No último sábado (25), o governo da Alemanha sugeriu que a comunidade judia não usem quipá em público — em todo o país — para evitar a ocorrência de crimes de antissemitismo.
"Não posso aconselhar aos judeus que usem o quipá em todos os lugares da Alemanha o tempo inteiro. Infelizmente preciso dizer isso", disse o comissário de antissemitismo da Alemanha, Felix Klein, segundo informações do jornal "Die Welt".
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, o aumento dessas ocorrências poderia ser explicado pelo aumento das imigrações de pessoas vindas de países muçulmanos à Alemanha. Somente em 2015 o país recebeu mais de 1 milhão de pedidos de asilo de pessoas da Síria.
"Muitas das pessoas que vieram para cá já tinham, desde cedo, introjetado clichês antissemitas", afirmou Maas. "Essas caricaturas ficam internalizadas e não se perdem com a passagem pela fronteira".
Apesar de assumir que o antissemitismo aumentou na Alemanha, após a grande quantidade de refugiados vindos de países muçulmanos, o ministro igualou a situação ao "preconceito" que os islâmicos enfrentam na Europa.
"Em uma Europa livre e tolerante, nós precisamos proteger de ofensas uma mulher cobrindo a cabeça tanto quanto um homem usando um quipá", lembrou.
Em 2017, o número de ataques contra judeus na Alemanha foi de 1.504 e subiu para 1.648 em 2018, segundo informações a Deutsche Welle — um aumento de 10%.
No ano passado, um homem que usava uma Estrela de Davi foi espancado no centro de Berlim. Semanas antes, um jovem sírio de 19 anos atacou um israelense e o amigo dele ainda à luz no dia. Ambos usavam quipás, e o ataque foi classificado como antissemitismo.
Reação
O ministro do Interior do estado da Bavária, Joachim Herrmann, contrariou o alerta do comissário de antissemitismo e encorajou os judeus da Alemanha a usarem seus quipá, afirmando que eles não devem se privar de sua liberdade religiosa.
"Todos podem e devem usar o quipá, não importa onde ou quando quiserem", afirmou Herrmann, também no último sábado (25). "Se nós cedermos ao antissemitismo, entregamos o jogo à ideologia de direita", disse.
Klein sugeriu que a polícia, professores e advogados sejam mais bem treinados para reconhecer o que constitui o antissemitismo.
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições