Referência: Daniel 10.1-21
INTRODUÇÃO
1. Daniel é um dos maiores exemplos da oração que temos na Bíblia. Ele ora com seus amigos (Dn 2:17-18) e os magos são poupados da morte. Ele ora com as janelas abertas para Jerusalém e Deus o livra da cova dos leões (Dn 6:10). Daniel orou, confessando o seu pecado e os pecados do povo, pedindo a restauração do cativeiro babilônico (Dn 9:3). Agora, Daniel está orando novamente em favor da sua nação (Dn 10:1-3).
2. Esse texto tem muitas lições importantes a nos ensinar sobre oração e jejum. Também nos fala dos reflexos que as orações da igreja produzem no céu. Este texto ainda nos ensina grandes lições sobre batalha espiritual.
3. Vejamos, algumas lições sobre as marcas de um intercessor amado no céu:
I. RECEBE O FARDO DO SEU POVO SOBRE OS OMBROS – V. 1-3
1. Choro pelo povo – v. 2
• Este é o ano terceiro de Ciro. Daniel tem aproximadamente 84 anos. Já é um ancião. Ele orou, chorou e jejuou pela libertação do cativeiro. Agora o povo está em Jerusalém, mas está sob fogo cruzado. A oposição dos samaritanos interrompeu a construção do templo. O povo voltou, mas a restauração plena ainda não aconteceu. Daniel, então, mesmo distante, aflige a sua alma e chora pelo povo.
• Os fardos do povo de Deus precisam pesar em nosso coração. Jamais seremos verdadeiros intercessores a não ser que sintamos o peso das aflições do povo sobre nossos ombros.
2. Jejum e oração pelo povo – v. 3,12
• Daniel se abstém de alimentos. Ele deixa por 21 dias o convívio social e se recolhe para um tempo de quebrantamento, jejum e oração em favor da sua nação.
• Muitos judeus prefiriram ficar na Babilônia que voltar a Jerusalém. Gostaram da Babilônia. Ele, Daniel, não voltou por causa da sua idade e também porque na Babilônia podia influenciar mais profundamente os reis persas. Mas durante os 70 anos de cativeiro, mesmo ocupando altos cargos, nunca se esqueceu de Jerusalém. Diariamente orava pela cidade (Dn 6:10).
• Precisamos resgatar a importância do jejum na vida da igreja. Jejum é alimentar-se da essência e não apenas do símbolo. Jejum é fome de Deus, é saudade de Deus.
3. O motivo do jejum e da oração – v. 1
• Daniel está jejuando e orando por duas razões: 1) Muitos judeus se esqueceram de Jerusalém e mostravam pouco interesse em voltar do exílio; 2) Os poucos que voltaram enfrantavam dificuldades sem precedentes em sua tarefa de reconstuir o templo e a cidade.
• Os samaritanos haviam apelado ao rei da Pérsia e a obra ficou paralizada. Parecia que os poucos que haviam retornado fizeram-no sem um verdadeiro motivo. Parecia que tudo foram em vão. Foi por esta razão que Daniel estava orando e jejuando.
II. RECEBE ESPECIAL VISITAÇÃO DO CÉU – V. 4-12
1. O esplendor do Anjo – v. 4-6
• Alguns estudiosos como Stuart Olyott, Evis Carballosa, Young e Leopold entendem que a descrição desse anjo é uma teofania e trata-se da segunda Pessoa de Trindade. As razões é a descrição é muito semelhante àquela apresentada em Apocalipse 1:13-17. Também, entendem que só a presença de Jesus poderia provocar tanto impacto e só ele pode tocar e restaurar vidas.
• Outros estudiosos Calvino, Osvaldo Litz, Ronald Wallace entendem que a descrição é mesmo de um anjo, sobretudo, porque no v. 13 esse anjo é resistido e precisa de reforço espiritual.
• As descrições do anjo são magníficas:
a) Seus vestidos – v. 5
b) Seu corpo – v. 6
c) Seu rosto – v. 6
d) Seus olhos – v. 6
e) Seus braços – v. 6
f) Seus pés – v. 6
g) Sua voz – v. 6
2. A reação de Daniel – v. 7-12
a) Discernimento (v. 7) – Só Daniel conseguiu discernir a voz do anjo. Os outros ouviram, temeram e fugiram, mas só Daniel compreendeu. Foi assim também com Saulo de Tarso no caminho de Damasco (At 9:7; 22:9). Só aqueles que vivem na intimidade de Deus discernem a voz de Deus. Houve uma irresistível percepção do céu na terra. Ao fugirem os demais, Daniel ficou sozinho perante o Anjo do Senhor.
b) Quebrantamento (v. 8) – Quando Daniel ficou sozinho diante do ser celestial, seu corpo se enfraqueceu. Daniel cai prostrado diante do fulgor do Anjo. Diante da manifestação da glória de Deus, os homens se prostram e se humilham. A glória de Deus é demais para o frágil ser humano suportar.
c) Consolação (v. 12) – O Daniel que está prostrado ouve agora palavras doces e encorajadoras. Ouve que é amado no céu (v. 11). Ouve que suas orações foram ouvidas (v. 12). Ouve que o que é ligado na terra é ligado no céu. Ouve que Deus aciona seus anjos para atender os seus filhos quando esses se colocam de joelho em oração (v. 12b).Por isso, Daniel não deve ter medo (v. 12).
