“Ouvi, agora, isto, vós, cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa de Israel, que abominais o juízo, e perverteis tudo o que é direito” (Mq 3.9).
O profeta Miquéias confrontou os pecados da nação de Israel e de Judá. Era um tempo de decadência dos valores morais, uma época marcada pela opressão econômica, pela corrupção política e pela desidratação da vida religiosa. A crise mostrava sua carranca em todos os setores da sociedade.
O Estado estava aparelhado para dar pleno curso à corrupção. Os líderes maquinavam o mal e o praticavam porque o poder estava em suas mãos (Mq 2.1,2). Não havia apenas uma tolerância ao mal, mas uma desavergonhada inversão de valores. O bem era aborrecido e o mal era amado (Mq 3.2). Os líderes eram descritos como cruéis e canibais, que devoravam o povo, em vez de cuidarem do povo (Mq 3.3). O texto em epígrafe mostra os cabeças de Jacó e os chefes de Israel abominando o juízo e pervertendo tudo o que é direito (Mq 3.9). O poder judiciário estava, em grande parte, mancomunado com os criminosos, para proteger-lhes nas cortes.
O profeta denuncia: “Os seus cabeças dão as sentenças por suborno” (Mq 3.11). Havia, uma espécie de conluio dos poderes constituídos para dar pleno curso ao crime. Miquéias é enfático nessa denúncia: “As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama” (Mq 7.3). A corrupção não estava apenas nas casas de leis, nos palácios e nas cortes, mas também na religião. O profeta Miquéias não poupa os profetas e os sacerdotes. Sua denúncia é contundente: “Os seus sacerdotes ensinam por interesse; e os seus profetas adivinham por dinheiro” (Mq 3.11). A religião estava tão adoecida pelo pecado, que esses líderes além de terem vendido sua consciência ao esquema de corrupção, ainda criavam falsos mecanismos teológicos para justificarem sua desfaçatez: “… e ainda, se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá” (Mq 3.11b).
Não bastasse as altas rodas do poder político estarem no fundo do poço moral, a família, guardiã dos valores que devem reger a sociedade, também estava navegando nas águas turvas dos conflitos e das malquerenças. O profeta ergue sua voz e denuncia: “Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nova, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa” (Mq 7.6). A nação toda capitulou-se à impiedade e à perversão. O profeta ergue sua trombeta e denuncia esse colapso coletivo: “Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede” (Mq 7.2).
A liderança política da nação em vez de governar o povo com sabedoria e probidade, explorou-o com voracidade. Em vez de fazer cumprir as leis para o estabelecimento da ordem, abominaram o juízo; em vez de serem exemplo de retidão, perverteram tudo o que é direito (Mq 3.9). Longe de serem paradigma para a nação, tornaram-se mestres da ilicitude. Em vez de inspirar nobres atitudes em seus súditos, tornaram-se na mais infame escola do crime. O Brasil não se distancia tanto dessa triste realidade denunciava pelo profeta Miqueias. Que Deus tenha misericórdia de nossa nação, para que homens maus não nos governem e que os criminosos não sejam tidos em alta conta pelo nosso povo. É tempo de arrependimento! É tempo de voltarmo-nos para o Senhor!
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