Reverendo da Igreja Presbiteriana da Penha. Formado no Seminário Presbiteriano do Sul; mestrando em Teologia Sistemática no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper

Jean Francesco

Em primeiro lugar, a partir do relato da cria&ccedil;&atilde;o (G&ecirc;nesis 1.26-28) j&aacute; deduzimos que o estupro &eacute; uma pr&aacute;tica incompat&iacute;vel com a sexualidade original projetada por Deus; uma falsifica&ccedil;&atilde;o sexual na qual um homem violenta sexualmente uma mulher contra a sua vontade. Em segundo lugar, nas leis do Deuteron&ocirc;mio, quando uma mo&ccedil;a estivesse comprometida, noiva ou casada, e fosse estuprada, a pena era capital: morte, mas apenas para o estuprador. Caso a mo&ccedil;a estivesse solteira, a pena era a de indenizar &agrave; fam&iacute;lia com 50 pe&ccedil;as de prata, mais a obriga&ccedil;&atilde;o de casar-se com ela (receb&ecirc;-la como mulher e n&atilde;o objeto) na condi&ccedil;&atilde;o de jamais poder divorciar-se dela. Em outras palavras, sexo era coisa s&eacute;ria para Deus e, consequentemente, deveria ser para o seu povo (Cf. Deuteron&ocirc;mio 22.25-28)
Al&eacute;m disso, duas hist&oacute;rias b&iacute;blicas refor&ccedil;am a seriedade do princ&iacute;pio anti-estupro e as consequ&ecirc;ncias capitais para os agentes. A primeira est&aacute; no livro de Ju&iacute;zes 19-20, que narra a hist&oacute;ria de um levita com sua concubina durante uma viagem. Pelo caminho, cansados, passam por uma cidade e n&atilde;o tem onde repousar. Para sua sorte, um velho os encontra na pra&ccedil;a da cidade de Gibe&aacute; e os hospeda em sua casa.
De repente, um grupo de vadios invade sua casa para estuprar o levita &mdash; a antiga pr&aacute;tica de sodomia &mdash;, mas o hospedeiro os pro&iacute;be de fazer qualquer coisa contra o seu h&oacute;spede, como mandava a cultura. Em troca, o velho oferece sua filha virgem e a concubina do levita, mas os vadios rejeitam. Ent&atilde;o, numa atitude de autoprote&ccedil;&atilde;o, o levita empurra sua concubina para fora da casa e os vadios, enfurecidos, estupram-na a madrugada inteira. Ao alvorecer, o levita segue viagem, p&otilde;e a mo&ccedil;a no animal de carga, mas ela j&aacute; estava morta. Ao chegar em casa, o levita sepulta sua concubina &mdash;de uma forma estranha para n&oacute;s &mdash; cortando-a em doze peda&ccedil;os, dispensando-os entre as doze tribos de Israel, como uma honraria nacional.
O povo de Israel ao ver tal esc&acirc;ndalo, lembra-se de atrocidades semelhantes cometidas no Egito e, indignados pelo estupro e morte da concubina, fazem imediatamente uma guerra contra Gibe&aacute;. Por fim, o povo de Israel aniquila o povo de Gibe&aacute; ao fio da espada e quase extinguem uma das doze tribos, a tribo de Benjamim por se contrapor a vingan&ccedil;a israelita. Tudo por causa de um estupro e, digno de nota: era uma concubina. Isso &eacute; suficiente para concluir que, no Antigo Testamento, diferente de todas as culturas da antiguidade, estupro era um caso t&atilde;o s&eacute;rio que levou a na&ccedil;&atilde;o israelita a destruir uma cidade como puni&ccedil;&atilde;o.
