Essa forma de agressão geralmente acontece em casa, no meio da família. Casais de todos os níveis da sociedade são vítimas, mas podem dar um basta nessa cruel situação
Sempre que o marido vê a esposa faz uma brincadeirinha para ridicularizá-la. Em outra situação, a namorada, toda vez que avista o suposto amado, zomba de alguma coisa nele. É o sorriso irônico constante, o olhar de reprovação que nunca sai do rosto, a humilhação, o desdém, enfim. Às vezes, a pessoa nem sabe, mas esses pequenos detalhes podem traduzir-se em uma forma cruel de violência psicológica.
Esse tipo de agressão acontece muito e talvez até em uma proporção maior do que a violência física. Geralmente ocorre em casa, na família, afetando diretamente a autoestima e a autoimagem da pessoa.
Como identificar?
De acordo com a doutora em psicologia clínica Adelma Pimentel, as formas de violência psicológica são praticadas entre casais, de familiares contra crianças e idosos, ou até mesmo por outras pessoas sem parentesco algum, podendo acontecer em todos os segmentos da sociedade, não importando o sexo, grau de escolaridade, classe social ou religião.
Para a especialista, ações como chacota, sarcasmo e piadinhas são algumas das características da violência psicológica. O perigo desse tipo de agressão é que ele pode vir através de palavras desrespeitosas, o que possibilita a um adoecimento psicológico, exterminando a autonomia, a iniciativa, a coragem e a segurança da pessoa que recebe. A vítima também pode ter uma sensação de incompetência, depressão, isolamento, desconfiança e outros males que, certamente, irão prejudicá-la.
No namoro
E se um casal inicia um namoro já demonstrando agressões psicológicas, é possível que essa situação evolua para um caso mais grave? Para Adelma, sim. Segundo ela, o namoro é um momento de convivência para estabelecer a socialização entre as partes, desenvolvimento do conhecimento de gostos pessoais, período de firmar projetos que vão beneficiar ambos como objetivos pessoais, maneiras de lidar com o dinheiro e uma oportunidade para manter um bom relacionamento familiar, o que inclui afeto, atenção e cuidado.
A especialista explica também que é importante desconstruir o mito do amor romântico, haja vista muitas mulheres tentarem salvar sozinhas o namorado que está lançado no alcoolismo ou nas drogas, justificando e desculpando pelas frequentes agressões, sejam elas moral, física ou pscológica.
Para a psicóloga, é uma ilusão, um engano, uma mulher não conseguir identificar a violência conjugal como um meio que intenta dominá-la e anulá-la. Essa agressão psicológica pode ocorrer porque o homem ou a mulher enfrentam situações de humilhação fora de casa e reproduzem dentro da convivência em família a mesma opressão e humilhação vividas lá fora. Desta feita, nenhuma mulher ou homem pode aceitar qualquer forma de agressão já no namoro.
A vítima
Segundo a pesquisadora, tanto homens como mulheres podem ser as vítimas ou os agressores, o que diferencia é a forma com que cada um age. As mulheres, por exemplo, procuram desqualificar a virilidade do homem, desmerecer a competência no trabalho e o esforço e a capacidade em providenciar o sustento. Já os homens podem usar a ironia para desqualificar a mulher, cobrar beleza estética ou recorrer ao senso de competição entre mulheres para desqualificá-las, humilhar, agredir e trocá-las quando as consideram velhas.
Retomando o afeto perdido
É possível um casal retomar o afeto que se perdeu? Para Adelma, esse resgate vem através da prática da tolerância, do cuidado, do respeito e do diálogo. Encontrar tempo é a exigência diária que o casal requer praticar, se quiser manter a convivência. Não há receitas, não há formulas. Há coragem e ação, conclui.
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