Um clamor pela misericórdia divina

É tempo de clamarmos pela manifestação das misericórdias divinas, para que haja na igreja prazer em Deus e deleite em sua lei.

Fonte: Guiame, Hernandes Dias LopesAtualizado: quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019 às 19:57
(Foto: Pixabay)
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“Baixem sobre mim as tuas misericórdias, para que eu viva; pois na tua lei está o meu prazer” (Sl 119.77).

O texto em epígrafe traz à baila o clamor de um homem aflito. A miséria, com sua carranca, o encurrala. Não vê uma janela de escape na terra, por isso, clama aos céus, por uma intervenção divina. Essa súplica pungente, enseja-nos três lições:

Em primeiro lugar, o clamor profundo de uma alma aflita. “Baixem sobre mim as tuas misericórdias…”. Exercer misericórdia com alguém é lançar o coração em sua miséria. O salmista está tão aflito que ele roga a Deus não apenas sua misericórdia, mas suas misericórdias. Não suplica que elas venham sobre ele, masque baixem até às suas profundezas. Misericórdia é aquilo que Deus não nos dá e merecemos. Merecemos o juízo, e Deus suspende o castigo e nos oferece graça e perdão. Misericórdia é quando sentimo-nos ameaçados por nossos pecados e reconhecemos que nada merecemos senão a punição, mas então clamamos para que Deus suspenda o castigo e nos absolva da culpa. Oh, quantas vezes sentimo-nos atormentados por circunstâncias e sentimentos! Nessas horas precisamos clamar para que as misericórdias divinas baixem até nós. Quantas vezes somos esmagados pelo peso das nossas transgressões e nessas horas precisamos rogar ao Pai que nos trate não segundo os nossos pecados, mas consoante às suas muitas misericórdias.

Em segundo lugar, o desejo intenso de uma alma perdoada. “… para que eu viva…”. O pecado é maligníssimo, pois nos priva da comunhão com o abençoador e nos mantém longe da maior de todas as bênçãos, a comunhão com Deus. Longe de Deus reina a morte, pois ele é a vida. Não há vida sem comunhão com Deus. Não há comunhão com Deus sem perdão. O salmista clama pelas misericórdias, porque anseia pela presença de Deus, onde está a plenitude da vida e da alegria. É claro que a vida a que o escritor sagrado se refere é a vida espiritual. Há muitas pessoas que estão saudáveis fisicamente, mas mortas espiritualmente. Não anseiam por Deus. Não têm deleite nele. Vivem prisioneiras de seus pecados e ainda se refestelam neles. Estão insensíveis, cegas, surdas, mortas. Não receberam vida. O salmista anseia pela vida!

Em terceiro lugar, uma declaração solene de uma alma adoradora. “… pois na tua lei está o meu prazer”. O salmista roga pelas misericórdias a fim de voltar à vida. E voltar à vida significa deleitar-se na lei de Deus. Dwight L. Moody escreveu na capa de sua Bíblia: “Este livro afastará você do pecado ou o pecado afastará você deste livro”. É impossível ter prazer na palavra de Deus e no pecado ao mesmo tempo. Somente quando somos perdoados e libertos do pecado, temos intimidade com Deus e somente quando Deus é a razão e a maior aspiração da nossa vida, é que teremos prazer em sua lei. A palavra de Deus é mui preciosa. Por ela nascemos, crescemos e somos fortalecidos. Ela é nosso alimento e nosso tesouro. Nosso mapa e nosso guia. Nossa fonte de consolo e ensino. Nosso única regra de fé e prática. Nela está o nosso prazer. Por meia dela conhecemos a Deus e seus propósitos. Através dela somos purificados e chegamos à maturidade cristã. Por meio dela, Deus, através da igreja, chama os seus escolhidos. É tempo de clamarmos pela manifestação das misericórdias divinas, para que haja na igreja prazer em Deus e deleite em sua lei.

Texto originalmente publicado em hernandesdiaslopes.com.br

Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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