A segunda hist&oacute;ria aconteceu tempos depois dentro da fam&iacute;lia do rei Davi, registrada em 2 Samuel 13. Nela, um de seus filhos, Amnon, apaixonou-se por sua meia irm&atilde; Tamar &mdash; pois Davi teve v&aacute;rias esposas &mdash; e, num ato de loucura, armou um plano para aproveitar-se dela sexualmente. Tendo o plano funcionado, Amnon estupra sua meia irm&atilde; Tamar e, ap&oacute;s deitar-se com ela, despreza-a de forma desumana. Quando Absal&atilde;o, irm&atilde;o inteiro de Tamar, soube do ocorrido, ficou enfurecido, mas esperou uma ocasi&atilde;o pr&oacute;pria para a vingan&ccedil;a.
Passados dois anos, ele organizou uma festa em fam&iacute;lia e convidou a todos, inclusive Amnon. O estuprador, como que n&atilde;o se lembrando do que fez, compareceu normalmente. Ent&atilde;o, no meio da comilan&ccedil;a, Absal&atilde;o arma uma emboscada para Amnon e seus soldados o matam na presen&ccedil;a de toda a fam&iacute;lia.
As duas hist&oacute;rias, portanto, confirmam que na B&iacute;blia h&aacute; uma cultura s&eacute;ria contra a viol&ecirc;ncia sexual. Um estupro no contexto do Antigo Testamento era tratado com o mesmo rigor de um assassinato, por isso a pena era t&atilde;o severa (Deut. 22.26). &Eacute; importante tamb&eacute;m registrar que a Lei israelita era a &uacute;nica que protegia as mulheres de serem violentadas nas civiliza&ccedil;&otilde;es antigas, diametralmente oposta da cultura imoral, abusiva e prom&iacute;scua do Egito, Ass&iacute;ria, Babil&ocirc;nia e Gr&eacute;cia.
Na Gr&eacute;cia de Plat&atilde;o e Aristoteles, a t&iacute;tulo de exemplo, uma mulher n&atilde;o grega (estrangeira) podia ser estuprada na cidade sem que a lei a protegesse. Aos homens era facultado o amor, &agrave;s mulheres, contudo, apenas a condi&ccedil;&atilde;o de produtora e reprodutora de pequenos animais que poderiam virar gente! Sem falar nos casos de pederastia, nos quais adolescentes eram molestados pelos seus mestres (pedagogos), n&atilde;o apenas na Gr&eacute;cia, mas tamb&eacute;m no Jap&atilde;o, China e Coreia que por muitos s&eacute;culos exaltaram tal comportamento, que hoje conhecemos por pedofilia.
Coisas semelhantes, ou at&eacute; piores, tamb&eacute;m aconteciam aqui no Ocidente entre os celtas e vikings, mas gra&ccedil;as ao cristianismo e &agrave; B&iacute;blia, estamos na frente dos orientais a mil&ecirc;nios nesse aspecto. N&oacute;s punimos severamente estupradores e os condenamos moralmente de modo severo, enquanto que o Oriente ainda deixa muito a desejar. Por isso, ser crist&atilde;o &eacute; levar a sexualidade a s&eacute;rio, n&atilde;o toleramos esta cultura insana de viol&ecirc;ncia sexual. E digo mais: n&atilde;o espere de n&oacute;s aplausos para qualquer amor semelhante &agrave; "Cinquenta Tons de Cinza".

