Inteligência do bebê: como estimular as habilidades do seu filho

Inteligência do bebê: como estimular as habilidades do seu filho

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:28

Tão pequeno e com a cabecinha a mil! Já se foi o tempo em que o recém-nascido era considerado uma pessoinha "zerada", sem raciocínio, emoções, entendimento ou vontades. Novos estudos e pesquisas mostram que, ao nascer, a criança já conta com sentimentos, habilidades físicas e capacidade de comunicação bem evoluídos.

Hoje se sabe também que o curto período compreendido entre a gestação e os dois primeiros anos é o mais importante para o desenvolvimento do cérebro e das conexões neurológicas que influenciam a inteligência de uma pessoa pela vida inteira.

Ainda antes do nascimento, o cérebro já está com a arquitetura formada e, até o final do segundo ano, vai atingir 75% do peso e terá estabelecido a maior parte das "estradas" por onde os neurônios irão trafegar durante toda a vida. É uma época de ouro para influenciar positivamente o desenvolvimento mental do bebê. Veja como herança genética, estímulos adequados e um ambiente doméstico afetuoso se combinam e saiba como garantir, desde agora, as condições para o seu filho aproveitar ao máximo os talentos que ele possui.

Sons, ritmos e tons

Desde o quinto mês de gestação, os estímulos auditivos já começam a colocar os neurônios do bebê para trabalhar. Ele é capaz de distinguir a voz materna da de outras pessoas e, pela audição, percebe sons graves e agudos, a harmonia das músicas, as emoções contidas numa fala, os ritmos sincopados do andar e dos batimentos cardíacos maternos etc.

Só depois de nascido, porém, por volta de 9 ou 10 meses, é que ele será capaz de associar significado às palavras - entende o próprio nome e sabe o que quer dizer "não", por exemplo. Mas quanto antes iniciar seu contato auditivo com o mundo, melhor. Outros marcos especialmente importantes para a captação de informações sonoras acontecem por volta do quarto e do oitavo mês de vida, quando a criança passa a detectar, respectivamente, sons laterais e oblíquos (que acontecem acima ou abaixo de onde ela está). "É um bom momento para intensificar o contato com a música. Não precisa ser nenhum clássico ou ritmo específico. O som que os pais gostam vai estimular o bebê do mesmo jeito. O único cuidado é não exagerar no volume para não causar stress", garante o neurologista infantil Erasmo Casella, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Contato humano

Quando chega ao mundo, o bebê já traz consigo a capacidade de se comunicar e de interagir com as pessoas e o ambiente que o cercam - dois atributos da inteligência. O choro é sua principal forma de expressar uma necessidade ou uma sensação e tem nuances que as mães logo aprendem a distinguir - toda mãe sabe discernir se o filho chora de dor, de manha ou de soninho. Também a vocalização, que vai do balbucio ao grito, apresenta tons diferentes quando o bebê está sozinho e quando ele percebe a chegada de alguém. "São mostras de que a criança possui uma linguagem e busca manter um 'diálogo' com ela", explica a fonoaudióloga Jacy Perissinoto, professora da Universidade Federal de São Paulo.

Interação com o bebêResponder a essas tentativas de diálogo e de contato é o principal papel dos pais. Com 1 mês, seu filho já demonstra atração por rostos, interessa-se por sons (principalmente agudos) e responde ao toque. Não deixe faltar informações e, acredite, a principal fonte de estímulos nessa fase é o contato humano. "Nenhum brinquedo ou televisão tem a riqueza de interações do contato pessoal. Interagir é o maior estimulante mental para o bebê", assegura o neuropediatra Luis Celso Vilanova, também professor da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo ele, diferentes aquisições facilitam a interação e sinalizam que tudo vai bem com o desenvolvimento cerebral do bebê. Com 2 meses, ele já sorri diante de estímulos. No final do terceiro, acompanha objetos com o olhar. E, do primeiro ao quarto mês, começa a ter consciência de seu corpo. Uma das melhores atividades nesse momento é incentivá-lo a se tocar levando as mãos ao rosto, aos pés etc. Esse contato com o próprio corpo é fundamental para que ele forme uma primeira auto-imagem de si e conquiste o controle motor que lhe permitirá, em breve, fazer novos avanços na descoberta do mundo.

Aprendendo com a repetição

No início do terceiro mês, seu filho é capaz de associar eventos simultâneos - ao ouvir sua voz, por exemplo, é possível que ele pense logo em dar uma boa mamada. A partir do momento em que consegue estabelecer as primeiras associações de idéias, a criança adquire também a capacidade de antecipar acontecimentos.

São aquisições importantes que ocorrem ainda ao longo do primeiro semestre de vida e, pouco a pouco, ajudarão seu filho a desenvolver o controle sobre as próprias emoções, como a excitação na hora do banho, da comida ou de brincar. Vale a pena empenhar-se em tornar essas atividades o mais rotineiras possível. A previsibilidade e a repetição no início da vida são fundamentais para ajudar o pequeno a fixar idéias e ganhar a segurança necessária para avançar em novas atitudes.

Antes do sexto mês, seu filho perceberá também que os adultos mostram fortes reações emocionais às suas iniciativas, como sorrir e balbuciar ou chorar e espernear, e começará a fazer uso disso. É hora de conversar bastante, nomeando as emoções e necessidades que ele demonstra.

Curiosidade e observação

Entre 8 e 10 meses, o bebê finalmente entende que as coisas continuam existindo mesmo quando não estão à vista. Essa constatação de que o mundo é maior do que aquilo que se vê é que abrirá caminhos para a curiosidade natural, que, daqui para a frente, vai levá-lo a inúmeras descobertas. Ocultar brinquedos debaixo de um pano ou dentro de um balde ou fazer um barulho conhecido com um objeto escondido são brincadeiras que também vão ajudar a criança a interiorizar esse aprendizado.

A partir de agora, seu bebê tem idéias bem mais maduras sobre quem ele é, quem cuida dele e quem é estranho, sabe a diferença entre adultos e crianças, imita expressões e consegue demonstrar sentimentos positivos e negativos. Aproveite para estimulá- lo a ir com outras pessoas e ausente-se por curtos períodos, retornando em seguida. Essa atitude vai levá-lo a perceber que os seres amados saem, mas retornam, o que aumentará sua curiosidade intelectual e sua segurança para se aventurar.

Andar e falar

Dois saltos importantes acontecem entre 12 e 18 meses, quando seu filho começa a andar e pronuncia as primeiras palavras. Conversar com o pequeno torna-se cada vez mais importante para lhe dar os fundamentos da linguagem verbal, que será seu principal instrumento de comunicação pelo resto da vida.

É hora também de aproveitar que ele está andando e ganhou autonomia para estimular sua capacidade de locomoção e iniciativa. Esconda os brinquedos em diferentes partes da casa e peça a ele para encontrá-los e trazê-los de volta, demonstrando sua alegria quando o pequeno realizar a tarefa.

Ele também começa a investigar o funcionamento de objetos e brinquedos e passa a imitar com mais freqüência o que vê os outros fazerem. É capaz ainda de aprender pela observação e de reter os resultados das suas tentativas e erros na memória, construindo modelos mentais de atividades. Entram em cena os brinquedos articulados, como copos ou peças que se encaixam, ou que requerem alguma ação para funcionar, como uma caixa de surpresas.

Simbolismos e imaginação

A representação e a abstração da realidade são aquisições intelectuais sofisticadas e surgem por volta dos 18 meses, quando a criança percebe o valor simbólico dos objetos. Nessa idade, ela vê a fotografia de um familiar e o reconhece, mas já não confunde a foto, que é uma representação, com a própria pessoa.

Também é capaz de se divertir com um telefone de brinquedo, fingindo que conversa com alguém. Divirta-se embarcando nas fantasias do pequeno e forneça o que for necessário para o seu teatro: comidinhas de plástico, chapéus, imitações de objetos da casa e sua companhia, claro.

As fantasias são uma base para a construção do raciocínio e ajudam a criança a distinguir o real do imaginário, além de lhe proporcionarem noção dos diferentes papéis sociais, como homem, mulher, pai, filho etc. Sua capacidade de construir representações da própria realidade é sinal de grande evolução intelectual e prepara, desde já, o caminho para a rica fase de criatividade que vem em seguida.

Atividades para até os 6 meses

Estímulos

O contato físico e visual é muito importante nesse período. Coloque diferentes tecidos e materiais sobre a pele do bebê, faça massagens freqüentes no pequeno e fite-o diretamente nos olhos enquanto o amamenta ou cuida dele. Nos momentos mais tranqüilos, mova o rosto ligeiramente para cima e para baixo, para que ele acompanhe visualmente o movimento. No fim do primeiro semestre, quando o bebê já enxerga melhor, acompanhe as suas palavras com expressões faciais e faça festa ao reconhecer um sorriso dele. Cante e fale quando estiverem juntos, mas sem exageros.

Brincadeiras

Mostre vocês dois no espelho e descreva a imagem refletida. Amarre uma fita bem colorida na mão dele e desperte-lhe a atenção para a novidade. É hora também de instalar um móbile sobre o berço & Atividades dos 6 aos 12 meses

Estímulos

Durante os cuidados diários, aproveite para imitar os gestos, sons e expressões do bebê, fazendo pequenas pausas para que ele também a imite. Entre 8 e 10 meses, estimule-o a bater palminhas e a executar gestos que têm significados associados a palavras, como "tchauzinho".

Brincadeiras

Leve as mãozinhas do bebê até a boca e sopre-as suavemente; infle as suas bochechas e incentive o pequeno a apertá-las, esvaziando o ar de sua boca. Durante o banho, coloque brinquedinhos, tubos e esponjas coloridas para boiar na banheira. Os jogos de mostrar e esconder objetos são uma maneira divertida de exercitar a memória e vão fazer a alegria do bebê.

A fim de refinar a noção espacial do seu filho, você pode deixá-lo juntamente com alguns brinquedos em lugares cercados de diferentes dimensões. Encaixar objetos pequenos, como potes, caixas e vasilhas, dentro de outros sucessivamente maiores - e desencaixá-los - sustenta longos períodos de diversão. Por fim, afaste os brinquedos do alcance do bebê para que ele tente apanhá-los.

Atividades dos 12 aos 18 meses

Estímulos

Essa é a época em que o pequeno vai querer repetir tudo o que vê os adultos fazerem, como varrer o chão ou pentear os cabelos - não tenha medo de colocá-lo para "trabalhar". Instigue-o a repetir as palavras que você fala para ampliar o vocabulário e deixe que ele tome algumas decisões sozinho, como escolher entre a cenoura e a maçã, a roupa azul ou a vermelha etc. No final dessa fase, ao chegar em casa, ande com ele pelos cômodos, incentivando- o a contar o que fez durante o dia.

Brincadeiras

Ao exercer uma atividade com o bebê, mais do que os resultados, mostre a ele como são feitas as coisas. É melhor que ele acompanhe o processo de construir uma torre com copos de plástico, por exemplo, do que recebê-la pronta das suas mãos. Invista também em jogos que aliam palavras e gestos coordenados, como bate palminhas, batatinha quando nasce e ciranda cirandinha. E convideo a ajudar com as compras, desembrulhando ou tirando objetos de dentro de sacolas, para aprimorar a noção de dentro e fora, cheio e vazio etc.

Atividades dos 18 aos 24 meses

Estímulos

A criança agora está no auge da atividade física. É o momento de trabalhar a descoberta dos limites corporais e os movimentos. Prepare-se para virar cavalinho, ponte, montanha etc., para ela "escalar" sem cerimônias. Psiquicamente, surge a sensação de expectativa e seu bebê irá gostar de jogos de esconder e também de que você entre e saia do ambiente repetidamente, fazendo festa ao voltar.

Brincadeiras

Crie uma "brinquedoteca" bem demarcada com um pano no chão (ou um tapete de atividades) e estimule-o a brincar ali. Sirva de modelo acomodando-se ao lado dele e executando tarefas como pintar ou escrever nesse espaço.

Por Fábio Sanchez e Suzana Lakatos

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