Kazoh Kitamori, muito prazer.

Kazoh Kitamori, muito prazer.

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:19

Meu orientador no programa de mestrado na Universidade Metodista, Jung Mo Sung, recomendou que eu lesse,  “Theology of the pain of God”, do teólogo japonês, Dr. Kazoh Kitamori (1916-1998). Comecei e não quero mais parar.

Quando Kitamori escreveu sua teologia, deu muito o que falar. Ele percebia algumas verdades por um viés diferente e acabou comentado por feras como Heinrich Ott, Jürgen Moltmann, Dorothe Solle, Hans Kung e, mais recentemente, Allister McGrath.

Embora aclamado como o teólogo japonês mais lido de todos os tempos, Kitamori foi condenado ao ostracismo pelo “main stream” evangélico de seu país. Consciente do fato, ele gostava de citar o texto de Hebreus 13.12, que relata a morte de Jesus do lado de fora dos portões de Jerusalém. Kitamori se considerava um ''marginalizado'' que caminhava e laborava teologicamente de ''fora dos portões''.

A teologia de Kitamori é asiática, e isso quer dizer: ele não considerava os mesmos pressupostos gregos que alicerçaram a teologia ocidental. Já no primeiro capítulo Kitamori afirma:

''A tarefa da 'teologia da dor de Deus' é suplantar a teologia que advoga um Deus que não tem nenhuma dor...; a teologia da dor de Deus lida com dois lados da verdade, e assim, nossa presente tarefa também deve ir contra dois lados: (1) contra a posição que rejeita um Deus 'todo-inclusivo', e (2) contra a posição que exclui a dor de Deus de seu amor inclusivo ''.

No prefácio da quinta edição, Kitamori se antecipa aos seus críticos, e afirma: “A teologia da dor de Deus não significa que dor exista em Deus como substância. A dor de Deus não é um 'conceito de substância' - mas um 'conceito de relação', uma natureza do 'amor de Deus''.

Devagar, ainda leio as primeiras páginas, mas sinto necessidade de registrar alguns pensamentos seus; até para que assimile tanta informação nova e bonita:

'' Devemos esquadrinhar o coração do evangelho procurando conhecer a vontade de Deus minunciosamente (Cl 1.9) e investigando as profundezas de Deus (1Co 2.10). Esta petição deve tornar-se nossa, como na oração de Kierkgaard:

Senhor! Dá-nos olhos fracos

para o que não tem nenhum valor

e olhos nítidos

para toda a tua verdade.

(...) O coração do evangelho me foi revelado como a ''dor de Deus''. Esta revelação me conduziu à senda por onde o profeta Jeremias trilhou (Jr 31.20). Jeremias foi um homem 'que viu o coração de Deus mais profundamente'. (Kittel). Sinto-me pleno de gratidão porque me foi permitido experimentar as profundezas do coração de Deus com Jeremias.

Jeremias pode ser chamado o Paulo do Antigo Testamento; Paulo foi o Jeremias do Novo. 'Deus na cruz' para Paulo é o 'Deus em tormento', de Jeremias. Deus que se revelou a Jeremias serviu de profecia e testemunho sobre o Deus que se revelou a Paulo. Quando o 'Deus na cruz' é oculto, a teologia da 'dor de Deus' servirá para clarear este trajeto obscurecido' '.

Espero navegar nas águas deste pensador japonês e, pela primeira vez, inteirar-me de sua teologia.

Quem dominar o inglês e quiser adquirir esta preciosidade, compre pela Amazon - ''Theology of the Pain of God'' - Kazoh Kitamori, Wipf and Stock Poublishers.

Vou ler e meditar; depois escrevo mais.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim   é pastor da Igreja Betesda de São Paulo e presidente da Convenção Nacional da denominação. Presidente do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos. Gondim é casado com Silvia Geruza Rodrigues, pai de três filhos - Carolina, 29; Cynthia, 27; e Pedro, 19 - e avô de Gabriela, Felipe e Felipe Naran. Nascido em 1954, em Fortaleza, Ceará, é formado em Administração de Empresas. Viveu nos Estados Unidos onde obteve formação teológica no Gênesis Training Center em Santa Rosa, Califórnia.

Ministra palestras e conferências. É colunista das revistas evangélicas ''Ultimato'' e ''Enfoque Gospel''. Como escritor, Gondim é autor de livros como ''O Evangelho da Nova Era'', ''Santos em Guerra'', ''Saduceus e Fariseus'', ''Creia na Possibilidade da Vitória'', ''É Proibido'' - obra indicada ao prêmio Jabuti, de literatura brasileira -, ''Artesão de uma Nova História'', ''Como vencer a Inconstância'', ''A presença imperceptível de Deus'', ''Do Púlpito 5'', ''O que os evangélicos (não) falam'', ''Creio, mas tenho dúvidas'', e ''Sem perder a Alma'', o mais recente.

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