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Árvore de semente antiga pode ser fonte do bálsamo medicinal bíblico

Identificada como uma espécie de Commiphora, da família do olíbano e da mirra, a planta tem composto medicinal que sugere possível ligação com o 'tsori' da Bíblia.

Fonte: Guiame, com informações do Times of IsraelAtualizado: segunda-feira, 23 de setembro de 2024 às 18:51
Semente antiga e árvore da espécie de Commiphora. (Foto: Guy Eisner)
Semente antiga e árvore da espécie de Commiphora. (Foto: Guy Eisner)

A resina de uma árvore, germinada a partir de uma misteriosa semente de 1.000 anos encontrada em uma caverna no deserto da Judeia, pode ser a fonte do tsori bíblico, um bálsamo medicinal, segundo uma nova pesquisa.

A datação por radiocarbono revelou que a semente, cuja origem remonta entre 993 d.C. e 1202 d.C., deu origem a uma árvore identificada como uma espécie de Commiphora, pertencente à mesma família do olíbano e da mirra, atualmente cultivada em um vaso.

A Dra. Sarah Sallon, diretora do Centro de Pesquisa de Medicina Natural Louis Borick da Organização Médica Hadassah em Jerusalém, descobriu a semente no Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.

A semente havia sido escavada por volta de meados da década de 1980 em Wadi el Makkuk pelo Prof. Joseph Patrich.

No passado, Sallon também descobriu um lote separado de sementes de tamareiras com 1.900 anos de idade. A primeira semente a ser germinada foi chamada de Matusalém, em referência à figura bíblica que, segundo a tradição, viveu até os 969 anos.

Em ambas as ocasiões, a Dra. Elaine Solowey, diretora do Centro de Agricultura Sustentável do Instituto Arava, localizado no Kibutz Ketura, no sul de Israel, foi responsável por germinar as sementes.

A semente de Commiphora, com dois centímetros de comprimento e apelidada de "Sheba", foi plantada em 2010. Cinco semanas depois, uma muda surgiu, e, após desenvolver casca, a planta começou a produzir resina.

A semente de Commiphora encontrada no deserto da Judeia. (Foto:  Guy Eisner)

Especialistas de todo o mundo realizaram sequenciamento de DNA, análises filogenéticas e fitoquímicas (sendo phyto a palavra grega para planta). As fontes arqueológicas, históricas e fitogeográficas foram fornecidas pelo centro de pesquisa da Dra. Sallon.

O gênero Commiphora é encontrado principalmente na África, Madagascar e na Península Arábica, estendendo-se até a Índia, Sri Lanka e América do Sul. Compreendendo cerca de 200 espécies de árvores e arbustos, Commiphora tem sido valorizado ao longo da história por suas resinas aromáticas.

Sallon disse ao The Times of Israel que estava ansiosa para descobrir se a semente de Commiphora possuía um aroma forte ou qualidades medicinais significativas.

Se a semente de Commiphora se revelar perfumada – o que os testes atuais indicam que não é – poderia ter sido um candidato ao lendário bálsamo da Judeia, apreciado por seu aroma e propriedades medicinais na antiguidade.

Esta planta, não nativa, foi cultivada em oásis ao redor do Mar Morto por cerca de 1.000 anos, até o século IX d.C. A planta regerminada, chamada Sheba, poderia ter sido utilizada como porta-enxerto para o bálsamo da Judeia, conforme sugere um artigo recente publicado na “Communications Biology”.

Segundo Sallon, essa espécie de Commiphora provavelmente possui qualidades medicinais e é distante parente da Commiphora myrrha, que ainda produz mirra para o comércio atual. Ela pode estar relacionada ao tsori bíblico, cuja identidade é objeto de longa discussão.

Fontes bíblicas

O tsori é mencionado em fontes bíblicas antigas datadas entre os séculos XVIII e XVI a.C. (como em Gênesis 37:25 e 43:11) e posteriormente em Jeremias (8:22, 46:11, 51:8) e Ezequiel (27:17), que são datados dos séculos VII a VI a.C.

Essa substância foi associada à histórica região de Gileade, situada na margem leste do Rio Jordão, entre o Rio Yarmuk e o extremo norte do Mar Morto, que atualmente está na Jordânia.

A semente de Sabá foi encontrada em uma caverna no deserto da Judeia, próxima ao limite norte da distribuição de várias espécies de Commiphora. Além disso, a análise fitoquímica das folhas e da resina de Sabá revelou compostos com propriedades de cicatrização, além de atividade anti-inflamatória, antibacteriana, antiviral e antitumoral.

Sallon explicou que o intervalo entre a germinação da semente e a publicação do artigo deste mês se deve ao seu interesse em descobrir se a planta desenvolveria um aroma agradável à medida que crescesse.

“Temos uma salada de informações”, ela disse. Com base nisso, Sallon sugeriu hipóteses. Mas ainda havia muito trabalho a ser feito.

Sheba não pôde ser identificada botanicamente até que produzisse flores e mais informações sobre sua estrutura física fossem obtidas.

Tesouro perdido

Sallon esperava que transferir a árvore de um vaso para o solo a ajudasse a florescer, já que as antigas plantas de tamareira só floresciam quando estavam ao ar livre.

A pesquisadora afirmou que pouco mais da metade das cerca de 200 espécies de Commiphora conhecidas até agora foram descritas. Com a coleta de mais dados sobre o gênero, é possível que novas informações sobre Sheba surjam.

Ela acrescentou que mais estudos são necessários para investigar a química de Sabá e seu possível significado medicinal.

Sallon comentou que sementes como essas são "como um baú de tesouro de flora perdida".

"Foi muito emocionante. É como trazer de volta à vida algo de 1.000 anos atrás", acrescentou.

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