
Imaginei-me sendo entrevistado. Tudo hipotético, claro. Os editores estudantis de um pasquim eletrônico, querendo dialogar com setores pouco conhecidos, teriam me convidado para uma conversa gravada e simultaneamente transmitida em livestream.
 
	 
	– Por favor, fala para nós o que você consideraria deplorável.
	– Posso?
	– Claro que sim.
	– Então lá vai…
	 
	Carta, mensagem, ou telefonema anônimo. Quem escreve, envia e-mail ou telefona sob o manto da obscuridade não honra as saias ou as calças que veste.
	 
	Recados chancelados com a senha: “Deus mandou dizer que…” Quem precisa afirmar que tem linha direta com os céus para dizer qualquer coisa não será tido por inocente – nem por Deus e nem pelas pessoas.
	 
	Murismo, mornidão, de quem vive a defender reputação, emprego, posição social. Nada mais enauseante do que jogar a dignidade pela janela para preservar-se.
	 
	Complacência, preguiça, inatividade. Como é ruim caminhar com “escorões”, com quem vive pendurado no trabalho alheio. Os chupins humanos são execráveis.
	 
	Preconceito, pré-julgamento e soberba. Quem a priori rechaça o outro, precisa de rótulo para esconder a própria mediocridade.
	 
	Fofoca, boataria e suspeita infundada. Os invejosos, os inexpressivos, os mais baixos, vivem de espalhar o que não sabem, de aumentar o que escutam e de destruir quem não conhecem. Deus detesta várias atitudes, mas Ele abomina quem promove dissensão entre amigos.
	 
	Ainda posso lembrar de briga por herança, de divórcio que acontece logo após o nascimento de uma criança com deficiência, de corrupção na licitação da merenda escolar, de prostituição infantil, de dinheiro que político gasta em cassino.
	 
	– Chega, companheiro!
	– Vocês pediram.
	– Acontece que a gente concorda com tudo e já deu vontade de vomitar.
	– É… acho que basta mesmo!
	 
	Soli Deo Gloria
	 
	 
	- Ricardo Gondim