Estamos nos aproximando da festa de Shavuot, Festa das Semanas ou Pentecostes. Uma das três festas de peregrinação para Jerusalém, do calendário judaico, juntamente com Pessach (Páscoa) e Sucot (Festa dos Tabernáculos).
O calendário judaico é lunissolar (o do Brasil é gregoriano, i.e, somente solar), com meses relacionados aos ciclos lunares (iniciando na lua nova) e ajustados (com um mês extra (Adar II) em anos bissextos) para se alinhar com o ano solar. Por isso que as festas judaicas possuem datas diferentes a cada ano. Por exemplo, em 2024, Shavuot começará ao pôr do sol de 11 de junho e terminará ao anoitecer de 13 de junho.
Origem Bíblica
A origem de Shavuot está diretamente ligada à Torá (lei, ensinamento: os 5 primeiros livros da Bíblia). No livro de Levítico, Deus ordena a celebração de Shavuot: Contareis para vós outros desde o dia imediato ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia imediato ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então, trareis nova oferta de manjares ao Senhor. (Levítico 23:15-16 ARA).
Este período de contagem de cinquenta dias é conhecido como o Ômer, que começa na noite de Pessach (Páscoa) e culmina em Shavuot (Pentecostes). A contagem simboliza a ligação entre a Páscoa, que comemora a libertação física do Egito, e Shavuot, que marca a libertação espiritual através da entrega da Torá, e com a grande manifestação do Espírito Santo entre os discípulos de Jesus, no livro de Atos).
Motivo da Festa
Shavuot simboliza a renovação do compromisso do povo judeu com a Torá e os mandamentos divinos. Para os Cristãos é um tempo para orar por despertamento espiritual, avivamento e que a Palavra do Senhor (a Bíblia) seja viva em cada um. Sabendo-se que Jesus é a “Torá” que se fez carne e habitou entre nós (João 1:14).
Shavuot celebra três eventos principais:
1. A entrega da Torá no Monte Sinai: Segundo a tradição judaica, foi no quinquagésimo dia após o Êxodo do Egito, que Deus revelou a Torá ao povo de Israel no Monte Sinai.
2. A colheita do trigo: A Festa da Colheita, marcando o final da colheita do trigo na terra de Israel.
3. A “descida” do Espírito Santo (Yerida Ruach HaKodesh), somente os Cristãos celebram esse evento, que está descrito no livro de Atos 2. "Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E viram o que parecia ser línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2:1-4).
Como se Celebra Shavuot em Israel
Hoje, Shavuot é celebrado por judeus ao redor do mundo, mantendo muitas das tradições antigas e adaptando outras para o contexto contemporâneo. Em Israel, é um feriado nacional com eventos comunitários, celebrações agrícolas e reuniões familiares.
- Estudo da Torá (Os 5 primeiros livros da Bíblia): É comum passar a noite de Shavuot estudando a Torá, uma prática conhecida como Tikun Leil Shavuot.
- Leitura do Livro de Rute: É lido durante Shavuot devido à sua conexão com a colheita e pela história de Rute, uma Moabita que reconhece o Deus de sua sogra (Noemi), como o único Deus, simbolizando a aceitação da Torá.
- Comer alimentos lácteos: Uma tradição popular é consumir alimentos lácteos, como bolos de queijo e blintzes. Uma das explicações para esta prática é que a Torá é comparada ao leite, como um alimento nutritivo e essencial.
- Decoração com flores e plantas: Sinagogas e casas são frequentemente decoradas com flores e plantas, lembrando que o Monte Sinai floresceu quando a Torá foi dada.
Diferenças entre Linhas do Judaísmo
Embora os fundamentos da celebração de Shavuot sejam comuns, há variações nas práticas entre diferentes correntes do judaísmo:
- Judaísmo Ortodoxo: Mantém tradições rigorosas de estudo da Torá e observância das leis alimentares.
- Judaísmo Conservador: Similar aos ortodoxos, mas com mais flexibilidade nas práticas e observâncias.
- Judaísmo Reformista: Enfatiza o espírito da festa mais do que a observância estrita dos rituais.
- Judaísmo Reconstrucionista: Adota uma abordagem mais contemporânea, focando na relevância cultural e espiritual dos costumes.
Pode o cristão celebrar o Shavuot?
Claro que sim! Com as devidas cautelas (tudo me é lícito, mas nem tudo me convém – I Coríntios 6:12). Lembrando-se sempre que as 3 festas mandatórias (Páscoa (Pessach, Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos)) apontam total, integral e intencionalmente para Jesus, o Messias.
Maranata, ora vem, Senhor Jesus! (Apocalipse 22:20-21).
Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo; Bacharel em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação e Doutorado em Teologia. É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), executivo de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de oito livros.
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