Fernando Moreira é formado em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação. Doutorado em teologia. Membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil. Associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
Estamos nos aproximando da festa de Shavuot, Festa das Semanas ou Pentecostes. Uma das três festas de peregrinação para Jerusalém, do calendário judaico, juntamente com Pessach (Páscoa) e Sucot (Festa dos Tabernáculos).
O calendário judaico é lunissolar (o do Brasil é gregoriano, i.e, somente solar), com meses relacionados aos ciclos lunares (iniciando na lua nova) e ajustados (com um mês extra (Adar II) em anos bissextos) para se alinhar com o ano solar. Por isso que as festas judaicas possuem datas diferentes a cada ano. Por exemplo, em 2024, Shavuot começará ao pôr do sol de 11 de junho e terminará ao anoitecer de 13 de junho.
Origem Bíblica
A origem de Shavuot está diretamente ligada à Torá (lei, ensinamento: os 5 primeiros livros da Bíblia). No livro de Levítico, Deus ordena a celebração de Shavuot: Contareis para vós outros desde o dia imediato ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia imediato ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então, trareis nova oferta de manjares ao Senhor. (Levítico 23:15-16 ARA).
Este período de contagem de cinquenta dias é conhecido como o Ômer, que começa na noite de Pessach (Páscoa) e culmina em Shavuot (Pentecostes). A contagem simboliza a ligação entre a Páscoa, que comemora a libertação física do Egito, e Shavuot, que marca a libertação espiritual através da entrega da Torá, e com a grande manifestação do Espírito Santo entre os discípulos de Jesus, no livro de Atos).
Motivo da Festa
Shavuot simboliza a renovação do compromisso do povo judeu com a Torá e os mandamentos divinos. Para os Cristãos é um tempo para orar por despertamento espiritual, avivamento e que a Palavra do Senhor (a Bíblia) seja viva em cada um. Sabendo-se que Jesus é a “Torá” que se fez carne e habitou entre nós (João 1:14).
Shavuot celebra três eventos principais:
1. A entrega da Torá no Monte Sinai: Segundo a tradição judaica, foi no quinquagésimo dia após o Êxodo do Egito, que Deus revelou a Torá ao povo de Israel no Monte Sinai.
2. A colheita do trigo: A Festa da Colheita, marcando o final da colheita do trigo na terra de Israel.
3. A “descida” do Espírito Santo (Yerida Ruach HaKodesh), somente os Cristãos celebram esse evento, que está descrito no livro de Atos 2. "Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E viram o que parecia ser línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava" (Atos 2:1-4).
Como se Celebra Shavuot em Israel
Hoje, Shavuot é celebrado por judeus ao redor do mundo, mantendo muitas das tradições antigas e adaptando outras para o contexto contemporâneo. Em Israel, é um feriado nacional com eventos comunitários, celebrações agrícolas e reuniões familiares.
- Estudo da Torá (Os 5 primeiros livros da Bíblia): É comum passar a noite de Shavuot estudando a Torá, uma prática conhecida como Tikun Leil Shavuot.
- Leitura do Livro de Rute: É lido durante Shavuot devido à sua conexão com a colheita e pela história de Rute, uma Moabita que reconhece o Deus de sua sogra (Noemi), como o único Deus, simbolizando a aceitação da Torá.
- Comer alimentos lácteos: Uma tradição popular é consumir alimentos lácteos, como bolos de queijo e blintzes. Uma das explicações para esta prática é que a Torá é comparada ao leite, como um alimento nutritivo e essencial.
- Decoração com flores e plantas: Sinagogas e casas são frequentemente decoradas com flores e plantas, lembrando que o Monte Sinai floresceu quando a Torá foi dada.
Diferenças entre Linhas do Judaísmo
Embora os fundamentos da celebração de Shavuot sejam comuns, há variações nas práticas entre diferentes correntes do judaísmo:
- Judaísmo Ortodoxo: Mantém tradições rigorosas de estudo da Torá e observância das leis alimentares.
- Judaísmo Conservador: Similar aos ortodoxos, mas com mais flexibilidade nas práticas e observâncias.
- Judaísmo Reformista: Enfatiza o espírito da festa mais do que a observância estrita dos rituais.
- Judaísmo Reconstrucionista: Adota uma abordagem mais contemporânea, focando na relevância cultural e espiritual dos costumes.
Pode o cristão celebrar o Shavuot?
Claro que sim! Com as devidas cautelas (tudo me é lícito, mas nem tudo me convém – I Coríntios 6:12). Lembrando-se sempre que as 3 festas mandatórias (Páscoa (Pessach, Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos)) apontam total, integral e intencionalmente para Jesus, o Messias.
Maranata, ora vem, Senhor Jesus! (Apocalipse 22:20-21).
Fernando Moreira (@prfernandomor) é pastor na Igreja Batista do Povo; Bacharel em Ciência da Computação e Teologia. Mestrado em Ciência da Computação e Doutorado em Teologia. É membro da Academia de Letras, Artes e Cultura do Brasil, associado do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), executivo de tecnologia, mentor de carreiras executivas, conselheiro administrativo, palestrante, conferencista e autor de oito livros.
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