Paulo, o grande bandeirante do Cristianismo, inspirado pelo Espírito de Deus, escreveu sua carta aos efésios e, com autoridade apostólica, ensinou: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Há aqui uma semelhança superficial e um contraste profundo. A semelhança superficial é que tanto uma pessoa embriagada como uma pessoa cheia do Espírito estão dominadas por uma influência que não vem delas mesmas. O bêbado, sob os eflúvios do álcool, perde a inibição, revela coragem e torna-se um falastrão. O crente cheio do Espírito transborda de alegria, desfruta gloriosa paz e testemunha de Cristo com entusiasmo.
Mas as semelhanças ficam por aqui. Começa, então, um contraste profundo. O álcool, farmacologicamente falando não é um estimulante, mas um depressivo. O álcool é um ladrão de cérebros. Onde o álcool domina, o indivíduo perde o domínio próprio. Onde o álcool prevalece, a vida torna-se dissoluta. Um homem alcoolizado é um tragédia. Torna-se inconsequente em seus atos e insensato em suas palavras. Por isso, o alcoolismo está por trás de mais de cinquenta por cento dos assassinatos e acidentes de trânsito. Uma pessoa alcoolizada perde o bom senso, o pudor e a responsabilidade. A embriaguez desemboca em dissolução, vergonha e opróbrio.
O álcool é um feitor de escravos. Há muitas pessoas que vivem na masmorra do vício. Tornam-se prisioneiras. São dependentes e adictas desse vício maldito que tem destruído vidas, casamentos e famílias. No começo, é apenas um gole. Depois, é uma garrafa. Mais tarde, um barril. O ébrio não tem limites. Não tem controle. Foi vencido. Tornou-se escravo. Perdeu a sobriedade. Os hospitais estão cheios das vítimas do álcool. As cadeias estão lotadas dos usuários do álcool. Os cemitérios estão semeados por aqueles que foram vencidos pelo álcool ou por aqueles que foram ceifados pelos atos perversos dos alcoolizados.
É triste constatar como tantos crentes estão mais cheios de vinho do que do Espírito Santo. É vergonhoso constatar que alguns crentes estão vivendo dissolutamente, porque em nome do uso moderado do vinho, chegam a excessos. É assaz preocupante notar que as festas dos crentes são regadas a álcool como se dependêssemos desses artifícios para celebrarmos com alegria. É humilhante ver nossas festas se transformando em redutos de bebedeira e ver até mesmo pais crentes introduzindo seus filhos nessa prática perigosa.
A ordem divina é sermos cheios do Espírito e não cheios de álcool. Não precisamos de recursos artificiais para desfrutarmos de alegria. Nossa alegria vem de Deus e não do álcool. Nosso prazer está no Senhor e não nos banquetes regados a vinho. Sobretudo, numa cultura onde o consumo de bebida alcoólica, mormente em lugares públicos, é um escândalo, deveríamos atentar para a orientação das Escrituras, de não sermos pedra de tropeço e nem provocarmos escândalos (1Co 8.8-13; 10.31-33). O apóstolo Paulo é peremptório: “É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar [ou se ofender ou se enfraquecer]” (Rm 14.21). Nossa liberdade é regida não tanto pelos nossos direitos, mas pelo amor ao próximo. Se o que fazemos constitui tropeço para os fracos devemos nos abster por amor aos fracos.
Conclamo você, portanto, a ser um crente cheio do Espírito Santo. Essa é uma ordem divina. É para todos. É contínua. A plenitude de ontem não serve mais para hoje. Todo dia é dia de ser cheio do Espírito Santo. Aquilo que os homens procuram no álcool e não encontram, nós temos na habitação plena do Espírito Santo. O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.
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