O Dia dos Pais é um encontro anual com a gratidão

Os momentos iniciais com o meu primeiro filho me trouxeram mais significado por minuto do que qualquer outra coisa que tinha vivido.

Fonte: Guiame, René BreuelAtualizado: quarta-feira, 14 de agosto de 2024 às 17:32
(Foto: Unsplash/Daiga Ellaby)
(Foto: Unsplash/Daiga Ellaby)

Antes de ter filhos, o Dia dos Pais não tinha muito significado para mim. Mas, quando virei pai, percebi que eu era participante em um mundo cheio de benevolência e beleza.

Os momentos iniciais com o meu primeiro filho me trouxeram mais significado por minuto do que qualquer outra coisa que tinha vivido. Olhos grandes, bochechas macias e dedinhos tão pequenos que segurá-los era como segurar a brisa da manhã.

Me senti atropelado por um trem, também. Era um tipo de exaustão encantada: tanta gratidão, doçura e maravilha, mas vigor limitado para saboreá-las. O coração queria capturar cada detalhe e aproveitar todo momento. O corpo, uma noite de descanso seguida por uma massagem e um dia de molho numa banheira.

Meu diálogo interior era mais ou menos assim:

Coração: “Olha só! Sinta isso! Vamos lá!”

Corpo: “Ok, só me dá um minutinho.”

A coisa que mais marcou o primeiro dia de vida do Pietro foi o fato de que ele estava lá. Uma gestação de nove meses deveria ter me preparado, mas, para falar a verdade, ele me surpreendeu. Não estava pronto para a chegada de um novo ser.

Que esse menininho fosse meu filho parecia ser um detalhe meio enganoso, pois eu não podia tomar crédito por um ser humano perfeitamente formado e pelo seu sistema nervoso e suas células que se multiplicavam.

Foi uma percepção encantadora: a vida começa; pessoas que não existiam passam a existir; algo grande e generoso tinha acontecido; um mundo de futuras experiências, amores e memórias tinha nascido bem diante de meus olhos. Nada antes, algo depois. Duas pessoas, aí três. Um berço vazio, então, um menininho respirando ali dentro.

Como conto em Não é fácil ser pai, preparar-me emocionalmente para ser pai foi uma das transições mais difíceis da minha vida. Mas datas como o Dia dos Pais me trazem à mente aquelas primeiras sensações maravilhadas. É um lembrete anual de cultivar a gratidão em uma sociedade distraída e apressada.

 

René Breuel é um escritor brasileiro que mora em Roma, na Itália. Autor das obras O Paradoxo da Felicidade e Não É fácil Ser Pai, possui mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e em Teologia pelo Regent College, no Canadá. É casado com Sarah e pai de dois meninos, Pietro e Matteo.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Arte e Bíblia, que combinação!

 

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