O ataque terrorista do Hamas contra Israel, iniciado em 7 de outubro de 2023, com foguetes, combatentes mascarados de parapentes e incursões terrestres em áreas residenciais e urbanas, que provocou um massacre sangrento, é considerado o mais mortal dos últimos 50 anos.
“Este é o pior ataque a Israel desde a Guerra do Yom Kipur em 1973 – 50 anos atrás. Mas há uma grande diferença. Essa foi uma guerra convencional entre países, entre exércitos”, disse Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, à CNN.
E explicou: “Isto [agora é] um ataque terrorista massivo contra civis israelitas – disparos indiscriminados de foguetes contra civis, milhares de foguetes; homens, mulheres e crianças arrastados através da fronteira para Gaza, incluindo um sobrevivente do Holocausto numa cadeira de rodas; pessoas mortas a tiros nas ruas, civis. Então, você pode imaginar o impacto que isso está tendo em Israel, e deveria ser algo que revolta o mundo inteiro”.
A ação ousada e sofisticada do grupo extremista islâmico Hamas, que teve sua origem em 1988 e, desde então, se transformou em uma das duas principais ameaças à segurança de Israel, promoveu até o momento mais de 1.200 mortes de israelenses e estrangeiros dentro de seu território, segundo fontes oficiais de Israel.
Uma das testemunhas do horror, o jogador de futebol brasileiro Lucas Spinola Salinas, de 27 anos, natural de Sorocaba (SP) que vive em Israel há pouco mais de um ano, contou:
"Todo mundo fala que esse é o pior ataque dos últimos 50 anos. É uma situação muito complicada, porque Israel é um país pequeno e o número de mortes já está muito elevado. Muitos jogadores do meu clube conhecem pessoas que infelizmente vieram a falecer. Eu pessoalmente não conheço nenhuma, mas todos os conhecidos aqui perderam alguém", completa.
O jogador de futebol brasileiro Lucas Spinola Salinas, de 27 anos, que vive em Israel. (Captura de tela/G1)
O jogador disse que ficaria em oração para conseguir retornar ao Brasil: "Eu penso em ir para o Brasil em breve. Comprei um voo para Porto na quarta-feira (11). Foi o primeiro que achei, porque muitas companhias aéreas estão cancelando os voos aqui e eles recomendaram comprar por três ou quatro companhias daqui. Se Deus quiser, quarta-feira estarei partindo. Vamos estar em oração para que esse voo não seja cancelado e para que a situação aqui acabe o mais rápido possível para a gente ficar em paz."
O ato terrorista assassinou famílias inteiras, jovens, militares e até crianças, além de mais de uma centena de pessoas – israelenses e dezenas de outras nacionalidades – terem sido feitas reféns.
Em seu pronunciamento na terça-feira (10), o presidente americano Joe Biden disse:
"[...] infelizmente, para o povo judeu, não é novo. Este ataque trouxe à tona memórias dolorosas e as cicatrizes deixadas por milênios de antissemitismo e genocídio do povo judeu. Portanto, neste momento, devemos ser absolutamente claros: Estamos com Israel. Estamos com Israel. E garantiremos que Israel tenha o que precisa para cuidar dos seus cidadãos, defender-se e responder a este ataque. Não há justificação para o terrorismo. Não há desculpa”.
50 anos depois
A data dos ataques é algo que tem chamado a atenção de especialistas, jornalistas e comentaristas políticos por ter sido no 50º aniversário da guerra iniciada em 1973 pelo Egito e pela Síria contra Israel.
Guerra do Yom Kipur. (Foto: Wikimedia/Creative Commons)
A Guerra do Yom Kipur, também conhecida como Guerra do Dia do Perdão, foi um conflito que eclodiu em 6 de outubro de 1973, quando as nações árabes, lideradas pelo Egito e Síria, lançaram ataques surpresa contra Israel no Dia do Perdão, o feriado mais sagrado do calendário judaico.
Israel, inicialmente pego de surpresa, respondeu com vigor, resultando em combates intensos no Sinai e nas Colinas de Golã.
O conflito teve impactos significativos nas relações entre Israel e os países árabes e, após cerca de três semanas de combates, culminou em um cessar-fogo, contribuindo para negociações de paz subsequentes, incluindo os Acordos de Camp David em 1978 entre Israel e o Egito.
Não coincidência
Para muitos especialistas em história de Israel, a data não é coincidência, mas uma estratégia pensada pelos terroristas, tendo em vista que Israel estava em meio ao shabbat, o dia de descanso semanal no judaísmo, que começa ao pôr do sol de sexta-feira e termina ao pôr do sol de sábado. As ações terroristas começaram por volta das 6h30 do sábado (07).
O shabbat é considerado um dos pilares do judaísmo e é um dia de descanso, oração e reflexão para os judeus. Durante este dia os judeus tradicionalmente cessam o trabalho secular, acendem velas, participam de serviços religiosos na sinagoga, recitam bênçãos especiais, fazem refeições festivas e passam tempo de qualidade em família.
Este período de desconexão das atividades cotidianas deve ter sido a oportunidade para os terroristas surpreenderem os israelenses com a invasão e ataques empreendidos em seu território.
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