III. RECEBE RESPOSTA ÀS SUAS ORAÇÕES – V. 12-13
1. Resposta Imediata – v. 12
• Daniel aplicou o coração para compreender e para se humilhar diante de Deus. Temos nós feito isso? Hoje as pessoas que julgam compreender querem ser grandes. Daniel queria ter luz na mente e joelhos dobrados. Os teólogos deveriam ser os homens de coração mais quebrantado.
• Daniel é informado que sua oração foi deferida logo que ele começou a orar. Deus tem pressa em responder àqueles que clamam a ele.
2. Resposta Mediada – v. 12b
• Daniel não apenas respondeu a oração de Daniel, mas destacacou um anjo para trazer a resposta a Daniel. Os céus se movem para atender a igreja. Os anjos são espíritos ministradores em favor dos que herdam a salvação (Hb 1:14).
3. Resposta Resistida – v. 13
• Deus levanta a cortina e mostra para Daniel que há dois andares no mundo: o físico/material e o espiritual. Muitas vezes só enxergamos as coisas no plano físico. Mas sobre as nossas cabeças desenrola-se uma outra cena, no mundo invisível, espiritual, uma batalha espiritual. Há guerra espiritual entre os anjos de Deus e os anjos do mal. Quando a igreja ora, trava-se uma batalha nas regiões celestes.
IV. RECEBE DISCERNIMENTO DOS PROPÓSITOS DE DEUS NA HISTÓRIA – V. 14
1. Discernimento quanto ao tempo do fim – v. 14
• Daniel receberá uma longa revelação a respeito do futuro e contemplará o que há de acontecer ao povo de Deus (v. 14). A visão se estenderá não apenas aos anos imediatamente posteriores; mas até ao fim do mundo. A revelação será detalhada em Daniel 11 e 12, um dos tempos mais extraordinários da Bíblia.
• Essa revelação registra a história, escrita em considerável detalhe, antes mesmo dos eventos se realizarem.
2. Discernimento quanto à batalha espiritual – v. 13,20
a) A Hostilidade (v. 13,20) – O anjo fala com Daniel sobre a batalha travada nas regiões celestes. Há resistência espiritual às orações dos santos. Paulo diz que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra principados, potestades, dominadores deste mundo tenebroso e forças espirituais do mal. Muitos acontecimentos na terra são reflexos dos acontecimentos no mundo dos espíritos.
b) O Ajudador (v. 21) – Miguel é o arcanjo. O defensor do povo de Deus (Dn 12:1). Seu nome é citado 5 vezes na Bíblia (uma vez em Judas, uma vez em Apocalipse e três vezes em Daniel).
V. RECEBE O TOQUE ESPECIAL DO CÉU – V. 10-19
1. O toque para levantar-se – v. 10-14
• O Anjo do Senhor toca em Daniel. Ele estava prostrado com o rosto em terra e enfraquecido. Deus o levanta através da sua voz e do seu toque. Mas o que pode levantare esse homem?
a) Saber que é amado no céu – v. 11
b) Saber que os céus se movem em resposta às suas orações – v. 12
c) Saber que o futuro está nas mãos de Deus – v. 14
2. O toque para abrir a boca e falar – v. 16-17
• Daniel é tocado nos lábios como Isaías. Quando é tocado, ele sente dores (como de parto). Ele se sente fraco e desfalecido. Só aqueles que se quebrantam diante de Deus têm poder para falar diante dos homens.
• Daniel está estasiado diante do fulgor da revelação do anjo que lhe toca (v. 17). Só pode falar com poder aos homens, aqueles que ficam em silêncio diante de Deus.
3. O toque para ser fortalecido – v. 18-21
• O Anjo de Deus toca a Daniel agora para o fotalecer. O Anjo lhe diz: Não tenha medo (v. 19). O Anjo reafirma que ele é amado no céu (v. 19). O Anjo ministra Paz àquele que está aturdido por causa do fulgor da revelação. Duplamente o anjo lhe encoraja: Sê forte! Sê forte!
CONCLUSÃO
1. Daniel capítulo 10 nos enseja algumas lições práticas:
a) Quem são os verdadeiros inimigos do trabalho de Deus?
1) O grupo dos desencorajados;
2) Os samaritanos que se opõem à obra;
3) Os reis persas que atendem aos samaritanos;
4) Sobretudo, os anjos caídos (v. 13,20) – A nossa guerra principal não é contra o desânimo, nem contra os homens, mas contra os principados e potestades. Os homens não crêem porque o príncipe deste mundo cega o entendimento dos incrédulos (2Co 4:4).
b) Quais são as armas apropriadas para o conflito em que estamos engajados?
• Esse conflito exige que nos entreguemos à oração, ao jejum, ao pranto e ao quebrantamento. Precisamos discernimento para entendermos a luta que se trava no mundo visível e também no invisível.
• Como Daniel precisamos entender que há poder de Deus liberado através da oração.
• Como Daniel precisamos continuar orando, mesmo que a resposta demore a chegar até nós, ainda que ela já tenha sido deferida no céu.
- Hernandes Dias Lopes
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