Existem muitos versículos nas Escrituras que são realmente incríveis, mas agora vamos falar de um onde se encontra a oração de ação de graças recitada pelo rei David: “O IHVH é a minha luz e a minha salvação; de quem terei temor?” (Salmos 27:1).
No original, em hebraico, as palavras são:
יְהוָה אוֹרִי וְיִשְׁעִימִמִּי אִירָא
Adonai ori v’ishimimi ira
Vamos atentar para a semelhança poética entre a segunda palavra (ori – minha luz) e a última (ira – terei temor). Ela contrasta a mensagem principal de uma forma muito bonita. Somente no original em hebraico é possível apreciar a verdadeira emoção de Davi: a luz de D-us anula o temor dos homens.
Este contraste nos leva a pensarmos em algo muito profundo: quando eu tenho a Luz e a salvação do Eterno elas me fazem enxergar a verdadeira dimensão de minha vida e isso lança fora todo o temor.
Vamos analisar as ocorrências desta palavra “ori”:
A primeira ocorrência está ligada ao nome de uma pessoa: Betzalel. O texto nos diz: “Eis que eu tenho chamado por nome a Batzalel, o filho de Uri, filho de Chur, da tribo de Judá” Ex 31.2. O que chama mais atenção aqui é que “Betzalel” – que significa “na sombra do Eterno” é filho de Uri – “minha luz”. Betzalel foi chamado para construir o Tabernáculo de Moshe e este garoto tem um pai que se chama “Minha luz” e seu nome significa “na sombra do Eterno”! A sombra está ligada à proteção, o que denota a importância deste garoto, pois desde sua concepção ele está “protegido” pelo Eterno pois foi gerado por “minha luz” – ou seja, a Luz do Eterno. Um outro aspecto interessante aqui é que o chamado de Betzalel se deu “pelo nome”, ou seja, ele foi convocado para um trabalho de forma especial, formal e individual o que faz deste chamado algo intransferível. Esta consciência que Betzalel tinha não somente sobre sua origem – a Luz do Eterno – assim como a sua capacitação fez com que não houvesse temor em seu coração por causa de sua missão: edificar um tabernáculo que só existia nos céus mas que receberia também uma forma na terra através de suas mãos.
Ele recebe uma capacitação divina para executar esta obra e o Midrash relata que aconteceu assim: “Betsal’el foi inspirado com sabedoria Divina e compreensão para ser capaz de ser bem-sucedido nesta missão.
Assim como foi mostrada a Moshê uma visão da estrutura detalhada de cada utensílio do Tabernáculo, assim também foi concedida a Betsal’el uma visão Celestial da forma e desenho de cada objeto”. Duas coisas aconteceram aqui: Betsalel foi capacitado com uma sabedoria divina para fazer o tabernáculo e ele viu o que Moshe viu na eternidade: o Tabernáculo celestial que deveria ser reproduzido no deserto para abrigar a presença divina.
O pai de Betsalel – Uri (Minha luz) dá origem a um filho que se torna o construtor do Tabernáculo que é um microcosmo do universo! Temos aqui um paralelo incrível entre O Pai e Ieshua que são respectivamente a Origem da Luz e o Construtor do Universo.
A próxima referência diz assim: “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do IHVH vai nascendo sobre ti” Is 60.1. Neste texto a palavra “resplandece” vem do termo hebraico “ori” que deveria ter sido traduzido como “minha luz”. Em hebraico temos um jogo de palavra com “minha luz” e “tua luz” mostrando que o Eterno está “levantando” alguém cuja “designação” é “minha luz” mas esta pessoa também carrega a sua própria luz e a glória do IHVH está sobre Ele. Esta profecia aponta para um evento messiânico: a aparição da Luz da Eternidade – o Messias – que é a Luz do Eterno e que se manifestaria no mundo trazendo de volta a Glória do Pai para corroborar a missão do Enviado – o Filho – na terra.
Este verso – com os demais que se seguem – nos mostram que a missão do Messias se daria primeiramente em Israel e depois alcançaria as demais nações do mundo. É claro que essa missão universal se daria não somente naquele momento, mas ocorreria em duas fases, sendo a primeira a fase da “redenção” das “ovelhas perdidas da casa de Israel” e na segunda fase o tratamento seria dado de forma particular à nação de Israel como um todo.
Quando lemos o capítulo 60 de Isaías temos justamente esta visão e isso se encaixa perfeitamente com a Tradição Judaica que também afirma que o Messias viria e agiria desta forma sempre em duas fases: o Messias Sofredor primeiro e depois o Messias Vencedor – Guerreiro – que faria com que a redenção de Israel fosse completa.
A terceira referência é a do Salmo 27 – que foi nosso ponto de partida – e que mostra a dificuldade que David tinha com seus inimigos, as que pela sua confiança no Eterno ele os vê sendo desbaratados e vencidos, enquanto que a ele é dada a exaltação de quem sabe esperar e abrigar-se no Eterno.
Conclusão:
A riqueza das Escrituras é realmente infinita e nos mostra que mesmo um pequeno verso traz conexões maravilhosas e que nos remetem sempre ao mesmo ponto: Ieshua.
Ele é a Luz do Pai que veio para brilhar neste mundo e também para fazer com que as trevas sejam expulsas da vida daqueles que desejam viver num padrão de vida real, ou seja, uma vida de reconexão com a sua origem – os céus – e também uma vida de obediência e temor ao Eterno através de Ieshua.
Mais uma vez estamos diante de uma escolha: como desejamos viver nossas vidas? O que desejamos herdar após nossa partida deste mundo?
Sabemos que cada ser humano nascido terá que se apresentar um dia diante de Seu Criador para dar conta de sua vida e isso nos faz refletir: que tipo de vida estou levando aqui e agora e qual é o meu objetivo enquanto estou na terra?
Muitos de nós temos a felicidade de ter conosco a Ieshua como Senhor e salvador de nossas vidas e Ele é para nós – de forma palpável – a Luz da Eternidade, ou seja, Aquele que veio e nos reconectou com a eternidade e também nos faz caminhar em temor e tremor diante do Eterno. Só isso já bastaria, mas desejamos mais. Queremos obedecer a dizer à todos aqueles que nos rodeiam que Ieshua é o Senhor do Universo e que logo virá para nos buscar.
Por isso as palavras do profeta nunca foram tão atuais: “Portanto, assim te farei, ó Israel! E porque isto te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Elohim. Porque é ele o que forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual é o seu pensamento, o que faz da manhã trevas, e pisa os altos da terra; o IHVH, o IHVH dos Exércitos é o seu nome” Am 4.12-13.
Que o Eterno nos abençoe e que tenhamos a condição de tomar as decisões acertadas agora para que recebamos no futuro a devida recompensa: a vida eterna.
Baruch ha Shem!
Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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