“Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres. O nosso socorro está em o nome do Senhor, criador do céu e da terra” (Sl 124.7,8).
Este é um Salmo de romagem escrito por Davi. Enquanto o povo da aliança, rumava para Jerusalém, para participar das festas anuais, entoava ao Senhor os cânticos de romagem (120-134).
Neste Salmo 124, nos versos em apreço, quatro lições podem ser destacadas:
Em primeiro lugar, estávamos presos por um laço de morte (Sl 124.7a). Muitas armadilhas existiam no caminho do povo de Deus para capturá-lo. Ainda hoje, enfrentamos ciladas e laços de morte nos cercam. Nem sempre temos discernimento para perceber o perigo à nossa volta. Um laço é uma armadilha invisível. Às vezes, atrai-se o pássaro com iscas vantajosas. Ao buscar aquilo que poderia lhe dar prazer, o pássaro encontra tormento.
Ao tomar posse daquilo que parecia um cardápio saboroso, encontra o fel da morte. O inimigo é especialista em colocar laços em nosso caminho. Precisamos vigiar. A caminhada rumo à Jerusalém celeste exige atenção. Há muitos laços mortais. Há muitos tropeços no caminho. Há muitas distrações perigosas.
O laço dos passarinheiros é o pecado que tenazmente nos assedia. Esses laços têm muitos formatos e oferecem muitas vantagens. O pecado, porém, é uma farsa. Promete satisfação, mas produz culpa. Promete liberdade, mas escraviza. Promete vida, mas mata. Davi declara que, como um pássaro capturado por um laço, assim estávamos nós.
Em segundo lugar, nosso livramento foi uma intervenção divina (Sl 1124.7b). Nenhum pássaro pode livrar a si mesmo do laço dos passarinheiros. É liberto ou perece na prisão. Assim somos nós. Não podemos libertar a nós mesmos. Não somos transformados por nós mesmos. Não podemos salvar a nós mesmos. Nossa redenção é uma obra exclusiva de Deus. Foi Deus quem nos escolheu, nos chamou, nos justificou e nos glorificou.
A salvação é uma obra exclusivamente divina. Deus nos amou primeiro e nos atraiu para si com cordas de amor. Deus nos tirou da escravidão para a liberdade, do reino das trevas para o reino da luz, da morte para a vida.
Tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo, por intermédio de Jesus Cristo. É ele quem dá o arrependimento para a vida. Dele vem a fé salvadora. É ele quem nos regenera e nos justifica. É ele quem escreve nosso nome no livro da vida e nos sela com o santo Espírito da promessa.
Em terceiro lugar, o nosso socorro está em o nome do Senhor (Sl 124.8a). O nosso socorro não procede do braço da carne. Não vem da nossa sabedoria nem mesmo das riquezas que possuímos. O nosso socorro não procede da terra, mas emana do céu. Não vem dos poderosos deste mundo, mas do Senhor.
Nosso socorro está em o nome do Senhor. O nome do Senhor é o nome sobre todo nome. Diante desse nome se dobra todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra. Nesse nome há poder para salvar, curar e libertar.
Em quarto lugar, o nosso Senhor é o criador do céu e da terra (Sl 124.8b). O Senhor que planejou, executou e consumará nossa redenção do laço dos passarinheiros, é, também, o criador do céu e da terra. Ele é antes de todas as coisas, e ele mesmo é quem trouxe à existência as coisas que não existiam.
Ele é o Todo-poderoso Deus, que do nada tudo criou pela palavra do seu poder. Ele criou as coisas visíveis e invisíveis. Este universo tão vasto e insondável, com bilhões de anos-luz de diâmetro foi criado por ele, para o louvor de sua glória e nosso deleite. O Deus da nossa redenção, é, também, o Deus da criação!
Hernandes Dias Lopes é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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