A tradição judaica atribui diversos nomes pelos quais o Ungido seria chamado, e entre tantos vamos destacar um neste artigo. Vejamos o que diz a tradição:
A riqueza de nomes associados ao Messias indica a extensão das ideias que o cercam. Esses nomes incluem; Messias ben Iosef, Messias ben David, Messias ben Ephraim, o Messias Leproso, Cabeça dos Dias, Filho do Homem, Tzemah (Atirar), Menachem (Consolador), Nehora (Luz), Shalom (Paz), Tzaddik (Justo), Adonai (Senhor), Yinnon (Continuação), Tzidqenu (Nossa Justiça), Pele (Milagre), Yo’etz (Conselheiro), El (D-us), Gibbor (Herói), Avi ‘Ad Shalom (Pai Eterno da Paz), Fragrância, David, Siló, Elias.
אנכי האל עושה פלא
Anochi ha’el osse fele
O nome פֶלֶא (pele – milagre) é um dos oito nomes do Messias, conforme Isaías 9:5. Esses nomes, também chamados de “as oito línguas da beleza”, são: פֶלֶא יוֹעֵץ אֵל גִּבּוֹר אֲבִיעַד שַר־שָׁלוֹם (pele, yoets, el-gibor, avi-ad, sar-shalom).
A natureza de Pele é revelada ao invertermos as letras para construir
a palavra אַלףֶ (Alef). O próprio D-us é chamado de Alef (que significa tanto 1 quanto 1.000, visto que D-us é infinito), enquanto o Messias é chamado de Pele, pois está escrito: “Eu e o Pai somos um” ( אַלףֶ=פֶלֶא = Alef=Pele). Daqui temos que que Pele é igual a “alef” demonstrando que o Eterno é a origem dos milagres e que nada acontece fora d´Ele!
Quando isso é atribuído ao Ungido- Messias – relaciona-se ao poder que Ele recebe para mudar a ordem natural das coisas e até mesmo para subverter a ordem espiritual fazendo com que elementos celestiais possam fazer parte do dia-a-dia das pessoas. Isso já havia acontecido com Israel quando o Eterno envia Moshe – que também é uma figura do Ungido – para libertar seu povo. Moshe introduz o elemento celestial – manifestações milagrosas – celestiais – em meio à realidade diária do povo no Egito; Ieshua faz o mesmo em Israel trazendo de volta a dimensão profética que havia cessado com o tempo dentro da nação. Agora sob o poder de Roma, a dimensão miraculosa volta a Israel. Os rabinos dizem que o shekiná retornou a Israel e isso mudou totalmente a história dos judeus naquela época.
Então, quando oramos, há uma oração especial e nessa oração especial, logo antes do Shemá, junto a Israel, rogamos ao Messias filho de Iosef para que deixe a prisão de Edom e Se revele a nós.
Lemos no livro de Gênesis: “Então o mestre de Iosef o colocou na prisão, onde os prisioneiros do rei são colocados, mas mesmo enquanto ele estava lá na prisão…”. Em Cântico dos Cânticos 2:9 lemos: “eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas.” Da mesma forma, durante o Shavuot, clamamos por libertação para experimentarmos a liberdade do Messias, enquanto ele sai da prisão conosco. Está registrado em Gálatas 2:20: “logo, já não sou eu quem vive, mas o Mashiach vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de D-us, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”. Esse é o motivo de o termo עבֶֶד עבְִרִי (eved ivri – servo hebreu) apresentar o mesmo valor numérico de משִָׁיח (Mashiach – Messias). Quando formos libertados, o Messias também será. Nosso tikun pessoal em relação ao nosso “bezerro de ouro” leva ao histórico tikun do nome de Ieshua.
É o chamado da noiva (Israel) ao noivo (o Messias) que faz com que Ele seja solto e liberto de Edom e de Sua escravidão em Roma, como a Torah declara: “Se comprares um escravo hebreu (eved ivri), seis anos servirá; mas, ao sétimo ano, sairá forro, de graça” (Êxodo 21:2).
