Os 4 níveis de amor: se doando por completo

Qual a maior prova de amor que se pode dar? Segundo a tradição judaica, ela precisa envolver esforço físico, emocional, material e espiritual.

Fonte: Guiame, Joel EngelAtualizado: sexta-feira, 8 de junho de 2018 às 14:57
Nuvem em forma de coração. (Foto: Getty)
Nuvem em forma de coração. (Foto: Getty)

“E, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado.” (Mateus 26.6 e 7)

Qual a maior prova de amor que se pode dar? Segundo a tradição judaica, ela precisa envolver esforço físico, emocional, material e espiritual. Isso representa mergulhar nos 4 níveis de amor. Assim como no artigo sobre os 4 níveis do rio de Deus, neste quero ensiná-los a alcançar os níveis mais altos do Seu amor.

O mais alto nível deste sentimento é chamado no hebraico de “ahava”, o nível de amor verdadeiro, que revela o amor ágape, palavra grega para o mais alto nível de amor. Nós só podemos alcançar este nível de amor, se formos capazes de adentrar nos demais níveis.

A palavra hebraica “ahava” nasce a partir de duas outras palavras, que são “hav” e “ahav”, a primeira palavra significa “dar”, enquanto que a segunda significa “amado”. A junção destas duas expressões hebraicas forma à palavra utilizada para exprimir amor, o que significa que “dar é fundamental para amar”.

Portanto, o mais alto nível de amor sempre expressa um sentimento de doação, de oferta, de completa entrega. Somente desta maneira é possível provar que o amor é verdadeiro, doando-se por completo diante de quem se almeja exprimir os mais belos gestos de carinho, respeito e admiração.

No judaísmo, a capacidade de se relacionar profundamente só é possível a partir do momento que este relacionamento superou os 4 níveis do amor. Sendo que, partindo deste princípio, o “ahava” é o mais alto de todos os níveis, mas é precedido por outros 3 níveis menores deste sentimento.

Estes três níveis menores, segundo o judaísmo, iniciam com a fase de conhecimento, que é momento de observação, de romance e desejo. Este nível é chamado de “daath”, que no grego é representado pela expressão “eros”.

Em seguida, após a fase de conhecimento, que inicia o relacionamento, nós temos o nível “midot”, que é quando as emoções começam a aflorar, nascendo o amor que no grego é chamado de “storge”, que significa um tipo de amor emocional, ligado por laços afetivos.

Já o terceiro nível, que precede o mais nobre dos sentimentos, é chamado no hebraico de “chabad”, que revela uma fase do relacionamento em que o convívio se torna mais maduro e as emoções fracas começam a ser separadas das verdadeiras. Este é chamado no grego de momento do amor “fileo”, o amor maduro, que nos leva a entender o que realmente queremos.

Somente após experimentar estes três níveis é possível alcançar o mais nobre dos sentimentos: o nível de amor de quem se doa por inteiro. O “ahava”, o amor verdadeiro, o amor que oferta todas as coisas para satisfazer a quem amamos.

Em meu livro “Maria de Betânia, A Face do Amor”, falo sobre como esta mulher conseguiu, através de um gesto nobre, demonstrar o mais belo sentimento por Jesus Cristo. Conforme no texto em epígrafe, ela doou o que tinha de mais valioso para agradar ao Senhor.

Apesar de ser uma mulher humilde, Maria conseguiu demonstrar o valor de seu sentimento por Jesus. Ela já havia tido uma atitude de amor pelo Mestre quando, em outra ocasião, preferiu estar aos pés do Senhor para ouvi-lo, ao invés de dedicar seu tempo aos afazeres domésticos.

Maria, que era irmã de Lázaro, que fora ressuscitado por Jesus, preferiu ficar ouvindo as palavras do Mestre quando ele se hospedou em sua casa, enquanto que sua irmã Marta estava envolvida nos afazeres domésticos, não dando atenção aos preciosos ensinamentos (Lucas 10.39). Essa mulher ainda surpreenderia a todos com um dos gestos mais belos descritos na Palavra de Deus.

Jesus Cristo está participando de uma ceia, na casa de Simão, o leproso, quando Maria surpreende a todos com um gesto considerado por muitos como algo extravagante. A Bíblia diz que aquela ceia havia sido organizada para o Senhor: “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele” (João 12.2).

Maria derramou nos pés de Jesus um frasco inteiro de um unguento caríssimo. Maria “[...] tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (João 12.3).

O gesto de Maria foi criticado por alguns que estavam presentes, principalmente Judas Israriotes, que tentou argumentar falando sobre como o valor daquele perfume poderia ajudar os pobres, pois aquele era um “nardo puro”, cujo valor era de cerca de “trezentos denários”, que era quase o valor de um trabalhador durante um ano inteiro.

Aquele gesto representava o mais alto nível de adoração, pois o perfume entregue naquele momento era uma oferta valiosíssima diante do Senhor, não apenas pelo valor monetário, mas pelo sentimento ligado a este gesto, que simbolicamente alcançou o nível ágape de amor.

Maria poderia ter oferecido um unguento de menor preço, poderia ter oferecido a Jesus Cristo uma essência cítrica, que é o perfume mais leve, mais barato, o que poderia representar o nível de amor eros, uma oferta sem tanto valor.

Ou talvez, ao oferecer aquele perfume, ela poderia ter substituído por um mais apimentado, que já possui um valor agregado. E isso já levaria Maria ao segundo nível, alcançando o amor storge. Mas não foi isso que ela fez, ela não oferecer uma adoração de segundo nível.

Tão pouco deixou naquele lugar um perfume amadeirado, que é mais forte, com uma essência mais pura e que marca mais onde passa, o que torna o seu valor ainda maior. Essa seria uma adoração de nível fileo, no qual o melhor é oferecido.

Porém, quando decidiu entregar o que possuía de maior valor, Maria de Betânia pretendia alcançar o mais alto nível, queria chegar ao nível ágape de adoração, oferecendo uma essência oleosa, que era um perfume com o mais alto valor, um nível de oferta mais precioso. O que faria daquele gesto um marco diante de Deus, um memorial eterno.

Na época de Jesus Cristo, segundo a tradição judaica, uma moça só estaria pronta para o casamento se fosse capaz de provar que alcançou o quarto nível de amor, que era quando ela entregaria algo de valor para o amado. Esse modelo tipifica o tipo de Igreja que Jesus Cristo está procurando, onde as pessoas sejam capazes de entregar tudo por amor a Ele.

A Igreja tipifica o tipo de noiva que Jesus Cristo procura, que esteja preparada para amá-lo acima de todas as coisas, no mais profundo sentimento que possa existir. Uma noiva que esteja vivendo o nível "ahava" de amor, que simboliza o amor verdadeiro, puro, sincero, integro e fidedigno. Sem este nível de amor, a noiva não está pronta para casar com Cristo.

Assim, podemos afirmar, que o amor em 4 níveis é semelhante a um rio espiritual, que devemos mergulhar até as partes mais profundas, partindo do amor “eros”, até o amor “ágape”, que é o amor verdadeiro. No nível de amor verdadeiro, nós somos capazes de nos entregar por completo, dando o melhor de nós mesmos para demonstrar nosso sentimento mais profundo.

 

Por Joel Engel, pastor, líder do Ministério Engel, em Santa Maria (RS) e fundador do Projeto Daniel, que ajuda crianças órfãs em países da África.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições