A viagem de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, a Washington, D.C., para se encontrar com o presidente dos EUA, Donald Trump, tem como objetivo, segundo o líder israelense, uma cooperação para que a nova administração americana possa ajudar a redesenhar o Oriente Médio.
Antes do embarque, Netanyahu mencionou que as reuniões abordarão questões críticas, como a vitória sobre o Hamas, a libertação de reféns e o enfrentamento do eixo do terror iraniano. Netanyahu também destacou a importância da aliança entre Israel e os EUA e a amizade pessoal com Trump.
Falando em inglês antes de embarcar no avião, ele afirmou que ser o primeiro líder estrangeiro a se encontrar com Trump na Casa Branca desde a posse deste último é "um testemunho da força da aliança israelo-americana. É também um testemunho da força da nossa amizade pessoal."
I’m leaving for a very important meeting with @realDonaldTrump in Washington.
— Benjamin Netanyahu - בנימין נתניהו (@netanyahu) February 2, 2025
The fact that this would be President Trump’s first meeting with a foreign leader since his inauguration is telling.
I think it’s a testimony to the strength of the Israeli-American alliance. It’s… pic.twitter.com/wWYrC7mYrF
“As decisões que tomamos na guerra já mudaram o rosto do Oriente Médio”, declarou Netanyahu ao lado do avião oficial do Estado, o Wing of Zion, que o levou a Washington.
“Nossas decisões e a coragem de nossos soldados redesenharam o mapa. Mas acredito que, trabalhando de perto com o presidente Trump, podemos redesenhá-lo ainda mais, e para melhor.”
“Acredito que podemos fortalecer a segurança, ampliar o círculo da paz e alcançar uma era notável de paz por meio da força”, afirmou.
Acordos de Abraão
Netanyahu parecia se referir aos laços com a Arábia Saudita. Segundo a emissora pública Kan, Israel tem pressionado pela criação de uma equipe de negociação para discutir a normalização das relações com o estado do Golfo. No sábado, a emissora também informou que o governo Trump busca concretizar a paz entre Jerusalém e Riad como parte da visão do presidente dos EUA para uma “Era de Ouro da Paz no Oriente Médio”.
A medida ampliaria os Acordos de Abraão, pelos quais Israel estabeleceu relações com Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos durante o primeiro mandato de Trump. A Arábia Saudita não aderiu aos acordos de 2020 e nunca reconheceu Israel.
A normalização com a Arábia Saudita foi praticamente suspensa devido à guerra em Gaza e às exigências de Riad para que Israel apresente um caminho diplomático para a criação de um futuro Estado palestino.
No entanto, antes de seu retorno à Casa Branca no mês passado, Trump afirmou que pretendia aproveitar o impulso do acordo de cessar-fogo em Gaza para expandir os Acordos de Abraão e incluir a Arábia Saudita.
O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, afirmou que o Catar, que mediou o cessar-fogo em Gaza junto com os EUA e o Egito, também é um potencial candidato à normalização.
A visita de Netanyahu ocorre em um momento decisivo de um complexo cessar-fogo em três fases com o Hamas, que interrompeu a guerra na Faixa de Gaza iniciada pelo grupo terrorista palestino em outubro de 2023 e busca a libertação de todos os reféns mantidos por organizações terroristas no enclave costeiro.
Encontro com Trump
O novo governo Trump já participava das negociações mediadas para o cessar-fogo antes mesmo da posse do presidente no início deste mês e está empenhado em ver o plano concluído.
No entanto, Netanyahu enfrenta pressão da ala de extrema-direita de sua coalizão para retomar os combates após a conclusão da primeira fase do acordo, que dura seis semanas.
Conforme os termos do cessar-fogo, as negociações para a segunda fase devem começar esta semana, mas Netanyahu parece manter suas opções em aberto até seu encontro com Trump na terça-feira (04).
Quando o primeiro-ministro partiu para Washington, o ministro das Finanças Bezalel Smotrich o convocou a "fortalecer nosso controle e soberania" sobre a Cisjordânia, enquanto descrevia Trump como "um amante de Israel". Os palestinos consideram a Cisjordânia, que é controlada por Israel e abriga cerca de 140 assentamentos israelenses, como parte de um futuro Estado palestino.
"Muito está em jogo – a vitória completa em Gaza, a destruição do Hamas e o retorno de todos os nossos reféns, além do fortalecimento da nossa segurança em todas as fronteiras – na Síria, no Líbano e, é claro, contra a cabeça do polvo, o regime iraniano e a ameaça nuclear. Esse perigo precisa ser eliminado", declarou Smotrich no domingo, em uma mensagem de vídeo dirigida a Netanyahu.
"Devemos fortalecer nosso controle e soberania sobre a pátria na Judeia e Samaria", disse ele, usando o nome bíblico para a Cisjordânia.
Smotrich advertiu que abandonaria o governo caso a guerra não seja reiniciada, enquanto o partido de extrema-direita Otzma Yehudit já se retirou da coalizão em protesto contra o acordo. Sem o apoio do partido Sionismo Religioso de Smotrich, o governo perderia a maioria no Knesset.
Smotrich afirmou que, a partir de uma posição de força, Israel está "fazendo as pazes, forjando alianças e fortalecendo sua posição".
Benny Gantz, líder da oposição Unidade Nacional, desejou sucesso a Netanyahu, afirmando que a viagem é fundamental para o futuro de Israel.
“O encontro com o presidente Trump é de suma importância para avançar no retorno de todos os nossos reféns, coordenar a resposta ao desafio iraniano, expandir o círculo de normalização e remover o governo do Hamas”, tuitou Gantz.
Segunda fase do cessar-fogo
Um dia antes do encontro com Trump, Netanyahu se reunirá com o enviado Witkoff para iniciar as negociações sobre a segunda fase do acordo de libertação de reféns com o Hamas, programadas para começar naquele mesmo dia, informou o Gabinete do Primeiro-Ministro no sábado.
Witkoff já estava intensamente envolvido nas negociações de cessar-fogo antes mesmo da posse de Trump, em 20 de janeiro.
No entanto, relatos apontam que Netanyahu está seriamente considerando retomar a guerra após a primeira fase do acordo, como exigem os membros de extrema-direita de sua coalizão, em vez de avançar para a segunda fase.
Até agora, 13 reféns israelenses foram libertados conforme o acordo, que prevê a soltura de 33 "reféns humanitários" ao longo de sua primeira fase, de 42 dias, com a suspensão dos combates na Faixa. Além disso, cinco reféns tailandeses foram libertados fora desse acordo.
Os próximos estágios do acordo de três fases ficarão sujeitos a negociações, cujo objetivo declarado é alcançar uma "calma sustentável" no enclave, bem como garantir a libertação dos reféns restantes em Gaza, a soltura de mais prisioneiros de segurança palestinos e a retirada das forças israelenses da Faixa.
Os reféns fazem parte dos 251 sequestrados em 7 de outubro de 2023, quando aproximadamente 3.000 terroristas, liderados pelo Hamas, invadiram Israel, causando a morte de cerca de 1.200 pessoas por meio de atos desenfreados de brutalidade e ataques abertos contra civis.
Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro, 76 permanecem em Gaza, incluindo os corpos de pelo menos 34 mortos, conforme confirmado pelas IDF.
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