Sergio Renato de Mello, defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.
Antes de tudo, advirto que aqui não falo em nome da Defensoria Pública de Santa Catarina e nem como defensor público. Falo por mim mesmo, fora do desempenho do cargo porque, acima de tudo, sou cristão e está é a única condição que vale a pena ser defendida. Se falasse aqui na condição de defensor estaria obrigado a aceitar que o Estado interferisse na espiritualidade das pessoas, mesmo discriminando religiões e violando a sua laicidade, como vem ocorrendo numa militância materialista e anticristã de autoridades brasileiras, que confundem fanatismo ideológico e laicismo com laicidade. Logo, falo na condição de cidadão cristão com direito de se expressar sem ódio ou violência, nos limites constitucionais. Se mesmo assim acharem que é ódio ou violência, o que só tenho a fazer é lamentar e orar por essas coitadas almas que se ofendem com um mero Pai-Nosso, com uma cruz, enfim, com aquilo que não corresponde à sua cartilha ideológico-espiritual. Estes específicos ofendidos, estes sim, também precisam de cura.
O Conselho Nacional de Saúde, do governo federal, pela Resolução n. 715, de 2023, criou verdadeiros “puxadinhos espirituais do SUS”. A resolução trata de equiparar casas espirituais de religiões de matriz africana a verdadeiras extensões do SUS - Serviço Único de Saúde, serviço público estatal. Quem está passando por problemas de alma pode procurar, em tese sem custo algum, o caboclo, o orixá, o pai-de-santo mais próximo de casa, que ele sarará o seu problema de alma (aquela vizinha fuxiqueira, a falta de dinheiro, seu amor de volta, etc.). Além disso, a resolução também propõe aos que não se identificam com o próprio sexo dar aquele “up” à própria masculinidade ou feminilidade com hormônios, além de querer legalizar o aborto e maconha. Claro, tudo com o aval de um Estado que se diz religiosamente isento.
Claro que a propaganda é a alma do negócio. Aliás, a alma não tem só relação com a propaganda. Ela é também o preço a ser pago, e ele é caro demais! A resolução transforma tais casas espirituais em verdadeiros “equipamentos promotores de saúde e cura complementares do SUS, no processo de promoção da saúde e 1ª porta de entrada para os que mais precisavam e de espaço de cura para o desequilíbrio mental, psíquico, social, alimentar […]”. E tem mais propaganda. Se o ministro Barroso, do STF, quase foi arrebatado ao ter dito que conseguiu “derrotar o “bolsonarismo”, a resolução n. 715 vai no mesmo viés fatalista, sendo contra “a lógica ultraneoliberal derrotada nas eleições”.
O Estado não deve invadir a esfera de espiritualidade das pessoas, que é privada, ditando que tipo de religião adotar, o seu modo de ser e de sua prática. Mesmo que a Resolução diga estar tratando da saúde mental de pessoas necessitadas, de saúde não se trata, e sim de tratamento espiritual e para a alma, que não se confunde com o aspecto corporal da pessoa. Há, então, violação ao princípio da laicidade do Estado. O que é de César é de César, e o que é de Deus é de Deus, disse Jesus, aqui parafraseado.
As políticas de esquerda não negam que são por si mesmas ineficazes e, em assuntos espirituais, diabólicas. Por essas e por outras políticas materialistas, pós-modernas, estruturalistas, deveríamos sentir vergonha se nos compararem aos gregos antigos, cujo objetivo de vida era conhecer desinteressadamente. O discurso de que o que é antigo deve ser abandonado é uma falácia das mais nocivas e enganosas que militam contra o ser (Deus e sua criação) e que comprova, uma vez mais, que o mundo é mesmo do maligno. Não existe evolução. Os gregos sentiam a necessidade de conhecer tudo que podiam, inclusive o próprio homem. Sócrates refletia sobre a necessidade de o homem se conhecer. “Conhece-te a ti mesmo”, recomendavam os gregos. Os pós-modernos, achando-se infinitos, querem conhecer tudo menos eles próprios.
A confusão é desumana. O ser humano é corpo, alma e espírito, então o que é relativo à alma deve ser tratado como alma, o que é relativo ao espírito e ao corpo deve ser remediado como tal. Espiritualmente falando é mais uma tentativa de desfigurar a criatura divina mais importante, como já vem acontecendo com pessoas que não se identificam com o seu sexo biológico e precisam, então, de designações nominais para existirem, como LGBTQIA+. Um exagero de uma razão tirânica, em prejuízo do próprio ser humano.
É altamente prejudicial para a própria saúde mental dos usuários desses serviços. “Doentes” espirituais precisam de remédio para a alma, não para o corpo. Confundidos pelo próprio Estado, os usuários destes serviços ficarão ainda mais longe do diagnóstico preciso sobre seus próprios males e de um remédio que realmente elimine ou diminua os problemas da alma.
A discriminação é patente. E se fosse, por exemplo, o governo Bolsonaro que quisesse implementar “políticas cristãs de saúde” nesses lugares? Uma discriminação praticada justamente pelos tais evangelistas da diversidade que, paradoxalmente, excluem pessoas e classes de suas políticas. Dividir é poder, bandeira destes militantes esquerdistas.
Sergio Renato de Mello é defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.
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