A Sexta-feira Santa, data que relembra a crucificação de Jesus Cristo, foi marcada por confrontos violentos no Monte do Templo, um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos em Jerusalém.
Palestinos e policiais israelenses entraram em confronto por volta das 6h30 (horário local) na sexta-feira (15), depois que jovens começaram a “marchar” com bandeiras palestinas e faixas do grupo terrorista Hamas, disse a polícia em relatório, de acordo com o Times of Israel.
Esta foi a segunda sexta-feira do Ramadã e a primeira noite da Páscoa judaica.
A polícia de Israel relatou que os manifestantes atiraram pedras e soltaram explosivos, mas os agentes esperaram pelo fim das orações islâmicas da manhã, para que pudessem entrar no Monte do Templo e contê-los. Alguns deles, informa a polícia, também atiraram pedras no Muro das Lamentações abaixo.
A Mesquita Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha, locais icônicos no Monte do Templo, são administradas por uma organização islâmica da Jordânia, o Waqf. No entanto, Israel realiza a segurança dentro do perímetro da mesquita.
O Crescente Vermelho Palestino informou que 158 pessoas ficaram feridas nos confrontos. Israel reportou que três policiais foram feridos depois de serem apedrejados. Além disso, cerca de 400 palestinos foram presos.
Veja abaixo um vídeo registrado pela polícia israelense:
A polícia de Israel disse em nota que estava comprometida a manter a segurança e paz no local, para permitir que as orações muçulmanas continuem normalmente. Depois que os confrontos foram controlados, o local sagrado foi reaberto aos fiéis.
Ameaças de nova guerra em Israel
O grupo terrorista Hamas disse que Israel vai arcar com as consequências de seus “ataques brutais”. “Nosso povo em Jerusalém não está sozinho na batalha por Al-Aqsa”, disse o porta-voz do Hamas, Fawzi Barhum.
O Hamas pediu uma escalada contra Israel na quinta-feira (14) e chamou “centenas de milhares” a comparecer às orações de sexta-feira em Jerusalém, alimentando ainda mais os temores de conflito.
Policiais em alerta no Monte do Templo. (Foto: Polícia de Israel/Wikimedia Commons)
Milhares de policiais e centenas de soldados foram enviados a Jerusalém para aumentar a segurança nas ruas. O chefe de operações da Polícia de Fronteira, Oded Aflalo, disse ao Ynet na quinta-feira que as tropas israelenses estavam em alerta máximo.
Um alto funcionário da segurança de Israel disse ao Canal 12 que o aumento de confrontos poderia arrastar Israel para outra rodada de combates em Gaza, como a guerra do ano passado com o Hamas.
Por que há tantos conflitos em Jerusalém?
O Ramadã costuma ser um período de alta tensão, já que dezenas de milhares muçulmanos se reúnem na Mesquita de Al-Aqsa, considerada o terceiro lugar mais sagrado do islã.
O local é o epicentro do conflito israelense-palestino e as tensões podem facilmente se transformar em uma guerra. Foram as ações da polícia contra manifestantes palestinos que desencadearam a guerra de 11 dias em Gaza, em maio de 2021.
Na semana passada, um grupo de judeus encorajou publicamente a realização de sacrifícios rituais para a Páscoa no Monte do Templo — o que aumentou ainda mais as tensões.
Os judeus têm permissão para visitar o complexo, mas não podem orar ou realizar rituais religiosos, como parte de um delicado status quo.
A Mesquita Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha ao fundo, no Monte do Templo. (Foto: Pixabay)
Os rumores dos rituais judaicos se espalharam pela mídia palestina e atraiu ameaças do Hamas e críticas da Jordânia e da Autoridade Palestina. Enquanto isso, Israel prometeu impedir qualquer tentativa de judeus de levarem animais de sacrifício ao complexo.
Seis judeus foram presos na manhã de quinta-feira sob a suspeita de planejar sacrificar uma cabra no Monte do Templo antes da Páscoa.
A maioria dos fiéis do Ramadã cruzaram a fronteira para Israel sem permissão, como parte de uma política israelense que afrouxa as restrições durante o feriado. Mas permitir a entrada de milhares de palestinos traz um risco de segurança para Israel, já que sua repressão contra os fiéis pode desencadear um surto de violência.
Pelo menos 16 palestinos foram mortos em confrontos com as Forças de Defesa de Israel (IDF) apenas nas últimas duas semanas e um total de 18 suspeitos foram presos na Cisjordânia nos últimos dias.
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