também chamado de Festa das Luzes. Devido ao milagre do azeite que havia, que duraria somente um dia, e que ficou aceso no candelabro do Templo por oito dias. Este é o motivo dos nove braços da Chanukiá. O braço do meio, mais proeminente, denominado Shamash (servo), pois a vela que é colocada neste braço é usada para acender as velas que são colocadas nos outros oito braços.

Jesus nosso Hanukkah

No Evangelho de João se vê o ministério de Jesus nas festas Bíblicas (instituídas por Deus, como Páscoa, Tabernáculos, Yom Kippur etc.) e judaicas (instituídas por pessoas, como Hanukkah, Purim etc.).

Jesus é a luz do mundo. Ele é a chama que acende as nossas vidas. O Messias prometido que veio, morreu, ressuscitou e retornará novamente. Como está escrito em João 8:12, Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. Ou ainda como o Salmista disse em Salmos 27:1, O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?

A festa de Hanukkah aponta para nossa disciplina diária de buscar ao Senhor. Manter a chama acesa. Enchermo-nos do Espírito Santo. É tempo de buscar ao Senhor! Como está escrito: Então, eu disse: semeai para vós outros em justiça, ceifai segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós (Oséias 10:12).

Sim o cristão pode celebrar a festa de Hanukkah! Jesus é a nossa Luz!

Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo. Bacharel em Ciência da Computação e Teologia, com mestrado em Ciência da Computação e doutorado em Teologia. É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Executivo numa multinacional de tecnologia, mentor de carreiras executivas, membro de conselhos administrativos, palestrante, conferencista e autor de 8 livros.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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