Nós punimos severamente estupradores e os condenamos moralmente de modo severo, enquanto que o Oriente ainda deixa muito a desejar. Por isso, ser cristão é levar a sexualidade a sério, não toleramos esta cultura insana de violência sexual.

O que a Bíblia diz sobre o estupro?

Quero desafiar voc&ecirc; nesta P&aacute;scoa: Leia 1 Cor&iacute;ntios 15. Nesse cap&iacute;tulo o ap&oacute;stolo Paulo apresenta com profundidade a doutrina da Ressurrei&ccedil;&atilde;o de Cristo. Sem d&uacute;vidas, cinquenta e oito vers&iacute;culos cheios de conte&uacute;do n&atilde;o podem ser analisados em uma s&oacute; pastoral &mdash; talvez precis&aacute;ssemos de pelo menos 10. Por&eacute;m, de forma mais humilde, meu desejo &eacute; oferecer a voc&ecirc; um mapa do tesouro e, assim, voc&ecirc; desfrutar&aacute; das riquezas da Palavra por si pr&oacute;prio.
[1] A morte e a ressurrei&ccedil;&atilde;o de Jesus Cristo s&atilde;o o centro do Evangelho, v.1-4. O Evangelho &eacute; a mensagem central da f&eacute; crist&atilde;, &eacute; o que pregamos, &eacute; o conte&uacute;do que s&oacute; a igreja pode proclamar ao mundo. Podemos afirmar que o Evangelho &eacute; a mensagem &ldquo;pascal&rdquo;, o cordeiro que morre pelos pecadores, mas triunfa sobre a morte ao terceiro dia.
[2] A ressurrei&ccedil;&atilde;o de Cristo n&atilde;o &eacute; uma fantasia, mas uma realidade concreta, v.5-11. Algumas pessoas n&atilde;o acreditam que mortos podem ressuscitar e, de fato, &eacute; algo totalmente contra a natureza. Contudo, a ressurrei&ccedil;&atilde;o de nosso Senhor Jesus Cristo &eacute; um milagre real. Paulo testifica que em seu pr&oacute;prio tempo, al&eacute;m dele mesmo e dos demais ap&oacute;stolos, mais de 500 pessoas viram Jesus ressuscitado diante de seus olhos.
[3] A ressurrei&ccedil;&atilde;o de Cristo &eacute; a garantia da nossa esperan&ccedil;a de ressurrei&ccedil;&atilde;o futura, v.12-13. A partir daqui Paulo come&ccedil;a a descrever quais s&atilde;o os resultados pr&aacute;ticos da ressurrei&ccedil;&atilde;o de Jesus para a vida do seu povo. A primeira delas &eacute; justamente a de que, por causa da ressurrei&ccedil;&atilde;o de Cristo, temos a promessa de viver eternamente.
[4] A ressurrei&ccedil;&atilde;o de Cristo &eacute; a motiva&ccedil;&atilde;o da nossa prega&ccedil;&atilde;o, v.14. A segunda implica&ccedil;&atilde;o da ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; missiol&oacute;gica. Porque Jesus venceu a morte n&oacute;s temos o privil&eacute;gio e a miss&atilde;o de anunciar a todo mundo que Ele vive. Jesus &eacute; o salvador do mundo que tem toda autoridade no c&eacute;u e na terra sobre si. Em outras palavras, o mundo &eacute; dele. Ir em miss&atilde;o nada mais &eacute; que comprar de volta aqueles que s&atilde;o dele por direito.
[5] A ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; a certeza de que n&oacute;s somos livres do pecado, v.17. A terceira implica&ccedil;&atilde;o pr&aacute;tica da ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; que o pecado pode ser vencido, pois o poder da ressurrei&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m est&aacute; dentro de n&oacute;s, seguidores de Jesus. N&atilde;o devemos jamais render-nos ao conformismo que tenta paralisar a obra de santifica&ccedil;&atilde;o que o Esp&iacute;rito Santo opera em n&oacute;s; Jesus vive dentro de n&oacute;s!
[6] A ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; a garantia que os nossos irm&atilde;os que morreram permanecem vivos diante de Deus, v.18. A quarta implica&ccedil;&atilde;o desta doutrina &eacute; consoladora: todos os nossos irm&atilde;os que faleceram est&atilde;o com seus corpos dormindo nesta terra, sim, mas suas almas est&atilde;o alegres e vivas diante do Deus Tri&uacute;no. S&oacute; h&aacute; raz&otilde;es para ter esperan&ccedil;a de um breve reencontro.
[7] A ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; a motiva&ccedil;&atilde;o para vivermos intensamente, v.32. A quinta implica&ccedil;&atilde;o da ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; encorajadora. Por sabermos que Jesus venceu a morte, n&oacute;s tamb&eacute;m lutamos com todas as nossas for&ccedil;as para destruirmos as obras do mal que nos assolam diariamente. Todo crist&atilde;o, por isso, deveria viver uma exist&ecirc;ncia vibrante nesta terra. N&atilde;o h&aacute; motivos para viver desanimado.
[8] A ressurrei&ccedil;&atilde;o &eacute; a nossa esperan&ccedil;a de vit&oacute;ria contra a morte, v.54. E finalmente, a sexta implica&ccedil;&atilde;o da ressurrei&ccedil;&atilde;o de Jesus &eacute; que toda a igreja, indiv&iacute;duo por indiv&iacute;duo, ir&aacute; provar em sua pr&oacute;pria carne a ressurrei&ccedil;&atilde;o dos mortos no &uacute;ltimo dia. N&atilde;o ficaremos no c&eacute;u apenas com as nossas almas, mas ap&oacute;s o retorno de Cristo, seremos ressuscitados (corpo + alma) para vivermos com Jesus fisicamente no novo c&eacute;u e nova terra.
A mensagem da p&aacute;scoa &eacute; simples: aqueles que mereciam morrer foram substitu&iacute;dos pelo &uacute;nico que merecia viver. Mas a morte n&atilde;o conseguiu dete-lo, Jesus ressuscitou! E hoje, todos os que mereciam morrer, crendo nele, podem tamb&eacute;m ressuscitar. Feliz P&aacute;scoa a todos!

