O jeito de ler ou contar história faz diferença?

Cristiane Rogerio

Passei alguns dias na casa de minha amiga Claudia, nos Estados Unidos, que é mãe de Olivia, 4 anos, Thomas, 3 anos e Nina, 1 ano e meio. Também por minha influência, os livros infantis em português estão espalhados pela casa dela e, por incentivo da família e dos amigos, há uma porção de versões em inglês, porque as crianças crescem em contato com os dois idiomas.

Como todos que convivem com a família da Claudia sabem desta preocupação em manter e incentivar a leitura e tudo o mais nas duas línguas, a escola a convidou para contar uma história, ler alguns livros em português para a classe na escola americana. É um hábito do local aproveitar este tipo de possibilidade – fazem o mesmo com outros pais – e a Claudia aceitou sem hesitar, mas com receio de seu sucesso na empreitada.

Como vocês devem imaginar, foi ótimo. Sem entender o que significavam as palavras que saíam da boca da contadora brasileira, já que ela leu uma história em português, as crianças ficaram acompanhando todo o contar. Explico: sabe aquele tom quando dissemos “e, então, adivinhem o que aconteceu?”? Elas entendiam tudo e se surpreendiam, davam risada, se divertiram, sem precisar de muitas explicações. Claudia disse a mim que jamais vai esquecer da experiência.

É claro que é um outro tipo de situação comparando a ouvir uma história no idioma que domina. Mas contei isso para registrar aqui como é importante o tom na hora de contar uma história. Aproveite mesmo para fazer caras e bocas, vozes diferentes, intervir com detalhes, provocar suspense no virar das páginas: é tudo isso junto que vai criar entre vocês um vínculo, uma lembrança gostosa em relação às histórias. E vai ser divertido!