Em uma das suas cartas a Timóteo, o apóstolo Paulo fez referência a um termo muito peculiar que deve servir de lição para nós, cristãos, no momento em que estamos no Brasil. Diferente do que alguns imaginam, ele não se aplica apenas ao testemunho da fé em Cristo de forma estritamente religiosa, mas também social.
Na passagem de 2 Timóteo 1:7, Paulo diz que "Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio." No contexto, se trata de uma advertência sobre a importância de se posicionar fazendo jus à fé cristã, pois no versículo seguinte o apóstolo diz o seguinte:
"Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus".
O que precisamos entender é que "testemunhar do Senhor" e suportar "os sofrimentos pelo evangelho" vai muito além de apenas se declarar cristão, participar dos cultos a Deus ou a compartilhar os ensinamentos de Jesus com os descrentes, pois esse testemunho envolve tudo o que, na essência, os valores judaico-cristãos representam dentro e fora da igreja.
Em outras palavras, também testemunhamos a fé no Senhor quando nos posicionamos em defesa da vida desde à concepção, sendo contra o aborto, assim como, quando defendemos a família biologicamente tradicional, composta por homem e mulher, ou quando lutamos pela liberdade dos pais em poder educar os seus filhos de acordo com os seus valores.
A Bíblia delega aos pais a responsabilidade de proteger e educar os seus filhos, de modo que, por exemplo, se um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional for de encontro a esse princípio, retirando da família esse direito para entregá-lo nas mãos do Estado, nós, cristãos, temos a obrigação de nos posicionar contrário a ele.
Em minha trajetória de militância em defesa da família, contra a legalização das drogas e do aborto, bem como contra o ativismo LGBT, já enfrentei inúmeros processos judiciais. Tentaram assassinar a minha reputação e retirar de mim o meu registro profissional, como psicóloga, e por quê? Porque isso também faz parte dos "sofrimentos pelo evangelho".
Se o que defendemos na sociedade vai de encontro ao que o mundo prega, ao mesmo tempo em que reflete os valores da nossa fé, consequentemente estamos testemunhando Jesus em nossas vidas. É por isso que o alerta do apóstolo Paulo feito a Timóteo, quanto ao não se deixar acovardar, vai muito além da prática estritamente religiosa. Ele também envolve a vida em sociedade.
Em 2022, por exemplo, teremos eleições presidenciais no Brasil, assim como para deputados, senadores e governos estaduais. Nós, cristãos, temos a obrigação de nos posicionar em defesa dos candidatos que mais refletem os valores da nossa fé, especialmente em um contexto em que o mundo está se inclinando cada vez mais para o autoritarismo e para uma cultura anticristã.
O momento, portanto, não é de omissão, mas sim de posição. Isso diz respeito a mim, a você e a todos os líderes cristãos e religiosos que partilham conosco de valores semelhantes. Devemos nos posicionar desde já, porque se não tivermos essa atitude, agora, talvez amanhã seja tarde demais. Que venha 2022!
Marisa Lobo é psicóloga, especialista em Direitos Humanos, presidente do movimento Pró-Mulher e autora dos livros "Por que as pessoas Mentem?", "A Ideologia de Gênero na Educação" e "Famílias em Perigo".
* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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