Frágeis pensamentos sobre a verdade

Frágeis pensamentos sobre a verdade

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

O pensamento precisa de espaço para pensar. Para cogitar, faz bem desembaraçar-se de censuras. Transpor valados não significa cortejar desastre. Existe vida além do horizonte. Lá, onde vivem os delinquentes também há amor. Aliás, cria melhor quem ousa visitar a trincheira dos hereges.

Quem pensa não inventa a verdade; a verdade constrói o pensador. Newton não imaginou a lei da gravidade, foi a gravidade que transformou os seus olhos. Depois que uma maçã despencou, Newton perguntou: Por que ela cai e não flutua? Dessa pergunta a humanidade descobriu a verdade que os corpos se atraem na razão direta das massas e inversamente ao quadrado da distância que os separa. A verdade já existia, mas precisava de uma mente pronta para acolhê-la.  

Além da verdade empírica permanecem a estética, a mística e a ética.

Michelângelo sentiu a dor de Maria e foi capaz de expressá-la em um bloco de mármore, a Pietá; Picasso horrorizou-se com a guerra e Guernica se eternizou. Beethoven, Bach, Mozart e outros virtuoses ouviram melodias, escreveram partituras, e as orquestras passaram a encantar o mundo.

São João da Cruz, Mestre Eckhart, Teresa de Ávila e muitos místicos intuiram verdades que os Catecismos, as Confissões de Fé e as Dogmáticas não abarcaram. Repetiram que a verdade descansa no mistério, no absurdo, onde a razão não chega.

Ghandi, Martin Luther King, Madre Teresa de Calcutá, Jimmy Carter encarnaram a máxima cristã de que a vida eterna pertence a quem se curva para ajudar o caído. Os juízes e os magistrados são profetas que pelejam pelo que é justo e correto.

A verdade, porém, é maior que a capacidade humana de concebê-la. O saber de todas as bibliotecas mal arranha a superfície da complexa mecânica do universo. A beleza de todos os museus guarda meros fragmentos da criatividade do coração de homens e de mulheres. A percepção de todos os santos é incapaz de discernir o imponderável do mundo espiritual. Toda a bondade já encarnada não exaure a nobreza que ainda pode ser vivenciada no mundo.

A verdade depende da graça para não correr o perigo de ser instrumento de morte; carece de conectar-se com a vida para não ficar confinada a uma torre de marfim; precisa ser humilde para não gerar arrogância.

Toda a verdade pertence a Deus.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim é pastor da Igreja Betesda de São Paulo e presidente da Convenção Nacional da denominação. Presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos. Gondim é casado com Silvia Geruza Rodrigues, pai de três filhos - Carolina, 29; Cynthia, 27; e Pedro, 19 - e avô de Gabriela, Felipe e Felipe Naran. Nascido em 1954, em Fortaleza, Ceará, é formado em Administração de Empresas. Viveu nos Estados Unidos onde obteve formação teológica no Gênesis Training Center em Santa Rosa, Califórnia. Ministra palestras e conferências. É colunista das revistas evangélicas ''Ultimato'' e ''Enfoque Gospel''. Como escritor, Gondim é autor de livros como ''O Evangelho da Nova Era'', ''Santos em Guerra'', ''Saduceus e Fariseus'', ''Creia na Possibilidade da Vitória'', ''É Proibido'' - obra indicada ao prêmio Jabuti, de literatura brasileira -, ''Artesão de uma Nova História'', ''Como vencer a Inconstância'', ''A presença imperceptível de Deus'', ''Do Púlpito 5'', ''O que os evangélicos (não) falam'', ''Creio, mais tenho dúvidas'', e ''Sem perder a Alma'', o mais recente.

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