Não ficaremos no céu apenas com as nossas almas, mas após o retorno de Cristo, seremos ressuscitados (corpo + alma) para vivermos com Jesus fisicamente no novo céu e nova terra.

O tesouro chamado ressurreição

O segundo livro da B&iacute;blia, &Ecirc;xodo, pode ser dividido em tr&ecirc;s partes: (1) 1-18 Deus liberta o povo da escravid&atilde;o, (2) 19-24 Deus faz alian&ccedil;a com o povo, (3) 25-40 Deus vem habitar com o seu povo numa tenda. Bem no centro do livro est&aacute; o cap. 19.3-6, momento que Deus reafirma seu amor pelo seu povo e seu chamado para aben&ccedil;oar as na&ccedil;&otilde;es. Podemos entender esse texto fazendo tr&ecirc;s perguntas: 1. O que Deus fez pelo seu povo? v.4; 2. Quem &eacute; o povo de Deus? v.5; 3. Qual &eacute; a miss&atilde;o desse povo? v.6.
Deus primeiro fala o que ele fez e o porqu&ecirc;. Em duas palavras, liberta&ccedil;&atilde;o e relacionamento. Deus libertou Israel das algemas do Egito da mesma forma que nos libertou da escravid&atilde;o do Fara&oacute; opressor que havia dentro de nosso cora&ccedil;&atilde;o, o pecado. E tudo isso com um prop&oacute;sito, "chegarmos at&eacute; ele". Deus nos quer debaixo de suas asas, colado em seu colo, acolhidos por seus bra&ccedil;os de amor.
Ap&oacute;s demonstrar seu poder e amor, Deus reafirma a identidade e prop&oacute;sito de seu povo diante da humanidade com tr&ecirc;s t&iacute;tulos: propriedade exclusiva, reino de sacerdotes e na&ccedil;&atilde;o santa.
1. TESOURO PESSOAL DE UM REI. Quando era crian&ccedil;a lembro que minha m&atilde;e guardava uma caixa de j&oacute;ias escondida no guarda-roupa. Brincos, colares, an&eacute;is, pulseiras e um monte de coisas bem caras, era sua propriedade exclusiva que ningu&eacute;m tocava. Essa tradi&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; nada nova, os fara&oacute;s do Egito j&aacute; tinham esse costume - que parece ter sido adotado apenas pelas mulheres atualmente. O mais interessante &eacute; que Deus utiliza exatamente essa express&atilde;o "propriedade exclusiva" para referir-se ao seu povo, isto &eacute;, dentre todas as na&ccedil;&otilde;es Deus escolhe Israel como seu tesouro pessoal. Mas esse tesouro tem um prop&oacute;sito, n&atilde;o &eacute; para ficar escondido no ba&uacute;. Deus diz qual &eacute; o papel de seu povo no mundo com mais dois t&iacute;tulos:
2. REINO DE SACERDOTES. Duas coisas configuravam o sacerdote no Antigo Testamento: 1. Algu&eacute;m separado em santidade e intimidade com Deus, 2. Algu&eacute;m que mediava a presen&ccedil;a e a ben&ccedil;&atilde;o de Deus para os outros. Havia algu&eacute;m que exclusivamente desempenhava esse papel anualmente, o Sumo Sacerdote, por&eacute;m, a vontade original de Deus sempre foi que todo o seu povo tivesse acesso direto consigo e mediasse b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os para toda a terra. Essa era a miss&atilde;o de todo o povo de Israel perante as na&ccedil;&otilde;es da Terra. Confira essa identidade missional nos Salmos 67 e 96.
3. NA&Ccedil;&Atilde;O SANTA. Al&eacute;m de serem sacerdotes para o mundo, a vida de Israel deveria ser notadamente diferente dos outros povos. Deus escolheu uma na&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica no centro do mundo para servir como uma vitrine em exposi&ccedil;&atilde;o para as na&ccedil;&otilde;es. Elas deveriam ver o povo de Deus, e ao v&ecirc;-lo, buscar o Deus desse povo. O estilo de vida do povo de Deus deveria atrair todas as na&ccedil;&otilde;es da terra para a adora&ccedil;&atilde;o. Uma na&ccedil;&atilde;o separada e diferente, sim, mas com o prop&oacute;sito de unir, n&atilde;o dividir. Uma pergunta que poderia vir na cabe&ccedil;a do povo seria: "como seremos essa na&ccedil;&atilde;o de contraste? Poderia ser mais espec&iacute;fico, Deus?" Ele foi. O que vem depois de &Ecirc;xodo 19? Exatamente os 10 mandamentos. Esse &eacute; o modelo de sociedade que Deus ama. &Eacute; a Legisla&ccedil;&atilde;o de Israel. Sendo assim, santo n&atilde;o &eacute; algu&eacute;m "perfeito, mas que se viu livre das algemas do pecado para poder viver o estilo de vida planejado por Deus. Enquanto o povo de Deus (1) adorar a Deus com exclusividade, (2) n&atilde;o compar&aacute;-lo aos demais deuses, (3) honrar o seu nome, (4) lembrar-se do senhorio dele sobre o tempo e a cria&ccedil;&atilde;o, (5) honrar os pais, (6), valorizar a vida, (7) valorizar a sexualidade em alian&ccedil;a, (8) valorizar seus bens e do pr&oacute;ximo, (9) valorizar a verdade e sua palavra e (10) ter dom&iacute;nio sobre suas cobi&ccedil;as, certamente far&aacute; a diferen&ccedil;a e atrair&aacute; as na&ccedil;&otilde;es para cultuar a Deus.
