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Professores federais vão rejeitar proposta do governo

Professores federais vão rejeitar proposta do governo

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

Marina Morena Costa

Categoria tem negociação marcada para segunda-feira. Em São Paulo, docentes estão indignados com proposta que não considera inflação

Os professores federais, em greve há mais de dois meses, devem rejeitar a proposta apresentada pelo governo federal na próxima segunda-feira, quando as duas partes têm uma reunião de negociação agendada. Em assembleias realizadas ao longo desta semana, os docentes analisaram a proposta e enviaram suas decisões para o sindicato nacional, a Andes, que durante o fim de semana irá elaborar uma contra-proposta. A expectativa do movimento é que a ampla maioria das 57 universidades em greve recuse a proposta.

A conclusão dos professores é de que os reajustes apresentados pelo governo federal não contemplam a inflação. De acordo com cálculos feitos pelos sindicatos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do ABC (UFABC), há perda salarial para a maioria dos profissionais. Na carreira dos docentes com doutorado e dedicação exclusiva, a melhor contemplada pelo governo, quatro dos nove níveis terão perdas e aumento real próximo a zero para outros dois níveis (veja tabela abaixo).

“Considerando que o governo não cometeria esses erros crassos de cálculo com professores, isso fica com uma feição de manobra da opinião pública contra o movimento, que já deixou de ser exclusivamente de docentes e envolve servidores e alunos”, diz Denilson Cordeiro, professor de Filosofia da Unifesp do câmpus de Diadema e membro do Comando de Greve local.

“A proposta foi apresentada como generosa, com 30% a 45% de aumento aos professores. Mas a gente fez os cálculos e viu que não é nada disso. O sentimento é de indignação”, aponta Giorgio Romano, do comando de greve dos professores da UFABC. Os números apresentados pelo governo somam os 4% de aumento negociados no ano passado e envolvem os anos de 2010 e 2015. “A inflação do período varia entre 31% a 35,5%”, alega o professor.

Os docentes discordam de outros pontos da proposta do governo e reclamam da não contemplação de reivindicações do movimento, como a garantia de investimentos em infraestrutura, a negociação com os funcionários técnico-administrativos, participação na elaboração do plano de carreira e nas decisões orçamentárias que envolvem as universidades federais.

“Corremos o risco de consolidar essa precariedade que existe hoje. Tanto em termos de infraestrutura, quando em relação a manter uma carreira que não atrai bons profissionais”, aponta Marcia Jacomini, professora de Educação da Unifesp.

Proposta mínima

Para os professores da Unifesp e da UFABC, o governo acertou em acatar o pedido de redução dos níveis da carreira de 17 para 13. Mas para saírem da greve, há outros pontos que precisam ser acordados:

- estepes fixos de 5% entre os níveis da carreira docente (aumento concedido ao salário-base, quando o profissional é promovido)
- incorporação das gratificações por títulos de mestre e doutor ao salário-base (as gratificações representam entre 60% a 70% e não são reajustadas nas negociações salariais, podendo inclusive serem extintas pelo governo)
- fim do limite de 20% para do corpo docente para o cargo mais alto da carreira
- garantia de melhorias na infraestrutura das unidades
- nenhum nível com perda salarial
- proposta consistem de carreira
- negociação sobre os limites da dedicação exclusiva

Carreiras de docentes com doutorado e dedicação exclusiva:

 Cargo   Salário em 2010           Proposta governo
       para 2015   
   Aumento
   no período  
   Aumento médio
  anual no período

Titular

 R$ 11.755,05

        R$ 17.057,74

       6,91%

       1,35%
Associado 4    R$ 11.424,45         R$ 15.464,45       -0,10%       -0,02%
Associado 3  R$ 11.089,65         R$ 14.855,58       -1,14%       -0,23%
Associado 2  R$ 10,877,97         R$ 14.117,51       -4,31%       -0,88%
Associado 1  R$ 10.703,55          R$ 13.319,00       -8,17%       -1,69%
Adjunto 4  R$ 7,913,30          R$ 10.952,19        2,14%        0,42%
Adjunto 3  R$ 7.714,90         R$ 10.570,66        1,12%        0,22%
Adjunto 2  R$ 7.521,73         R$ 10.208,36        0,16%        0,03%
Adjunto 1  R$ 7.333,67         R$ 10.007,24        0,71%        0,14%


Índice de inflação no período de 35,5%, segundo índices do ICV DIEESE 2010-11 e a média de projeções do Banco Central e Relatório Focus
Fonte: Sindicato dos professores da UFABC. 

 

 

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