A letra sempre aquém do Espírito

A letra sempre aquém do Espírito

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:25

2Cr 30.1: ''Depois disto, Ezequias enviou mensageiros por todo o Israel e Judá; escreveu também cartas a Efraim e a Manassés para que viessem à Casa do SENHOR, em Jerusalém, para celebrarem a Páscoa ao SENHOR, Deus de Israel. Porque o rei tivera conselho com os seus príncipes e com toda a congregação em Jerusalém, para para celebrarem a Páscoa no segundo mês''.

Uma celebração da Páscoa fora do tempo, mas dentro do propósito ao qual se propõe. Devido à importância desta data para os judeus, uma mudança no calendário religioso como esta, nos leva a desconfiar que motivações, propósitos e meios são mais importantes do que formas. De que adiantaria celebrar na data certa e da forma correta se as motivações e atitudes estiverem erradas? Neste caso, a letra fica a desejar para o espírito que rege os corações.

Somente depois da purificação do local de culto, que na época era o templo de Jerusalém, as festividades da páscoa foram observadas. Hoje, o local onde o culto a Deus se centraliza é o nosso coração, que também necessita ser liberto de todo o lixo comportamental e litúrgico acumulado.

A monarquia também precisou ser expurgada da centralização administrativa. A pluralidade da liderança, adotada por Ezequias, é outro princípio importante exalado pelas palavras deste texto. O Rei divulgou a todos uma decisão tomada por um colegiado formado por nobres e clérigos, visto que a páscoa era uma festa não apenas religiosa, mas também nacional. Israel tentava ser um estado teocrático, onde a fé e os interesses nacionais construiriam um dueto com o objetivo de cantar em uníssono. Ninguém abaixo de ninguém e todos abaixo de Jeová.

Neste episódio os representantes da monarquia judaica se empenharam grandemente a favor do cumprimento dos decretos divinos. Atuando no mesmo lado, os levitas e sacerdotes ofereciam cobertura espiritual ao governo, enquanto os profetas, atuando acima destas estruturas, mas sem poder de veto, fiscalizavam as suas ações.

''Partiram os correios com as cartas do rei e dos seus príncipes, por todo o Israel e Judá, segundo o mandado do rei, dizendo: Filhos de Israel, voltai-vos ao SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, para que ele se volte para o restante que escapou do poder dos reis da Assíria. Não sejais como vossos pais e como vossos irmãos, que prevaricaram contra o SENHOR, Deus de seus pais, pelo que os entregou à desolação, como estais vendo'' (v.6).

O número de pessoas que afluía ao Templo era maior do que a estrutura montada para o seu atendimento. Havia arrependimento sincero que por falta de espaço, nem todos conseguiam expressá-la liturgicamente. Ezequias, então, resolveu orar, pedindo a Deus, que tratasse da alma do povo conforme suas disposições internas e não apenas pela exteriorização ritualística. A letra, sempre aquém do Espírito.

Com isto, ficou claro, mais uma vez, que os olhos de Deus enxergam além da dramatização ritualística, Ele vê o coração. Esta foi uma percepção que permaneceu fora do alcance dos judaizantes, que supervalorizavam a limpeza exterior, mas negligenciavam o que realmente vale, ou seja, a motivação e a atitude que levam a cura definitiva da nossa alma.

Creio que as instituições eclesiásticas, assim como o Templo da época de Ezequias, não conseguirão construir estruturas capazes de conter o mover do Espírito reservado para os últimos dias. Muita coisa bonita ocorrerá fora destes muros, e poderá ser rejeitada pelos que estão dentro. A visão denominacional estreita a nossa compreensão do mover de Deus.

Virá mais gente do que podemos suportar. E o mais interessante nisto tudo, é que eles virão mais curados do que nós. A letra não chega nem perto de onde o espírito alcança.

''Porque uma multidão do povo, muitos de Efraim, de Manassés, de Issacar e de Zebulom não se tinham purificado e, contudo, comeram a Páscoa, não como está escrito; porém Ezequias orou por eles, dizendo: O SENHOR, que é bom, perdoe a todo aquele o. Ouviu o SENHOR a Ezequias e sarou a alma do povo (v.19,20).   

Ore assim: Senhor Jesus, alarga o meu entendimento. Permita que eu veja além dos muros da minha vã religiosidade.

Ubirajara Crespo é pastor, escritor, conferencista, editor e diretor da Editora Naós.

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