Como aprender a gerir conflitos em uma geração que só propaga o vitimismo?

Gerir os próprios conflitos nem sempre é fácil, mas sem dúvida é o melhor caminho para ser uma pessoa mais madura e feliz.

Fonte: Guiame, Marisa LoboAtualizado: sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022 às 17:47
(Foto: Pixabay)
(Foto: Pixabay)

Um dos grandes benefícios da psicologia clínica é a busca pela compreensão do ser humano em toda a sua complexidade, de modo que possamos aprender a lidar com os mais diversos tipos de conflitos. No entanto, a geração atual parece não querer encarar a natureza dos próprios dilemas, e isso parece estar relacionado a algo muito comum atualmente: o vitimismo!

Não me entenda mal! O vitimismo do qual me refiro não tem a ver com pessoas que realmente são vítimas de circunstâncias problemáticas, por vezes trágicas, das quais o controle escapa das nossas mãos.

Me refiro, isto sim, ao vitimismo como narrativa de conformidade, rendição e inércia diante da vida, mesmo nas situações onde o poder de mudança está ao nosso alcance. Essa cultura do "coitadismo" é tão marcante em nossa geração, que até mesmo a teologia cristã tem sofrido a sua influência.

Em algumas igrejas, por exemplo, o culto a Deus tem sido substituído pela reivindicação de "direitos" e "declarações" de quem se julga vítima até dos próprios pecados, como se o Criador tivesse a obrigação de nos ressarcir pelo simples fato de ter nos criado.

Em vez de confissão, arrependimento e louvor pela graça imerecida do Senhor, alguns têm tratado o sacrifício de Cristo na cruz como uma espécie de fundo de garantia contra danos pessoais, de modo que Deus não é visto como alguém perante o qual devemos nos curvar e suplicar misericórdia, mas sim exigir soluções imediatas para cada vírgula de frustração aqui na Terra.

Saia dessa condição

O meu alerta é pontual: quem faz uso do vitimismo para se autojustificar diante das circunstâncias, dificilmente conseguirá gerir os próprios conflitos. Em vez disso, será uma pessoa eternamente dependente emocional e socialmente dos outros, fadada ao fracasso e ao amargor da vida.

Isso, porque, vitimistas costumam tolerar os próprios erros e defeitos, pois tentam colocar a culpa das suas frustrações em qualquer coisa, menos no poder das suas escolhas. Essa postura contraria até mesmo a perspectiva bíblica sobre responsabilidade individual. Veja o que diz, por exemplo, Ezequiel 18:20:

"Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa do filho. A justiça do justo lhe será creditada, e a impiedade do ímpio lhe será cobrada".

Ou seja, assim como o pecado é imputado àquele que peca, pelo qual será cobrado, grande parte dos conflitos que enfrentamos é resultado da vida que levamos. Entender isso e reconhecer o poder que temos em mãos, a partir das nossas próprias decisões, é a chave para grandes mudanças.

Portanto, não se deixe incapacitar pelo vitimismo; assuma responsabilidades. O que parece mais confortável hoje, atribuindo a outros e a Deus o papel que você mesmo pode exercer, agora, será a sua culpa de amanhã.

Gerir os próprios conflitos nem sempre é fácil, mas sem dúvida é o melhor caminho para ser uma pessoa mais madura e feliz. Pense nisso.

Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Caso Adele: o ativismo de gênero virou uma psicopatia coletiva

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