O fato que relaciona o Ungido a Edom fica parecendo sem sentido, mas Edom representa Roma; então o Messias deve ser revelado em Roma – em nossos dias – e Ele está oculto dentro dos padrões romanos. Nós bem sabemos como isso é verdadeiro… Atualmente o Ungido é pregado em todo o mundo com uma aparência “romana”, ou seja, com características não judaicas. E isso tem dificultado muito aos judeus poderem reconhecerem a Ieshua como o Ungido. As informações que lhes são passadas – aos judeus – estão totalmente distorcidas e eles em sua grande maioria não buscam “conferir” estas informações recebidas e acreditam que assim seja.
Os milagres hoje
Em nossos dias continuamos vendo manifestações de milagres que ocorrem quando pessoas oram usando o nome de Ieshua. Isso somente comprova que este nome está ligado a “Pele” – Milagre, e esta é uma característica do Ungido. O fato de que os milagres estejam ligados ao nome de Ieshua nos mostra que Ele é realmente o enviado do Eterno para a redenção da humanidade.
Ieshua disse que em Seu nome muitos sinais – milagres – aconteceriam enquanto seus discípulos anunciariam as boas novas.
“E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o pai seja glorificado no filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” Jo 14.13-14.
Os milagres passaram a ser algo muito corriqueiro no ministério de Ieshua e tal fato está ligado a esta questão de um de seus nomes ser “pele – milagre”. Aqui o nome que o Ungido recebeu profeticamente reflete-se em seu caminhar em meio aos judeus de sua época. Isso aconteceu também com seus discípulos: “Varões israelitas, escutai estas palavras: A Ieshua Nazareno, varão aprovado por Elohim entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Elohim por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” At 2.22. “E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” At 2.43.
Estes dois textos nos mostram a ligação entre o Ungido, Elohim e os sinais que agem como atos comprobatórios daquilo que foi profetizado no passado e que agora se manifesta no presente. Isso aconteceu com Ieshua e também com seus discípulos; ou seja, os sinais – milagres – não cessaram mais como esperavam alguns e isso conecta esta era – 2.000 anos – à era messiânica que o judaísmo diz estar vigente.
Milagres x judaísmo
Existem correntes dentro do judaísmo que pregam que não há mais necessidade de milagres e que estes nada provam. Ora, esta questão parece estar muito clara já na definição dos sábios que ao nos ensinarem que um dos nomes do Ungido é “pele – milagre” esta condição espiritual de interferência dos céus na terra se tornaria algo mais frequente em nossa vida. O problema não é admitir que os sábios estão certos, mas sim admitir que Ieshua é o Ungido e que os milagres que são feitos em seu nome validam o seu messianismo.
Esta situação nos remete a questão histórica de união entre judeus e pretensos “gentios”, o que para alguns é inconcebível. Para um judeu admitir que um judeu messiânico ou mesmo um crente protestante é judeu também é algo quase que impossível. Pela lógica existe uma “repulsa” dos judeus por estas pessoas, graças às informações corrompidas que foram recebidas por eles acerca da Brit Hadasha e de Ieshua. Para eles todos os citados são “cristãos” e são o povo que corromperam o judaísmo criando uma nova religião pagã!
Dada esta situação há um descrédito por parte dos judeus acerca de Ieshua e dos demais acerca do judaísmo. Foi criada pelas trevas uma parede de separação entre estes dois povos – que na realidade é um só – o que dificulta a aproximação entre ambos e naturalmente o diálogo é cada vez mais difícil.
Finalizando…
As provas de que a tradição judaica associa o Ungido aos milagres – pois este é um de seus nomes – é clara e a cada dia percebemos a necessidade de ensinar a ambos – judeus e crentes em Ieshua – que eles têm tudo em comum e só precisam reconhecerem-se como irmãos de sangue para viverem uma vida de plenitude onde cada um dará ao outro aquilo que tem: o judaísmo contribui com o vasto conhecimento das Escrituras; os crentes em Ieshua contribuem com a unção do Espírito o Santo e juntos certamente realizaremos uma grande obra que fará com que o Ungido venha em breve nos buscar.
Baruch há Shem!
Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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