Mas como o povo conseguir&aacute; cumprir essa Lei? N&atilde;o conseguir&aacute; a menos que o pr&oacute;prio Deus habite com eles. Por isso, na terceira parte do livro de &Ecirc;xodo Deus d&aacute; a Moises instru&ccedil;&otilde;es para construir uma grande Tenda. Ali ser&aacute; o lugar de culto, ora&ccedil;&atilde;o e sacrif&iacute;cios do povo. Israel n&atilde;o conseguir&aacute; ser ben&ccedil;&atilde;o sem a Lei de Deus, mas jamais conseguir&aacute; cumprir a Lei sem sua presen&ccedil;a capacitadora. Infelizmente, Israel falhou em sua miss&atilde;o de ser luz para o mundo, por isso Deus em Jesus, realiza um novo &Ecirc;xodo e reforma o velho Israel.
Jesus &eacute; o novo Moises que liberta o seu povo atrav&eacute;s da P&aacute;scoa, mas em vez de aspergir o sangue de um cordeiro nos umbrais das portas, ele derrama seu pr&oacute;prio sangue inocente nas arestas de uma cruz.
Jesus &eacute; o novo Moises porque sobe num monte e reinterpreta a Lei de Deus para santificar o seu povo. Alem disso, o povo de Israel foi liberto do Egito ap&oacute;s a morte do primog&ecirc;nito de Fara&oacute;, Jesus conseguiu a nossa liberta&ccedil;&atilde;o por ter entregado a si mesmo &agrave; morte, pois ele &eacute; o Unig&ecirc;nito de Deus.
Para que o povo cumprisse a Lei, Deus mandou construir uma Tenda para habitar com eles, mas s&oacute; Jesus cumpre totalmente esse antigo anseio divino porque ele &eacute; o Deus conosco.
Ap&oacute;s Israel sair do Egito Deus fez o milagre de abrir o Mar Vermelho pelo cajado de Moises, da mesma forma Jesus, ap&oacute;s morrer e permanecer dois dias na sepultura, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia pelo poder miraculoso do bra&ccedil;o de Deus. Jesus foi tentado como Israel no deserto e teve fome por quarenta dias, simbolizando os 40 anos, mas n&atilde;o reclamou. Ele &eacute; o Deus que liberta. Ele &eacute; o man&aacute; que cai do c&eacute;u, ele acalma tempestades e em vez de abrir o mar, anda sobre as &aacute;guas; ele tamb&eacute;m cruzou o Jord&atilde;o e restaurou o povo de Israel com 12 ap&oacute;stolos, simbolizando as 12 tribos.
&Eacute; por esta raz&atilde;o que encontramos a mesma identidade missional de &Ecirc;xodo nas palavras do ap&oacute;stolo Pedro em 1 Pedro 2.9-10. Para Pedro, a Igreja herda o chamado do "velho" Israel de ser ben&ccedil;&atilde;o para as na&ccedil;&otilde;es n&atilde;o porque &eacute; um outro povo "plano B", mas porque &eacute; o mesmo Israel de Deus, renovado, reformado e restaurado. Isso mesmo, a Igreja &eacute; o novo Israel pronto para levar as b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os divinas para os confins da terra sendo sacerdotes reais, vivendo como um povo santo.
Leia a B&iacute;blia com esses olhos. N&oacute;s somos o tesouro particular de Deus, o novo reino de sacerdotes e o povo santo. E somos tudo isso por causa da miss&atilde;o de Deus que &eacute; resgatar pessoas das trevas para a luz. Em sintonia com Deus, a Igreja tamb&eacute;m &eacute; um povo em miss&atilde;o, pois Israel nunca foi um fim em si mesmo, mas o meio que Deus usou para restaurar todos os povos do mundo.
Exatamente como no &Ecirc;xodo, a Igreja s&oacute; est&aacute; sendo bem sucedida nessa miss&atilde;o porque Jesus fez uma alian&ccedil;a conosco, nos libertou do imp&eacute;rio da escravid&atilde;o e armou sua Tenda dentro de n&oacute;s derramando seu Esp&iacute;rito (Atos 2), para obedecermos a sua Lei e proclamarmos estas boas not&iacute;cias ao mundo inteiro.

