No “Dia Internacional da Mulher” é muito comum pensar que todas elas deveriam receber flores e homenagens e que a comemoração deste dia tem a ver somente com superação e conquistas.
Mas, a realidade é que a data foi oficializada pela ONU, na década de 1970, com o objetivo de destacar a “luta histórica das mulheres”. A princípio por uma igualdade salarial em relação aos homens, mas atualmente, o objetivo foi ressignificado.
Hoje em dia, muito se fala sobre a violência doméstica, mas há também a violência contra as mulheres que decidem seguir a Cristo em países onde o cristianismo é proibido e até considerado um crime.
Experiências difíceis
Conforme a Portas Abertas, nem todas as mulheres no Oriente Médio e Norte da África têm a mesma história: “Há muitos países, culturas e grupos religiosos diferentes com suas próprias regras. Essa é uma região vasta que abrange do Marrocos ao Irã, do Iêmen ao Iraque. São 15 países onde a Portas Abertas trabalha por meio de parceiros na região”.
A organização conta que, recentemente, Eva e Christina (nomes fictícios por motivos de segurança), duas colaboradoras de campo que se especializaram no trabalho com mulheres no Oriente Médio e Norte da África, revelam sobre alguns desafios que elas enfrentam.
Nessas regiões, quando uma gravidez é anunciada, muitas vezes é recebida como uma bênção alegre. O desejo geralmente é: “Que Deus lhe conceda um menino!”.
Felizmente, há famílias que recebem bem tanto meninas quanto meninos. Mulheres que cresceram em tais famílias e se convertem ao cristianismo testemunharam o papel que o pai desempenhou em sua vida desde a infância, o que é importante para o entendimento de seu valor em Cristo.
Mas também há, principalmente em áreas mais pobres e de maioria muçulmana, filhas criadas “por alguém da família”. Outra regra é que as filhas se casem e passem a viver na casa da família do marido. Esse pensamento afeta a criação das meninas.
‘Vergonha por ser menina ou mulher’
Ainda segundo a Portas Abertas, muitas vezes, meninas ouvem que é vergonhoso elas não serem meninos. Alguns pais sentem que as meninas não são dignas de seu investimento. Além disso, na região, uma menina só deixa a casa dos pais usando um vestido de noiva ou em um caixão.
“Em algumas partes da região — principalmente áreas rurais mais conservadoras — as meninas podem não ter o mesmo acesso à educação que os meninos. Porém, em outras partes, muitas delas são mais educadas que os meninos, especialmente em grandes cidades na Península Arábica. Apesar disso, ser mulher ou cristã é um motivo para que recebam notas mais baixas”, conta a organização.
As mulheres que cresceram após a Primavera Árabe têm uma ideia de que oportunidades existem, que é possível mudar as coisas e há alternativas para o contexto atual.
Mesmo que nada mude e as esperanças não se concretizem, há um entendimento radicalmente diferente das gerações anteriores. Isso resulta em uma ânsia por mais oportunidades iguais e um reconhecimento — que leva à frustração — de como homens e mulheres, meninos e meninas são tratados de maneira diferente na sociedade.
‘Sem liberdade e sem perspectiva’
Presume-se que a maioria das mulheres muçulmanas cuidará da casa e dos filhos ao se casar: “Grande parte delas não têm emprego com salário e nem permissão para sair de casa sozinha, sem um homem para acompanhá-la. Muitas vezes, estão ocupadas mantendo a casa limpa, cozinhando refeições, cuidando dos filhos e os ajudando com a lição de casa”.
A organização revela que, apesar de variar de um lugar para o outro, o casamento forçado é um método de perseguição às mulheres em partes da região, principalmente as que se tornaram cristãs a partir do contexto muçulmano.
“Uma maneira rápida de a família resolver essa questão é casar a mulher com um homem muçulmano da família ou comunidade. Entretanto, para muitas jovens na geração de hoje, principalmente de contexto cristão, há mais liberdade para escolher com quem se casarão”, explicou.
“Outra questão sobre o assunto é que muitos rapazes deixam a região por motivos econômicos, para evitar o alistamento militar e porque é mais aceitável que rapazes tenham um nível de independência maior do que as mulheres. Isso significa que há mais mulheres solteiras com perspectivas limitadas de casamento”, continuou.
“A região é muito dividida entre etnias, denominações, religiões e tribos, e isso também causa grande agitação dentro da igreja, no caso de um rapaz ou moça querer se casar com alguém de fora de sua etnia, denominação, religião ou comunidade tribal”, destacou.
Diante desse contexto, a Portas Abertas pede orações por essas mulheres que vivem no Oriente Médio e Norte da África, para que o Evangelho não morra em locais onde há perseguição.
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