Amar a esposa ou o marido não garante um casamento satisfatório. Além do afeto, a capacidade de adaptação e o diálogo são os pontos fundamentais para quem quer viver feliz para sempre. É o que indica a pesquisa feita pela psicóloga Mara Rossi para uma tese de mestrado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
O estudo analisou a satisfação conjugal dos brasileiros com base em relatos espontâneos postados por usuários de 23 a 68 anos em comunidades do Orkut. Na pesquisa, a psicóloga contabilizou o que as pessoas mencionavam como fator importante para um relacionamento amoroso satisfatório. A invisibilidade da internet faz a pessoa ser mais honesta do que em um questionário ou entrevista pessoal, diz. Percebemos que elas encontram dificuldade de expressar o sentimento presencialmente, mesmo para seus parceiros, completa.
A pesquisa aponta que o amor é um quesito importante nos relacionamentos atuais, mas não é suficiente para sustentar a relação. Fatores como respeito e cumplicidade também foram os mais mencionados nas comunidades sobre amor e relacionamentos. Segundo a psicóloga, mudanças de cenário como a presença das mulheres no mercado de trabalho e a igualdade de gêneros exigem mesmo um jogo de cintura maior para que um casal permaneça junto. Há alguns anos a satisfação conjugal estava ligada ao homem prover e ser bom companheiro dentro de casa. Não é mais assim, diz.
Se por um lado as responsabilidades compartilhadas são necessárias para a felicidade e a intimidade no casamento, elas também tornam as uniões mais efêmeras. A demanda contemporânea aponta para uma relação democrática, na qual individualidades precisam ser valorizadas para consolidar o compromisso do casal. A família tem arranjos diferentes e consequentemente menos permanentes. Não é mais até que a morte nos separe, aponta Rossi.
Novas demandas
A pesquisa da psicóloga também avaliou quais as demandas contemporâneas do casamento, que, segundo ela, se tornou mais complexo. A valorização das diferenças, a equidade de gêneros e arranjos igualitários estão entre as necessidades de um relacionamento de sucesso atualmente. A relação é dinâmica e parceiros devem mudar ao longo do tempo. A satisfação depende desse continuo aprendizado, diz.
Ela percebeu que a falta de diálogo foi o principal fator apontado em relatos de relacionamentos que não deram certo, confirmando uma tendência já conhecida. Isso também aparece em outras pesquisas e é o que pega nas relações desfeitas, diz ela, que aponta reclamações dos usuários como ele só pensa em trabalho ou ele não me ouvia. Apesar de botarem a culpa no outro, Mara lembra que a comunicação vem dos dois lados e a responsabilidade em acertar o conteúdo e a forma do que é dito é dos dois.
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