Missões e TDAH: Há espaço para os diferentes no campo missionário

George Stott (1835–1889) foi um missionário britânico enviado à China pelo China Inland Mission, fundado por Hudson Taylor. A história dele é um lembrete poderoso de que Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.

Stott perdeu uma perna ainda jovem, após um acidente aparentemente banal. Enquanto outros poderiam ter desistido da vida e da fé, foi nesse tempo de dor que ele encontrou Jesus de forma real. Anos depois, quando ouviu o chamado missionário para a China, muitos questionaram: “Por que alguém com apenas uma perna deveria se arriscar em um campo tão distante e difícil?” A resposta dele ecoa até hoje:

“Não vejo aqueles com duas pernas indo… então eu devo ir!”

Com determinação, ele e sua esposa Grace lançaram as sementes do evangelho em Wenzhou. O trabalho foi árduo, lento e cheio de frustrações. Mas décadas depois, aquela região ficou conhecida como a “Jerusalém do Oriente”, com centenas de milhares de cristãos. Tudo isso começou com o “sim” de um improvável — um missionário com apenas uma perna.

A história de George é comum a todos os heróis da fé e personagens bíblicos que, mesmo com suas limitações decidiram servir as nações através da pregação do evangelho e viram o agir de Deus de forma sobrenatural. Nesse sentido e “rodeados de tão grande nuvem de testemunhas”, entra uma pergunta: há espaço para os diferentes no campo missionário?

Quando falamos de pessoas neurodivergentes, como alguém com TDAH, talvez o mundo apresente apenas limitações: dificuldade de foco, impulsividade, distrações. Mas Deus enxerga tesouros escondidos. Pessoas com TDAH muitas vezes carregam a paixão, a criatividade e a ousadia que podem incendiar uma geração com o amor de Jesus.

A missão nunca foi sobre perfeição ou performance, mas sobre corações rendidos. Jesus mesmo disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque dos tais é o Reino dos céus.” (Mateus 19:14). O olhar puro, a simplicidade de quem não complica e a intensidade de quem vive no agora podem ser exatamente as chaves que o Reino precisa para alcançar os lugares mais esquecidos.

Assim como George Stott, cada um de nós tem uma escolha: olhar para as limitações ou olhar para o Chamado. O convite de Jesus não é sobre o que temos ou não temos, mas sobre o que Ele pode fazer com um coração que responde “sim”.

No Iris Global, carregamos esse clamor: ir por amor, mesmo que doa, mesmo que não faça sentido, mesmo que sejamos improváveis. Deus sempre escolheu os improváveis para confundir os sábios. Seja você neurodivergente, tímido, quebrado, manco, ansioso ou simplesmente “diferente”, a pergunta do Céu continua sendo a mesma:

“Você vai dizer “sim”?

“pois quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí‑lo?” Nós, porém, temos a mente de Cristo.”

1Coríntios 2:16 NVI

 

Fernando Sousa (@fernando.sjourney) é pastor, apaixonado por Jesus, missionário e líder da Base da Missão Iris Global em Portugal. Casado com Nathalia Diaz e pai do Christofer.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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