Fira-me o Justo - Parte 1

Fira-me o Justo - Parte 1

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:03

Deus não quer ver seu povo doente e nem sofrendo, mas há uma espécie de ferida que produz cura, e esta deve ser praticada entre os crentes em geral.

“Fira-me o justo, será isto uma benignidade; e repreenda-me, isso será como óleo sobre a minha cabeça; não recuse a minha cabeça...” (Salmo 141.15)

Ao dizer; “fira-me o justo”, Davi não falava sobre uma ferida física, e sim emocional. Referia-se ao desconforto (e até mesmo dor) produzido pela repreensão. E, apesar de se referir a algo aparentemente ruim, ele menciona as bênçãos provenientes deste ato: “e me será por benignidade, será como óleo sobre a minha cabeça”.

Todos precisamos ser ministrados através de outras pessoas, e isto envolve não apenas ouvir palavras amáveis de encorajamento, mas também palavras firmes de repreensão e correção! Moisés foi um homem que ouvia a Deus tão claramente, que tinha revelações poderosas sobre grandes e pequenos detalhes concernentes à condução do povo de Israel... no entanto, precisou ser corrigido por seu sogro, e aprendeu dele a importância de se trabalhar com grupos de liderança (Ex.18).

Isto me fez questionar varias vezes: se Deus falava sobre tanta coisa diretamente com Moisés, porque não falou acerca disto? Na verdade falou, mas não diretamente. Deus usou Jetro para que Moisés soubesse que por maior que fosse sua intimidade com Ele, por maior que fosse sua sensibilidade de ouvir a voz divina, ainda assim ele necessitava de pessoas que pudessem corrigi-lo e instruí-lo, pois ninguém é perfeito ou completo. Todos precisamos de pessoas que possam nos ministrar.

A Bíblia diz que aquele que se isola insurge-se contra a verdadeira sabedoria (Pv. 18:1). Ninguém pode viver sozinho recusando-se a ouvir outros. Lembro-me de quando Deus deu-me uma experiência inusitada e que me serviu para esclarecer bastante este princípio. No fim de um culto abençoado, o Senhor começou a se mover entre nós e eu estava muito à vontade para fluir no Espírito; recebi do Senhor algumas palavras proféticas e as comuniquei às pessoas a quem eram dirigidas. Não o fiz de púlpito, desci até cada uma delas e lhes falei algo da parte do Senhor. Quando voltei à plataforma, Deus me deu uma visão interessante com uma irmã que tinha ido à frente no apelo; eu a vi com uma trombeta de ouro em sua mão direita para tocar, mas naquele momento em que o fazia, refletindo insegurança, ela punha sua mão esquerda na frente do instrumento, reprimindo assim seu som. Enquanto eu refletia tentando entender o significado do que Deus me mostrava, pois entendo que muitas visões são simbólicas, o Espírito falou clara e doce mente no meu íntimo: “ela tem uma mensagem da minha parte, mas está insegura e com receio de falar. Vá a ela e diga que fale a minha palavra!”

Prontamente fui até a ela e lhe disse o que o Senhor havia me dito. Encorajei-a a falar o que havia recebido. Ela, muito impressionada, olhou diretamente nos meus olhos e falou; “É verdade, pastor, e esta irmã ao lado é minha testemunha de que Deus me deu um a palavra e eu estava receosa, de comunicar, mas agora sei que devo faze-lo. E a palavra é para você!”

Eu quase caí de costa! Ela com muito amor e carinho disse-me que seu receio se dava ao fato de ela não se ver no direito ou posição de tentar me instruir, pois eu tinha autoridade sobre a vida dela e não o contrário… mas ela me via errando em relação a uma Palavra de Deus que eu havia recebido por ocasião do meu estabelecimento no ministério, e, de fato, Deus a usou para que eu consertasse algo em minha vida!

Depois disto comecei a pensar comigo mesmo e achar até divertido o ocorrido. Deus me pegou de jeito. Eu não tinha como não ouvir aquela irmã depôs da palavra que lhe dei! Então fiquei pensando na burocracia toda da coisa. Dizia para Deus: “O Senhor não podia ter falado direto comigo sobre o assunto? Porque falar comigo que outra pessoa tinha uma mensagem, para no fim a mensagem voltar para mim mesmo?” E em meio a este questionamento, o Senhor me disse que queria me ensinar a ouvir outros, a se deixar ser corrigido quando necessário ... e jamais esqueci disto!

FERIDAS DE AMOR

A Bíblia fala mais sobre este tipo de “ferida” que o justo deve praticar em relação àqueles que ama:

“Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto.” Fiéis são as feridas dum amigo, mas os beijos dum inimigo são enganosos.” (Provérbios 27.5,6)

Muitas pessoas agem com falsidade, preferido a dissimulação e o fingimento do que a franqueza e sinceridade da repreensão. Mas as Escritura Sagradas declaram que a repreensão aberta (fruto de amor sincero de uma pessoa franca) é melhor do que o amor encoberto (que não se manifesta por nunca ter coragem de falar a verdade). Precisamos aprender a falar a verdade em amor. Adular não leva a lugar algum e impede o crescimento espiritual de todos.

“O que repreende a um homem achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com língua”. (Provérbios 28.23)

A verdade deve ser dita. Pessoas que amam devem corrigir e repreender seus amados. As feridas de amor (provocadas pela repreensão) são mais valiosas que os beijos da falsidade (do fingimento de quem não quer contrariar ninguém). Os apóstolos Paulo e Pedro viveram juntos um a experiência forte neste sentido (Gl. 2.11-16). Paulo repreendeu Pedro diante de todos por estar agindo de modo errado quanto ao jeito de se relacionar com os crentes gentios.

Luciano P. Subirá   É o responsável pelo Orvalho.Com - um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa. Escritor de livros como ''De Todo o Coração'' e ''Honrando ao Senhor com Nossos Bens'', ministra palestras, abordando temas como finanças, adoração e casamento.  

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