Você sabia que crianças que são ignoradas pelos pais podem levar para suas vida adulta vários transtornos psicológicos? Esse distanciamento da figura paterna acaba até mesmo afetando a saúde do pequeno. A pediatra Melissa Wake, da Austrália, realizou uma pesquisa com quase 5 mil crianças entre 4 e 5 anos. Ela descobriu que a incidência de sobrepeso e obesidade na garotada em idade pré-escolar tem relação direta com a negligência dos papais. Por que isso acontece? Ninguém sabe ainda. "Mas a mensagem principal é que não devemos culpar só as mães pelos quilos a mais dos filhos", afirma. Ou seja, mesmo que elas sejam as responsáveis pela alimentação da garotada, como acontece em muitas famílias.
Mente sã, corpo são Médicos e psicólogos dedicados ao estudo da psicossomática - área que tenta desvendar a interação entre a saúde psíquica e os problemas físicos - acreditam que os resultados da pesquisa australiana são uma prova contundente de que a figura paterna é importantíssima no desenvolvimento infantil. "A imagem do pai é aquela de quem costuma impor limites aos filhos. Então, faz sentido a idéia de que sua ausência esteja relacionada a transtornos alimentares, por exemplo", opina a psicóloga Maria Rosa Spinelli. "Décadas atrás, a participação do casal no dia-a-dia das crianças, e não só a do pai, era muito maior", ressalva a psicóloga Solange Lopes de Souza. Hoje em dia o tempo livre é dedicado mais para atividades de lazer em benefício próprio. "E o tempo é um fator que conta muito na qualidade da convivência", assegura Solange.
Além de problemas como a obesidade, o afastamento do pai - definitivo ou não - pode ter outras consequências no desenvolvimento infantil. Existem evidências recentes de um elo entre a ausência da figura paterna e a aceleração do amadurecimento sexual nas meninas. O psicólogo Bruce Ellis, dosos Estados Unidos, mostra que a consolidação das relações familiares ajuda a retardar a menarca, ou primeira menstruação. Em sua pesquisa, ele observou 173 garotas desde a idade pré-escolar até a 7a série. Segundo ele, aquelas que conviviam satisfatoriamente com os pais durante os cinco primeiros anos de vida entraram na puberdade mais tarde.
Carinho, atenção, ferormônios... Tudo isso pode ter consequências na formação do indivíduo. E, diante das novas configurações familiares, em que tempo de sobra é artigo de luxo, é preciso estar cada vez mais atento para as necessidades da criançada. Por isso, papai, quando o moleque quiser brincar e você estiver lendo o jornal, pense duas vezes antes de deixar o filhote na mão. Um dia sem atender aos apelos infantis não vai transformar seu pequeno em um jovem problemático, nem doente, nem em um obeso. Mas os momentos que vocês desfrutarem juntos - acredite - vão fazer um bem enorme a ele.
Carinho para quem precisa
O que é um pai ausente? Não, não é aquele que se separou e, por isso, não vê os filhos todos os dias. "Trata-se da figura paterna que pouco ou nada contribui para a formação e a educação dos filhos, independentemente do fato de morar ou não na mesma casa", esclarece a psicóloga Alaide Degani De Cantone. E como participar do desenvolvimento da molecada? A especialista dá algumas dicas: "Participe dos momentos importantes, felizes ou não, procure compreender a criança nos seus momentos mais adversos, orientando-a e propondo alternativas para a vida". Nem sempre é fácil, mas vale muito a pena.
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