Sergio Renato de Mello

Sergio Renato de Mello

Sergio Renato de Mello, defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

Intolerância nossa de cada dia

Democracia significa pluralidade em vários aspectos, desde vida privada até o falatório público da internet.

Fonte: Guiame, Sergio Renato de MelloAtualizado: terça-feira, 19 de abril de 2022 às 17:48
(Foto: Succo / Pixabay)
(Foto: Succo / Pixabay)

Uma imagem religiosa fez duas vizinhas pararem na justiça. Brincadeiras à parte, não foi bem a imagem, claro, que causou a picuinha toda. A culpa toda é da natural intolerância, que vive com a gente diariamente, ocupando espaços que deveriam ser da pluralidade, da democracia. A intolerância, uma praga que dever ser combatida, não eliminada. Assim como a pobreza, querer eliminar todas ou algumas misérias humanas, perdão pela sinceridade, é impossível. E quem fala o contrário, perdão novamente, é um charlatão espiritual ou político.

Só nos resta então tolerar, tolerar os intolerantes mesmo que eles não tolerem a Cristo. Buscando em Cristo, seria dar a outra face.

Eis a manchete da notícia: “Mulher terá que indenizar vizinha por imagem cristã no hall do prédio”, publicada no jornal Brasil Sem Medo. Eis o endereço, para quem quiser ler os detalhes: https://brasilsemmedo.com/mulher-e-condenada-a-indenizar-vizinha-por-deixar-imagem-de-nossa-senhora-exposta/.

Vamos ao caso, às picuinhas de intolerantes e mimados que fazem de nosso dia-a-dia um caos de sentimentalismo e ódio uns pelos outros.

Uma condômina não gostou da atitude de outra moradora, que colocou imagem de Nossa Senhora de Fátima no hall do condomínio. Entrou com ação judicial e a juíza condenou a moradora e o condomínio a pagarem indenização no valor de R$ 8 mil. Segundo o que se lê da notícia, o fundamento para a ação judicial foi que a condômina se sentiu “incomodada”. Segundo ainda a sentença, as regras do condomínio não permitem objetos pessoas em área de uso comum. A defesa da moradora condenada a indenizar, diz que a vizinha “incomodada” queria apenas dinheiro e a juíza ignorou um abaixo assinado com 31 assinaturas dos 32 apartamentos.

Não podemos falar muita coisa sobre o caso, pois não sabemos muita coisa sobre ele, por isso apenas especulamos, refletimos sobre ele. E neste momento em que pensamos, o pensamento vai diretamente para quem? Vai para Cristo, o nosso fim-último de todas as coisas, o modelo a quem devemos imitar sempre.

Aquele que, num caso como esse, sem qualquer vaidade pessoal, aconselharia (ele nunca manda) a tolerar, tolerar e tolerar, também diz que devemos imitá-lo em tudo, inclusive evitando julgamentos precipitados.

Muitas vezes existe, dentro ou fora de nós, alguma coisa que nos atrai e em nós influi. Muitos buscam secretamente a si mesmos em suas ações, e não o percebem. Parecem até gozar de boa paz, enquanto as coisas correm à medida de seus desejos; mas, se de outra sorte sucede, logo se inquietam e entristecem. Da discrepância de pareceres e opiniões freqüentemente nascem discórdias entre amigos e vizinhos, entre religiosos e pessoas piedosas. (Tomás de Kempis, em Imitação de Cristo).

Estamos em pleno regime democrático. Democracia significa pluralidade em vários aspectos, desde vida privada até o falatório público da internet. Tolerância também faz parte da democracia. Tolerar quer dizer aceitar, conviver com as diferenças, sejam elas quais forem. E parece que as coisas práticas não são aquilo que a Constituição prega. A vida como ela é, Nelson Rodrigues, nos ensina que não se muda a natureza, a realidade das coisas, nem a longo prazo. Enfim, tolerar é isso, viver com as diferenças, dificuldades, problemas, crenças alheias.

Não podemos ignorar uma realidade oposta. Existem sim intolerantes religiosos, os chamados “fundamentalistas”. E até no meio cristão. Mas isso não justifica que as ações sociais por mais tolerância e igualdade acabem revolucionando a sociedade, fazendo dela um nada para, com os seus escombros, construir tudo de novo começando do zero. É, infelizmente, o que querem os tais defensores da “tolerância” e da pluralidade democrática, que de pluralistas não têm absolutamente nada. São egoístas arrogantes que só pensam em si, não entendem nada de civilização que deve ser preservada e seus valores, entre os quais o legado cristão.

Não confio num mundo melhor. Por mais que essa turba jacobina  (e aqui entra a Agenda 2030) queira transformar a sociedade, isso jamais acontecerá se os próprios “tolerantes” praticarem intolerância. É uma moeda de troca, uma lei natural. Ora, não julgueis para não ser julgado, não sedes intolerantes para não sofreres, na própria carne, com a intolerância alheia.

Por Sergio Renato de Mello, defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

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