O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Sendo usado para o nosso bem e para o bem do próximo é uma bênção, mas usado de forma egoísta, só para o nosso deleite e de forma avarenta, só para explorar o próximo, é uma maldição. Certamente, o problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter; não é guardar dinheiro no banco, mas entronizá-lo no coração.
O dinheiro é necessário, pois sem ele não suprimos nossas necessidades nem podemos socorrer os necessitados. Porém, o dinheiro por mais volumoso, não pode nos oferecer felicidade nem segurança. É ledo engano pensar que o dinheiro é fonte de alegria ou imaginar que o dinheiro nos blinda dos perigos da vida. O dinheiro é volátil. É insensatez, portanto, confiar na instabilidade da riqueza. O dinheiro, outrossim, não pode comprar as coisas mais importantes. O dinheiro pode nos dar momentos felizes, mas não pode adquirir para nós felicidade. Pode nos dar uma casa, mas não um lar; pode nos dar conforto, mas não saúde; pode nos dar alimento, mas não apetite; pode nos dar bajuladores, mas não amigos; pode nos dar um rico funeral, mas não a vida eterna.
O dinheiro pode ser conquistado por nós com o suor do nosso rosto ou pode ser deixado para nós como herança dos nossos pais. Pode vir do trabalho das nossas mãos ou das mãos daqueles que laboraram antes de nós. O dinheiro, porém, não pode ser levado por nós. O homem mais rico não pode levar sequer um mísero centavo de toda a sua fortuna. Não há gaveta em caixão nem caminhão de mudança em enterro. Mesmo possuindo um império econômico, ao morrer, o homem deixa tudo. O dinheiro só pode ir conosco até à sepultura. Tudo o que granjeamos e recebemos é deixado aqui mesmo. As riquezas da terra não realizam nenhuma marcha conosco além da sepultura.
O amor do dinheiro é raiz de todos os males. Muitos caem nos laços da cobiça e atormentam a sua alma com muitos flagelos. Há aqueles que até mesmo se desviam da fé e mergulham sua alma em doída angústia e pesada tribulação. Por amor ao dinheiro, muitos vivem e morrem, casam-se e descasam, matam e mandam matar, corrompem e são corrompidos. Por amor ao dinheiro, o homem se bestializa e declara guerra ao seu próximo. Por amor ao dinheiro, ladrões lançam mão dos bens alheios à sorrelfa ou às claras. Por amor ao dinheiro, a vida humana é ceifada sem piedade e guerras sangrentas são alimentadas.
Quem ama o dinheiro, diz Salomão, jamais dele se farta. O homem nunca tem o bastante. Sempre quer mais, muito mais. O amor do dinheiro é o progenitor de uma insatisfação crônica. Embora o homem consiga jogar para dentro do coração baldes de prazer, continua infeliz. Embora alcance o pináculo do sucesso econômico, ainda vive de mãos vazias. Embora viva cercado de fartura colossal, ainda permanece insatisfeito. Salomão, sendo o homem mais rico de sua geração, sendo possuidor de ouro e prata, sendo o donatário de terras e rebanhos, sendo senhor de servos e servas, nunca conseguiu satisfação nas coisas ou empreendimentos. Buscou preencher o vazio de seu coração com riso, bebida, empreendimentos, riquezas, música, sexo e fama. Porém, o que encontrou foi uma insatisfação crônica, um vazio impreenchível, uma corrida atrás do vento.
Resta claro afirmar que a satisfação não está nas coisas, mas em Deus. É na presença dele que existe plenitude de alegria; é em sua destra que há delícias perpetuamente. Deus colocou a eternidade no coração do homem e as coisas terrenas não podem dar-lhe plena satisfação. Só Jesus satisfaz. Só ele pode oferecer vida abundante. Só nele nosso coração pode beber a largos das fontes da salvação.
Hernandes Dias Lopes é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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