Pentecostes e a Promessa do Consolador

A Festa de Pentecostes também é chamada de Shavuot ou Festa das Semanas, Festa das Primícias, Festa da Colheita e Festa da Entrega da Torá

Fonte: Guiame, Getúlio CidadeAtualizado: quarta-feira, 24 de maio de 2023 às 17:17
Cereais. (Captura de tela/YouTube/Messages of Christ)
Cereais. (Captura de tela/YouTube/Messages of Christ)

Estamos na temporada da Festa de Pentecostes. Assim como as demais Festas do Senhor, esta também aponta para o Messias e se reveste de um rico significado. De modo geral, os cristãos a conhecem apenas pelo evento narrado em Atos 2, porém, é uma Festa tão antiga quanto as demais e possui vários nomes dentro e fora da Bíblia: Shavuot ou Festa das Semanas, Festa das Primícias, Festa da Colheita e Festa da Entrega da Torá.

Este último nome é por celebrar a entrega da Torá ao povo de Israel, acampado aos pés do monte Sinai, pelas mãos de Moisés que a recebeu de Deus. No Novo Testamento, muitos séculos depois, foi nesse exato dia que Yeshua cumpriu sua promessa de enviar o Consolador para os discípulos, quando todo Israel subia a Jerusalém para celebrar a Festa.

(Captura de tela/YouTube/Messages of Christ)

Para receber a Torá, Israel precisou se purificar por dois dias para que, ao terceiro dia, o Senhor descesse à vista de todos sobre o Monte Sinai. Naquela manhã, houve trovões, relâmpagos e um forte som de trombeta, enquanto uma espessa nuvem cobriu o monte e este fumegava, pois Deus havia descido sobre ele, trazendo grande temor sobre o povo (Êxodo 19:10-18). Por outro lado, enquanto Moisés permanecia sozinho e se demorava no topo do Sinai em seu encontro com o Senhor, o povo se desviava lá embaixo no lamentável episódio do bezerro de ouro, caindo em desgraça rapidamente. O resultado dessa idolatria foi a punição por intermédio da espada dos filhos de Levi, o que acarretou a morte de três mil israelitas num só dia. 

O cumprimento da promessa

Antes de subir aos céus, o Senhor prometera diversas vezes enviar o Consolador. Cerca de 1.300 anos depois, na Festa de Pentecostes que ocorria alguns dias depois da ascensão, seus discípulos estavam reunidos no Monte Sião, orando sem cessar, quando um som do céu e um vento forte irrompeu no lugar em que estavam, com línguas de fogo aparecendo sobre suas cabeças. Todos foram cheios do Espírito Santo e falavam em outras línguas.

Os judeus estrangeiros e prosélitos presentes na cidade ouviram os discípulos falando em suas próprias línguas das maravilhas e das grandezas de Deus, e um certo alvoroço tomou conta dos visitantes de Jerusalém. Nesse momento, Pedro entra em ação, tomando a palavra, iniciando seu épico discurso e o primeiro sermão evangelístico do Novo Testamento. Ele conduz cerca de três mil almas ao arrependimento e ao batismo, aumentando vigorosamente, em um só dia, as fileiras da Igreja do Senhor.

Sinai e Sião

Que contraste com o primeiro Pentecostes! Neste, três mil almas morreram por sua rebeldia ao sofrerem o juízo divino no Sinai. No primeiro Pentecostes da Nova Aliança, três mil ganharam a vida eterna através de Jesus Cristo, em Sião. O Deus é o mesmo, mas sua Palavra é uma espada de dois gumes. Ela julga e mata, mas também santifica e dá a vida.  

(Captura de tela/YouTube/Messages of Christ)

No dia do primeiro Pentecostes, “todo o monte Sinai fumegava porque o Senhor descera sobre ele em fogo” (Êx. 19:18). No primeiro Pentecostes do Novo Testamento, foi exatamente isso que aconteceu quando o Espírito Santo desceu com línguas de fogo sobre os discípulos, desta vez em outro monte, Sião.

No primeiro Pentecostes, Deus entregara sua lei escrita em tábuas de pedra, em meio a relâmpagos, trovões e fumaça no Monte Sinai. Nesse outro, Ele escreveu sua lei nos corações dos discípulos, conforme as promessas dos profetas, em meio ao vento e ao fogo da visitação do Espírito Santo, no Monte Sião.

No deserto, aos pés do Monte Sinai, o povo recebeu a ordem de lavar suas vestes antes da manifestação do Senhor à vista de todo Israel, o que é um ato de santificação. Na Nova Aliança, somos exortados a nos manter santos, pois “sem a santificação, ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).

A Festa da Colheita

Após Israel entrar na Terra Prometida, Pentecostes era celebrada com ofertas movidas diante de Deus, no Templo em Jerusalém, apresentadas pelo sacerdote ao receber as primícias da terra de cada chefe de família. Não é por acaso que Shavuot celebra a colheita de trigo, cereal que representa o homem. Com a descida do Espírito Santo, as três mil almas salvas naquele Pentecostes foram apresentadas a Deus como oferta movida de feixes de trigo para seu Reino. Aquelas eram as primícias das multidões que haveriam de ser salvas ao longo dos séculos até sua consumação.

(Captura de tela/YouTube/Messages of Christ)

Ao dizer que os campos já estavam brancos, prontos para a ceifa, Yeshua se referiu profeticamente a Pentecostes, quando se iniciou a grande colheita de almas para Deus. Temos estado nessa Festa profeticamente há mais de dois mil anos, a partir do derramar do Espírito Santo no Monte Sião. Ela só se encerrará com o término do tempo da graça, a plenitude dos gentios descrita pelo apóstolo Paulo na carta aos Romanos, quando findar a grande colheita. Desde aquele vento impetuoso que invadiu o cenáculo, no século I, o Senhor tem cumprido sua promessa de habitar em corações humanos através de seu Espírito a todo aquele que crê e o recebe como Senhor. Essa é a essência de Pentecostes.

Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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