O tom dos tons

O sexo de "50 tons de cinza" é um sexo em que os corpos de um e de outro não se bastam como fonte de prazer. Não, não entre nessa onda. Você, mais cedo ou mais tarde, vai se ferir na rocha

Fonte: Guiame, Genilson Soares da SilvaAtualizado: sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015 às 14:00
Cinquenta Tons de Cinza
Cinquenta Tons de Cinza

Estreou ontem, em todo o Brasil, o filme "50 tons de cinza". A mídia tem dito que o filme não tem a mesma graça do best-seller, pois a maior parte das cenas de sexo são normais e certas demais. Mas, mesmo assim, milhões de mulheres e homens, mais mulheres do que homens, irão entrar na fila para assisti-lo, sem sequer piscar os olhos.

Eu não li o livro e, claro, não vou ver o filme. Mas li, aqui e ali, algo sobre ambos. Muita coisa foi dita sobre a vida da autora do livro pelo mundo afora. Até onde se sabe, porém, nada se sabe sobre a religião de E. L. James, isto é, se ela crê ou não em algo ou em alguém.

Quem leu o seu livro, pode se dizer, que já crê que ela não crê no Deus da Bíblia. Quem sabe, creia em Eros, o deus do sexo, mas no Deus dos deuses jamais. De um modo geral, tem-se a ideia de que o Deus da Bíblia não vê com bons olhos o sexo com prazer intenso. É como canta Rita Lee: "Amor é cristão. Sexo é pagão".

Assim, para quem pensa dessa forma, um cristão sério jamais seria capaz de produzir sequer um tom de cinza, quantos mais cinquenta tons. Essa ideia, a de que Deus é contra prazer sexual, não passa de mito, crido por muitos, até mesmo, porque quem crê em Deus.

Deus não vê com bons olhos o prazer sexual ilícito, mas não o prazer sexual em si mesmo. A maior prova disso, é que entre os livros da Bíblia, existe um livro com conteúdo explicitamente sexual. O livro faz parte da parte poética da Bíblia, que, ao todo, contem cinco livros, dentre os quais, o de maior fama é o livro dos Salmos.

O autor do livro (Ct 1:1), não é um teórico do sexo. É, porém, alguém que sabia muito de sexo, até porque teve uma vida sexual fora de série (I Rs 11.3). Ele foi, dentre outras coisas, um poeta e, também, filho de poeta. Não é à toa que o seu livro tem um nome poético, Cântico dos Cânticos.

Ele compôs mais de mil cânticos, mais o maior cântico, o cântico mais excelente, é exatamente o cântico que exalta de forma aberta e franca o prazer sexual de uma casal. Ele fala de amor e sexo. Há quem exclua o sexo quando fala de amor, como se o sexo fosse tonar o amor sujo. Há, por outro lado, quem tire o amor quando trata de sexo, como se o amor fosse tira o prazer do sexo.

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Os personagens do livro são poucos: o rei Salomão, a bela mulher, os irmãos dela, e as "filhas e Jerusalém" que fazem as vozes de coro ao fundo. O homem é poderoso, influente e endinheirado, mas não é um homem sexualmente agressivo e abusivo ao se relacionar com a mulher. É menos oferecido e nada dominador.

A mulher, por sua vez, é simples, tão simples que ajuda os seus irmãos a cuidar do campo, cujo dono é o seu amado. Mas não pense que se trata de uma mulher sexualmente insegura, ingênua dominada, humilhada e submissa. Não, ela não é apenas uma objeto sexual do homem. Não há algemas no seus punhos nem vendas nos seus olhos. Pode ir e vir. É quem mais busca o seu amado.

Tem, de igual modo, voz e vez. De forma livre, diz o que sente, não apenas geme de prazer. Quem mais fala ao longo do livro, de fato, é a mulher. São dela, a primeira e a última fala do livro. Ela fala sobre o seu amado e ao seu amado. Não só fala mais, mas sabe como falar. Olha só o que ela diz logo no inicio do livro: "Beija-me com os beijos da tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho" (Ct 1:1).

Já disse que e tema do gozo e do prazer sexual estão por toda parte do livro. O que eu não disse é o que causa esse gozo e esse prazer no homem e na mulher não é algema, não é mascara, não é chicote. O que causa o êxtase sexual no corpo da mulher é o corpo do seu amado e o que causa êxtase sexual no corpo do homem é o corpo da sua amada.

Portanto, para uma homem e uma mulher sentirem prazer, os corpos de ambos se bastam. O sexo de "50 tons de cinza" é um sexo em que os corpos de um e de outro não se bastam como fonte de prazer. Não, não entre nessa onda. Você, mais cedo ou mais tarde, vai se ferir na rocha.

Deus nos ensina que não há adereço nem acessório que cause mais prazer ao corpo do que um outro corpo e tudo o que nele há: boca (Ct 1.1), pescoço (1.10), seios (1.13), olhos (1.15), cabeça (2.6), rosto (2.14), cabelos (4.10), dentes (4.2), lábios (4.3), língua (4:11), mão (5.4), dedos (5:5), ventre (5:14), pernas (5:15), faces (6:7). quadris (7:1). umbigo (7.2). nariz (7.4), braço (8.6).

Quem tem um corpo, não precisa de algo mais, como pregam o livro e, agora, o filme "50 tons de cinza". Não mesmo. É por isso que um homem e uma mulher, casados, não podem negar um a outro o seu corpo (I Co 7:4-5), porque o corpo é uma fonte natural e saudável de prazer sexual! Viva o corpo! Use o corpo, mas não abuse do seu corpo nem do dele ou dela, porque o corpo de ambos é do Senhor, que o comprou por bom preço!

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