Fantasiar não é pecado

Fantasiar não é pecado

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:14

Lembro-me de um encontro de pastores e líderes da SEPAL onde um líder de uma igreja na Bahia me chamou no canto e pediu para eu orar por ele, pois há muito tempo não conseguia produzir uma peça nova. Contou-me que, quando entrou na igreja, sua mente era muito fértil, ele sempre criava algo novo na área de teatro e isso o deixava realizado no chamado que Deus tinha lhe dado. Ele só não sabia o porque tinha estagnado, algo havia paralisado a mente dele.

Naquela noite eu orei com ele, mas também expliquei rapidamente alguns problemas que o crente enfrenta no ambiente eclesiástico e que ele precisava identificá-los para poder superá-los.

Muita gente vem conversar comigo e até pedir oração, pois alegam que não conseguem criar algo novo, belo e impactante. Me pedem conselhos e técnicas para eles exercitarem e conseguirem no final escrever e produzir uma peça.

Não sei ao certo onde fica o limite entre a disciplina e a inspiração, mas é verdade que podemos treinar nossa mente para ser mais criativa quanto à criação de peças.

Um dos problemas é que existe uma idéia nas igrejas - explícita ou implícita - de que imaginar, fantasiar é pecado. Um bom crente não inventa moda na hora de falar uma verdade, pois a forma figurada é o ultimo passo para a idolatria.

Mas quando voltamos à bíblia percebemos que as figuras, principalmente no antigo testamento, e a imaginação são soltas na linguagem poética, contos e textos apocalípticos. O próprio Jesus não era a favor de ir direto ao assunto, sempre imaginava e contava uma historia para ilustrar uma verdade.

Usando uma figura para os criadores de peças, diria que a bíblia é o quadro mais lindo que existe, um quadro de contornos em preto e branco, mas cada intérprete o colori de acordo com sua realidade ou seu sentimento no momento. Intencionalmente ou não, quando expomos este quadro ele é apresentado com as cores que nós colocamos, podendo ser algo acinzentado ou bem colorido, de acordo com o intérprete.

Assim, quando colocamos a nossa imaginação para reinterpretar algo do cotidiano ou bíblico, devemos colorir os detalhes, as lacunas em branco sem passar por cima dos traços principais da pintura, pois não devemos esquecer que a cor que colocamos sem tirar o contorno pode apenas ressaltar os traços ou borrá-los.

Não é pecado imaginar, não é pecado ter fantasias, as crianças podem nos ensinar isso muito bem, elas são PhD’s na arte de fantasiar. Temos que nos tornar mais crianças se quisermos trabalhar na criação de peças. Não estou falando em peças para crianças (apenas), estou falando de peças que usam a fantasia e a imaginação para todas as idades.

Não tenha medo de imaginar as histórias bíblicas, de remontar os detalhes e de ir além. Não apenas falar o que não foi registrado pelos personagens, falar o que os objetos falariam se pudessem falar, porque, na verdade, eles podem através da fantasia, através de você.

O seu limite é a graça de Deus, é o amor ao próximo, pois você está colocando a arte e a imaginação a serviço dEle e apontando para Ele.

Marcos Botelho é pós-graduado em Teologia Urbana, Missionário do Jovens da Verdade, SEPAL. Professor da FLAM - Faculdade Latino Americana de Missões e responsável pelo Terra dos Palhaços Brasil

www.jvnaestrada.com

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