O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (10) a normalização das relações entre Israel e Marrocos. Este é o quarto país árabe a estabelecer paz com Israel nos últimos quatro meses.
Marrocos se junta aos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão a firmar acordos com Israel, impulsionando os esforços liderados pelos EUA para reduzir a influência do Irã na região.
Como parte do acordo, Trump concordou em reconhecer a soberania do Marrocos sobre o território do Saara Ocidental, uma região desértica disputada há décadas no norte da África.
O presidente eleito, Joe Biden, que poderá suceder Trump em 20 de janeiro, irá enfrentar a decisão de aceitar o acordo dos EUA com o Saara Ocidental, o que não foi feito por nenhum outro país ocidental. Segundo a Reuters, o porta-voz de Biden não quis comentar.
Embora Biden deva afastar a política externa dos EUA da postura “América em primeiro lugar” de Trump, o democrata indicou que irá apoiar os “Acordos de Abraão” entre Israel e as nações árabes.
Trump selou o acordo Israel-Marrocos em um telefonema na quinta-feira com o rei Mohammed VI, monarca do Marrocos, informou a Casa Branca.
“Outro marco histórico hoje! Nossos dois grandes amigos, Israel e o Reino de Marrocos, concordaram em manter relações diplomáticas completas — um grande avanço para a paz no Oriente Médio!”, disse Trump no Twitter.
Mohammed disse a Trump que o Marrocos pretende facilitar voos diretos para turistas israelenses para o Marrocos, segundo um comunicado da corte real do Marrocos.
“Esta será uma paz muito calorosa. A luz da paz neste dia de Chanucá nunca brilhou mais forte do que hoje no Oriente Médio”, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu,referindo-se ao feriado judaico de oito dias que começou na noite de quinta-feira.
Repercussão do acordo
Os palestinos têm criticado os acordos de normalização, dizendo que os países árabes deixaram de pressionar Israel pela causa do Estado palestino.
Egito e Emirados Árabes Unidos emitiram declarações saudando a decisão de Marrocos. O Egito já havia assinado um tratado de paz com Israel em 1979.
“Este passo, um movimento soberano, contribui para fortalecer nossa busca comum por estabilidade, prosperidade e paz justa e duradoura na região”, escreveu no Twitter o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed al-Nahyan.
O acordo com o Marrocos pode ser um dos últimos feitos pela equipe de Trump, liderada pelo conselheiro sênior da Casa Branca, Jared Kushner, e o enviado dos EUA, Avi Berkowitz, antes de dar lugar ao governo de Biden.
Kushner disse a repórteres que é inevitável que a Arábia Saudita acabe fechando um acordo semelhante com Israel. Uma autoridade dos EUA disse que os sauditas não deveriam agir antes de Biden assumir o cargo e, mesmo assim, haveria forte oposição interna para impedir o movimento.
Pelo acordo, o Marrocos estabelecerá relações diplomáticas completas e retomará os contatos oficiais com Israel.
“Eles vão reabrir seus escritórios de ligação em Rabat e Tel Aviv imediatamente com a intenção de abrir embaixadas. E eles vão promover a cooperação econômica entre empresas israelenses e marroquinas”, disse Kushner à Reuters.
O acordo de Trump para mudar a política dos EUA sobre o Saara Ocidental foi a chave para obter o acordo de Marrocos. Em Rabat, a corte real do Marrocos disse que Washington abrirá um consulado no Saara Ocidental como parte do acordo do Marrocos com Israel.
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