A Jangada da Medusa

A Jangada da Medusa

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:17

Nada é fixo, nada é durável, nada é firme… Tudo está a mercê do torvelinho… A ciranda cósmica irrefreável não apenas ameaça nos tragar mas certamente o fará, no seu grande e medonho redemoinho.

Tudo é muito efêmero, mas os tolos humanos não o sabem; Vivemos em rebeldia constante, levantando-nos contra o fato intragável de que estamos apenas por um momento, quando gostaríamos de não apenas estar indefinidamente, mas ser para sempre. Sabemos, entretanto, que isto não é possível.

Esta impossibilidade nos esmaga e humilha… as nossas pretensões dão de cara contra este muro terrível obrigando-nos a assumir uma insignificância que insistimos em negar. Nosso ego não admite sua falência. Não desce do pedestal onde se colocou como uma pequena divindade. Esconde-se por trás de máscaras; Vive sob um manto de farsas.

Narcotizamos nossas almas para escapar à realidade de que não somos o que alardeamos ser; iludimo-nos estupidamente quanto a nossa efemeridade; como toda ilusão, por curta que seja, produz uma gratificação dos sentidos, viciamos nossas mentes e chafurdamos nosso nariz nessa cracolândia do “faz de conta”;

Sob o efeito desses “lança-perfumes” psíquicos, entregamo-nos ao balancê ora prazeroso, ora nauseabundo, dessa jangada de loucos… e assim vamos nós, montados em nossa nave azul que já vai também cambaleando, em razão dos maus tratos sofridos pelos seus ensandecidos inquilinos.

Se continuarmos assim, talvez a cena da famosa Balsa da Medusa, retratada por Gericault, venha a se repetir em proporções inimagináveis. Por mais que se negue a velha e boa Bíblia, não podemos escapar ao fato de que somos limitados e extremamente frágeis. Se não despertarmos a tempo, nossa arrogância poderá nos precipitar num pesadelo que espatifará para sempre aquela soberbia injustificada que insistimos cortejar.

Bom senso é voltar-se para a Escritura Sagrada e fazer coro com o salmista dizendo: “Dá-me a conhecer, SENHOR, o meu fim e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade. Deste aos meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença, o prazo da minha vida é nada. Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade. Com efeito, passa o homem como uma sombra…” (Sl 39.4-5,6a)

Luiz C. Leite   é pastor, psicanalista, administrador de empresas, conferencista e escritor. Autor de "O poder do foco", editora Memorial; e "A inteligência do Evangelho", editora Naós; além de vários títulos por publicar.

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Confira o blog do escritor:   http://luizvcc.wordpress.com/ - Clique no link para ver o vídeo do livro   "O PODER DO FOCO"

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