“O tempo está se esgotando para uma solução política entre os lados”, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian sobre a guerra entre Israel e Hamas.
O diplomata vem ameaçando com a entrada do chamado “Eixo da Resistência” no atual combate com “ações preventivas”, caso “os crimes de guerra contra os palestinos não sejam cessados”.
Conforme lembrou o Gazeta do Povo: “Desde o início da guerra declarada de Israel contra o Hamas, o Irã tem se posicionado especificamente contra a ação defensiva israelense, chamada pelo regime de ‘agressão do Estado Judeu’ contra os palestinos”.
Depois do ataque terrorista de 7 de outubro e após Israel se defender, a diplomacia iraniana se posicionou sobre o conflito, pedindo que os países islâmicos impusessem um boicote a Israel, com a expulsão de diplomatas e um embargo à venda de petróleo ao país.
“Foi uma utopia de que as coisas estavam bem, até mesmo dentro da Faixa de Gaza, que fez Israel baixar a guarda. (...) Sei que não esperávamos a quantidade de terroristas que entraram em Israel. Isso sim nos pegou de surpresa. (...) Não foi um ataque para ser repetido em breve”,… pic.twitter.com/BVny6hZgVr
— GloboNews (@GloboNews) November 8, 2023
Sobre o “Eixo da Resistência”
O Eixo da Resistência é uma aliança não oficial de influência, liderada pelo Irã, na qual participa de grupos declaradamente contrários aos EUA e Israel no Oriente Médio.
A grande maioria dos aliados são milícias xiitas como o grupo libanês Hezbollah, os Houthis no Iêmen, a Jihad Islâmica em Gaza, além de outras associações no Iraque, Afeganistão e Paquistão. Apesar de também ter sido listado no eixo, o Hamas surgiu de um movimento sunita.
Em entrevista à emissora britânica BBC, a diretora do Middle East Institute, Lina Khatib, explicou que essa influência foi construída a partir de uma série de conflitos na região, como as guerras civis na Síria e no Iêmen, bem como nas disputas do Estado Islâmico no Iraque.
Segundo ela, essas milícias são financiadas pelo Irã para “promover os objetivos políticos do regime” nos países onde estão sediadas e em um plano regional. O idealizador dessa rede de influência foi Qasem Soleimani (morto pelos EUA, em 2020), ex-comandante da Força Quds, uma divisão importante da Guarda Revolucionária do Irã.
Terceira Guerra Mundial
Para o ex-combatente brasileiro, Gabriel Schorr, que foi soldado das Forças de Defesa Israelenses (IDF), por 23 anos e já atuou em missões dentro de Gaza três vezes, o Hezbollah é o único grupo terrorista classificado por Israel como um exército.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Gabriel explicou que há três principais projeções para a escalada da guerra: “Na primeira hipótese, Israel entra em Gaza, com o objetivo de destruir o Hamas e a sua influência na região, sem que o Hezbollah grite outra frente de guerra”.
“Nas vezes em que lutei em Gaza, o objetivo nunca foi acabar com o Hamas, mas sim reduzir as ações terroristas na região, nunca houve uma missão com esse objetivo, até o momento, porque havia esperança do grupo que controla Gaza abrir espaço para um diálogo futuro”, continuou.
Segundo ele, essa missão duraria meses e necessitaria de preparo tanto de militares quanto de civis, na evacuação para abrigos: “Há um interesse duplo nessa hipótese, evitar ao máximo ter contato com inocentes e ter liberdade de atingir os locais estratégicos do Hamas”.
Em uma segunda projeção, Israel se defenderia da milícia libanesa na fronteira norte. Gabriel se refere ao Hezbollah como “a próxima guerra” que o país enfrentará.
“Temos conhecimento dos centros de treinamento e arsenal do Hezbollah. Nessa possibilidade, o Exército israelense poderia tirar uma vantagem bélica, não sei dizer se as caças americanas participariam oficialmente do combate. Acho que os EUA agiriam no fornecimento de munição, informação, equipamentos, interceptação, mas nada diretamente”, opinou.
Já a terceira opção apresentada por Gabriel é a escalada mundial do conflito, provocando uma Terceira Guerra Mundial, onde todas as potências entrariam na disputa.
“Nessa hipótese, o Irã instigaria suas alianças informais com milícias terroristas na Síria, no Iêmen e outras partes do Oriente Médio a cometerem atentados contra embaixadas israelenses e americanas, o que já vemos acontecendo, e matar judeus. Espero que não chegue a isso. Essas ações mobilizariam líderes ocidentais para cá. Todos sabem que o limite entre essas três opções é muito estreito”, disse o especialista.
O ex-soldado finalizou destacando que não vê uma revolta oficial de países islâmicos contra Israel: “Acredito que os países não se juntariam ao conflito, oficialmente, mas a ação ocorreria por meio dessas formações aliadas independentes, lideradas pelo Irã”.
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