Cristo secularizado

Qualquer pessoa que sinta um mínimo de apreço por Jesus tem a consciência de que, ao pronunciar seu nome ou falar de suas obras, deve-lhe a máxima reverência.

Fonte: Guiame, Sergio Renato de MelloAtualizado: terça-feira, 16 de janeiro de 2024 às 18:03
Sermão da Montanha, por Carl Bloch, século XIX. (Foto: Wikipedia)
Sermão da Montanha, por Carl Bloch, século XIX. (Foto: Wikipedia)

O tema interesse foi também objeto filosófico. Objetivamente, o interesse deve ser um só, um bem que extrapola a esfera pessoal e íntima de quem pratica a ação e beneficia a todos ou ao menos mais do que o próprio agente. Subjetivamente, nem sempre isso acontece.

Qualquer pessoa que sinta um mínimo de apreço por Jesus tem a consciência de que, ao pronunciar seu nome ou falar de suas obras, deve-lhe a máxima reverência por ele ter sido alguém que não teve outro interesse que não fosse fazer o bem e conseguiu, de fato e de verdade, este intento. Os milagres, o Evangelho pela salvação, o dever de caridade, a recomendação pela santidade e pela vida reta, a irmandade de todos que creem em Deus. Enfim, desafiando o mito do bom selvagem e encarnando num tempo em que Deus era uma mera ideia, Jesus deu o próprio corpo, a vida, se deixou ser torturado e que o matassem por um mundo egoísta e frívolo que se recusa a sentir dor alguma pelos outros. Este o recado da cruz.

Com esta consciência, ao ler e ver coisas belas e bonitas em favor de Jesus, sobre um tal de “Jesus histórico” ou a história de Jesus, sinto escândalo. Um exemplo é de Leandro Karnal querendo secularizar Jesus Cristo com seus documentários no YouTube. Leandro Karnal sendo carnal, querendo carnalizar os outros.

Karnal criou o seu próprio estilo. Dá duplo sentido ao seu próprio nome. Ele explicou seu ateísmo no YouTube. No documentário sobre Jesus ele usa como descrição a frase “Mensagem do Mestre” logo abaixo de “Universo Karnal”. Deixa uma pulga atrás da orelha de quem não se identifica com o mito do bom selvagem e lê nas entrelinhas do interesse: mestre com inicial maiúscula dá a dica sobre quem está se referindo, ao Mestre  (Jesus) mesmo? Quem é o mestre, afinal: Karnal ou Jesus? Dada a crise dos significados dos símbolos, o olhar rápido faz pensar que Karnal é o cara!

Eis a confirmação e, quem sabe, a resposta da indagação acima: nos comentários há mais elogios ao documentário em si e à sua produção do que ao próprio Jesus, ou eles são tão ausentes que demonstram o estrago do secularismo na moralidade cristã. Cristo não é mencionado porque o interesse ali é Jesus, a pessoa caridosa e acética que ele foi, que também é única e digna de ser exaltada, não Cristo, o embaixador de Deus e da fé, o salvador.

Embora Cristo tenha se encarnado em Jesus para mostrar que a dor suporta tudo e ainda serve para salvar quem a suporta pelos outros, não é bem este tipo de dor que o Karnal da universidade quer mostrar com o seu dócil documentário.

Só que Jesus é aquele que dispensa apresentações, podendo existir outros com o mesmo nome querendo imitá-lo ou homenageá-lo, enquanto Cristo é um só. Jesus fez milagres que merecem reverência como atos divinos, entendia Tomás de Aquino (água e vinho, pão e peixe, fluxo de sangue, libertação de demônios, cura do paralítico, cura do cego, cura do leproso, grande pesca, ressurreição de Lázaro, andando sobre as águas, e por aí vai). E Cristo tem a chave da vida eterna.

A Bíblia é a carteira de identidade de Jesus: Josué, filho de Freira (At 7:45; Hb 4:8). Quando o chamaram de Justus (Cl 4:11) ou de Jesus mesmo, o próprio, o Cristo salvador, oficial. Para evitar identidades falsas, ou seja, quem quisesse se passar pelo próprio, Chamaram-no de “Jesus de Nazaré” (Jo 18:7) e “Jesus, o filho de José” (Jo 6:42).

A Bíblia é o diário de Jesus. Ela relata dois períodos: o primeiro, o da sua vida privada até seus trinta anos de idade; e outro, o da sua vida pública, com duração de cerca de três anos. Ele nasceu em Belém, filho de Maria, no reinado do imperador Augusto (Mt 1:1; Lc 3:23; Jo 7:42). Os evangelhos contam mais sobre a vida de Jesus.

Já Cristo é o ungido, a tradução grega da palavra hebraica tornou “Messias”, nosso Senhor. Ungido quer dizer consagrado ao trabalho como profeta, redentor, sacerdote e rei de seu povo. Ele é Jesus, o Cristo (At 17:3; 18:5; Mt 22:42). Assim também é chamado em Isaías (61:1) e por Daniel (9:24-26). A semente da mulher (Gn 3:15), a de Abraão (Gn 22:18), o “Profeta como Moisés” (Dt 18:15). Como diz o Dicionário de cristianismo e ciência, “Acreditar que “Jesus é o Cristo” é acreditar que ele é o Ungido, o Messias dos profetas, o Salvador enviado de Deus, que ele era, em uma palavra, o que ele dizia ser. Isto é acreditar no Evangelho, pela fé de que só os homens podem ser trazidos a Deus. Que Jesus é o Cristo, é o testemunho de Deus, e a fé disso constitui um cristão (1 Co 12:3; 1 João 5:1).”.

Desta forma, Jesus é Cristo. O primeiro fez milagres e é eternamente milagreiro, enquanto o outro foi e ainda é perdoador e salvador. Mas os dois são inseparáveis. Há que se ter cuidado ao falarmos dos dois, nos referirmos a eles. Mas Cristo, sua missão e obras merecem ser exaltadas para além de meros feitos históricos e até mesmo caridosos, como querem fazer acreditar ateístas e carnais como Leandro Karnal. A carne é fraca, mas o espírito vivifica.

Sergio Renato de Mello é defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame

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