A Solução Romântica é uma busca espiritual

Há pessoas que não amam um cônjuge humano porque é imperfeito. Mas a solução não é mudar o outro, é mudar seu coração.

Fonte: Guiame, René BreuelAtualizado: quarta-feira, 11 de setembro de 2024 às 18:08
(Ilustração: Pixabay/Susan-lu4esm)
(Ilustração: Pixabay/Susan-lu4esm)

Recentemente, um artigo do New York Times me fez sorrir. Ele conta a história de uma rede de livrarias de romances nos Estados Unidos que têm nomes divertidos como Beauty and the Book, Grump and Sunshine, Kiss & Tale e Love’s Sweet Arrow. Em vez de colocar narrativas românticas entre outros gêneros literários, essas livrarias estão repletas de romances sobre proximidade forçada, inimigos que se tornam amantes, casamentos grandiosos e casais felizes para sempre.

A Steamy Lit também estoca ficção geral e não-ficção para os raros clientes que não gostam de romance, em uma estante chamada "Me Arrastaram Aqui". Ela está escondida em um local discreto, nos fundos da loja.

Livros como esses celebram um dos projetos de vida mais comuns de nossa época: encontrar a pessoa que o faça sentir-se amado e que ponha fim aos seus anseios e medos. No filme 500 Dias Com Ela, o personagem principal confessa: “Adoro como ela me faz sentir. Como se tudo fosse possível. Como, sei lá... como se a vida valesse a pena”. Um amigo seu percebe essa paixão avassaladora e chega a dizer: “Amor? ... Sei lá. Desde que ela seja bonita e esteja afim. Posso ser flexível com relação à beleza”.

Quero deixar claro: amor, casamento e romance são dons maravilhosos dados por Deus. O que eu estou falando aqui é da Solução Romântica. Por exemplo, pensar que o romance resolverá outras áreas de nossa vida, como imaginar que ele curará nossas feridas. Esperar que o amor nos salve. Conceber algo como: “Se você realmente idealizar a outra pessoa, colocá-la em um pedestal e fazer dela tudo por você, esse amor o completará.”

Ao longo da história, a maior parte da humanidade buscou em Deus segurança, esperança e amor. Mas quando a religião começou a ter cada vez menos seguidores na modernidade, quem se tornaria nosso ponto de referência em meio às angústias da vida? Em The Denial of Death (A negação da morte), Ernest Becker explicou que o homem moderno

ainda precisava se sentir heroico, saber que sua vida era importante no esquema das coisas; (...) ele ainda precisava se fundir com algum significado mais elevado e satisfatório, em confiança e gratidão.... Se ele não tinha mais Deus, como poderia fazer isso? Uma das primeiras maneiras que lhe ocorreu, como [Otto] Rank viu, foi a ‘solução romântica’: ele fixou seu desejo de heroísmo cósmico em outra pessoa na forma de um objeto de amor. A autoglorificação de que precisava em sua natureza mais íntima agora era buscada no parceiro amoroso. O parceiro amoroso se torna o ideal divino dentro do qual se realiza a vida... Afinal de contas, o que queremos quando elevamos o parceiro amoroso à posição de Deus? Queremos a redenção – nada menos que isso. Queremos nos livrar de nossas faltas, de nosso sentimento de nada. Queremos ser justificados, saber que nossa criação não foi em vão.

A busca pelo amor romântico pode se tornar uma busca espiritual em que buscamos coisas que somente Deus pode proporcionar, como plenitude, cura e salvação. Mas não pense que você encontrará Deus no romance. Não espere que ele o salve. Não acredite na solução romântica como um projeto de redenção. Não espere que um ser humano imperfeito seja a solução para suas angústias.

Há pessoas que pulam de relacionamento em relacionamento em busca desse elemento mágico. Há pessoas que não amam um cônjuge humano porque é imperfeito. Mas a solução não é mudar o outro, é mudar seu coração.

Acima de tudo, é ter Jesus como sua solução, realização e companheiro de alma. Isso permitirá que você ame com maturidade, tenha expectativas realistas e tenha compaixão pelas fragilidades das outras pessoas, assim como os outros têm compaixão das suas.

Um casamento em que marido e mulher esperam que a outra pessoa seja sua solução terminará em decepção; um casamento em que marido e mulher encontram sua mais profunda satisfação em Deus permanece terno e sólido.

Sua solução deve ser Jesus, não o cônjuge que você tem ou gostaria de ter.

Referência:

https://www.nytimes.com/2024/07/07/books/romance-bookstores.html

 

René Breuel é um escritor brasileiro que mora em Roma, na Itália. Autor das obras O Paradoxo da Felicidade e Não É fácil Ser Pai, possui mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e em Teologia pelo Regent College, no Canadá. É casado com Sarah e pai de dois meninos, Pietro e Matteo.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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