Após demonstrar seu poder e amor, Deus reafirma a identidade e propósito de seu povo diante da humanidade com três títulos: propriedade exclusiva, reino de sacerdotes e nação santa.

Nossa identidade missional em Êxodo

O primeiro livro da B&iacute;blia, G&ecirc;nesis, possui cinquenta cap&iacute;tulos; os primeiros onze (1-11) s&atilde;o conhecidos como "a hist&oacute;ria primeva", pois registram os primeiros acontecimentos da hist&oacute;ria da humanidade: 1. Cria&ccedil;&atilde;o, 2. Queda, 3. Dil&uacute;vio, 4. Divis&atilde;o dos povos e l&iacute;nguas em Babel. J&aacute; os demais cap&iacute;tulos (12-50) narram a jornada dos patriarcas Abra&atilde;o, Isaque, Jac&oacute; e Jos&eacute; do Egito. Alguns n&atilde;o conseguem entender qual &eacute; a rela&ccedil;&atilde;o das duas partes do livro (1-11 e 12-50). Isso &eacute; um problema s&eacute;rio, pois o projeto de salva&ccedil;&atilde;o divino &eacute; posto em a&ccedil;&atilde;o inicialmente aqui, no cap&iacute;tulo 12.1-3.
No fim do cap. 11 as na&ccedil;&otilde;es da terra est&atilde;o divididas e confusas. Uma pergunta salta aos olhos de um leitor atento: "o projeto divino de ter um povo habitando com ele num jardim fracassou?" E a resposta no cap. 12 &eacute; "n&atilde;o". Como num filme, o diretor da trama faz uma transi&ccedil;&atilde;o mudando o foco dos personagens (na&ccedil;&otilde;es &gt; indiv&iacute;duo), de macro para micro, uma esp&eacute;cie de "zoom". Deus escolhe um homem chamado Abr&atilde;o e promete que a partir dele toda a cria&ccedil;&atilde;o e na&ccedil;&otilde;es da terra ser&atilde;o reunidas e aben&ccedil;oadas atrav&eacute;s de sua descend&ecirc;ncia. Portanto, a partir de G&ecirc;nesis 12.1-3, o foco do Antigo Testamento estar&aacute; em Deus cumprindo sua miss&atilde;o de formar uma fam&iacute;lia, dela formar uma na&ccedil;&atilde;o, e da na&ccedil;&atilde;o alcan&ccedil;ar e aben&ccedil;oar todos os povos da terra. Deus est&aacute; pondo em pr&aacute;tica o plano de recuperar a cria&ccedil;&atilde;o ca&iacute;da no pecado e voltar para o jardim com o seu povo.&nbsp;
Leia o Antigo Testamento sob o prisma de que "Deus est&aacute; em miss&atilde;o". Ele escolhe Abra&atilde;o, dele forma uma fam&iacute;lia, de sua fam&iacute;lia 12 tribos, e delas a na&ccedil;&atilde;o de Israel. O povo experimenta a escravid&atilde;o no Egito, mas Deus os liberta, d&aacute; uma constitui&ccedil;&atilde;o (10 mandamentos) e os conduz at&eacute; Cana&atilde;, a terra prometida a Abra&atilde;o. Por&eacute;m, ao inv&eacute;s de aben&ccedil;oar e ser luz para as na&ccedil;&otilde;es, Israel cai nas mesmas trevas. Inicia-se a &eacute;poca dos ju&iacute;zes, dos reis, o povo se divide em dois reinos (norte e sul) mas continua fracassando em sua miss&atilde;o de ser ben&ccedil;&atilde;o. Vem o ex&iacute;lio ass&iacute;rio e babil&ocirc;nico como ju&iacute;zo para os dois reinos. E como no Egito, Deus restaura seu povo novamente, mas ele continua dividido, p&aacute;lido e fraco diante das na&ccedil;&otilde;es. O Senhor ent&atilde;o promete a vinda do Messias, que seria o filho de Abra&atilde;o, novo Moises e rei como Davi.
Jesus nasce e restaura o povo de Israel. Ele vence a tenta&ccedil;&atilde;o que Ad&atilde;o caiu, passa fome no deserto sem reclamar como os hebreus, passa pelo Jord&atilde;o, sobe num monte como Mois&eacute;s e d&aacute; a sua lei, prega como profeta, alimenta os famintos, cura os cegos, domina esp&iacute;ritos maus e tempestades como rei, morre numa cruz como cordeiro na P&aacute;scoa, mas triunfa sobre a morte ressuscitando dos mortos provando ser o verdadeiro Deus e Salvador do mundo.
Ap&oacute;s sua ressurrei&ccedil;&atilde;o e antes de subir ao c&eacute;u ele re&uacute;ne seus disc&iacute;pulos, representando o Israel restaurado, e lhes d&aacute; uma miss&atilde;o - note &agrave; semelhan&ccedil;a com a promessa de Abra&atilde;o: sair pelo mundo, reunir todas as na&ccedil;&otilde;es e aben&ccedil;oa-las atrav&eacute;s do discipulado e prega&ccedil;&atilde;o dessas boas not&iacute;cias. Depois, esse povo recebe a promessa dos profetas Joel e Ezequiel, o Esp&iacute;rito Santo, que os capacita a ser e fazer a ben&ccedil;&atilde;o de Deus chegar a todo mundo. Enquanto eles saem pregando pelo mundo milhares de pessoas come&ccedil;am a entregar suas vidas a Cristo e serem transformadas. O livro de Atos come&ccedil;a em Jerusal&eacute;m, avan&ccedil;a pra Judeia, Samaria, &Aacute;frica, Europa, &Aacute;sia, Am&eacute;ricas e estamos aqui em terra brasileira para testificar que a ben&ccedil;&atilde;o divina tamb&eacute;m chegou at&eacute; n&oacute;s.
Mas nossa miss&atilde;o ainda n&atilde;o terminou porque Deus continua em miss&atilde;o salvando os seus escolhidos de todas as partes da terra. Nossa miss&atilde;o &eacute; cooperar com ele e aben&ccedil;oar toda a terra com o Evangelho traduzido em palavras e a&ccedil;&otilde;es at&eacute; o retorno glorioso de Jesus. Naquele dia a miss&atilde;o de Deus ir&aacute; acabar e tamb&eacute;m a nossa. Herdaremos o novo c&eacute;u e nova terra e seremos o povo que Deus tanto sonhou vivendo num mundo de amor e paz que jamais entrar&aacute; injusti&ccedil;a novamente.

Pontos básicos das escrituras que precisam ser compreendidos para que a leitura bíblica seja bem sucedida.

A Bíblia em seis parágrafos

Os judeus tinham o costume de orar ajoelhados, m&atilde;os levantadas e olhos fixos nos ares.
Experimente orar contemplando a gl&oacute;ria de Deus em sua cria&ccedil;&atilde;o.
Ore nos campos. Ore na praia. Ore no mar. Ore no alto, em baixo. Ore em movimento, caminhando. Ore parado olhando para o horizonte. Ore acompanhado, de sua esposa/marido, m&atilde;e, irm&atilde;os, amigos, filhos, namorado(a).
Ore em sil&ecirc;ncio, pois &ldquo;os c&eacute;us manifestam a gl&oacute;ria de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas m&atilde;os".
Orar &eacute; a coisa mais simples e extraordin&aacute;ria que podemos fazer, pois orar &eacute; s&oacute; "falar", mas tamb&eacute;m, &eacute; falar "com Deus".

Jean Francesco

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