África tem nações com menos cristãos que o Irã, onde perseguição é severa

Missionários apontam desafios ao evangelizar países não alcançados no continente africano.

Fonte: Guiame, com informações do IMBAtualizado: terça-feira, 6 de maio de 2025 às 16:05
Pastor batiza caminhoneiro convertido por ministério da IMB na África Ocidental. (Foto: IMB)
Pastor batiza caminhoneiro convertido por ministério da IMB na África Ocidental. (Foto: IMB)

A África ainda tem muitas regiões onde o Evangelho não foi plenamente difundido, apesar da presença missionária ao longo dos anos. Nos círculos cristãos, essa região é frequentemente vista como predominantemente evangélica e plenamente alcançada.

Segundo Josh Rivers, missionário do Conselho de Missões Internacionais, essa percepção não reflete a realidade.

Rivers aponta que países como Senegal, Guiné, Mali e Níger possuem poucas igrejas, e a maioria da população segue o Islamismo.

“O Senegal é menos evangélico que o Irã”, enfatizou Rivers, que trabalhou como missionário na África Ocidental por mais de 20 anos, sobre um país imerso no islamismo.

“Há muitos lugares na África onde o Evangelho se enraizou e igrejas surgiram. Mas há muitos lugares onde o Evangelho não está sendo proclamado. É para lá que precisamos que os fiéis vão e façam discípulos.” 

Mais trabalhadores

Os missionários locais destacam a necessidade de mais trabalhadores para alcançar áreas remotas e fortalecer comunidades cristãs existentes.

Os desafios para a expansão do Cristianismo incluem dificuldades geográficas, instabilidade política e pressão social para manter tradições islâmicas.

Meninos Fulani no Níger pescam em águas rasas, enquanto a missão IMB busca expandir a presença cristã. (Foto: IMB)

Recentemente, Rivers se reuniu com os missionários veteranos Moses e Beth, que também atuam na África, para discutir as percepções sobre o continente e a necessidade de mais trabalhadores para expandir o alcance do Evangelho.

Missões históricas

Apesar da longa história de missões cristãs na África, muitos ainda acreditam que o continente será plenamente alcançado pelo evangelho. Rivers explica que essa visão pode ser influenciada por biografias de missionários, como a de David Livingstone, que retratam o trabalho evangélico na região.

Países como a Nigéria celebram 175 anos de missão batista, algo que, segundo Rivers, é motivo de gratidão. No entanto, ele alerta que ainda existem áreas onde as sementes do Evangelho não criaram raízes, mesmo dentro daquele país.

Em muitas partes da África Ocidental, a presença cristã ainda é fraca. Senegal tem menos de 10 igrejas batistas, Guiné apenas 5, Mali conta com cerca de 12 e Níger, 20 – a maioria situada nas capitais ou nas proximidades.

Para a missionária Beth, que atua no Senegal, a realidade espiritual do continente se revela de forma impactante por meio dos números. No país onde trabalha, 95% da população é muçulmana, enquanto os cristãos evangélicos representam apenas 0,19%.

Essa estatística significa que, das 343 pessoas que morrem diariamente no Senegal, quase todas partem sem conhecer o Evangelho. "A cada hora, 14 pessoas no Senegal entram na eternidade sem um relacionamento com Cristo", enfatiza Beth, reforçando a urgência da missão cristã na região.

Por que o Evangelho não se espalhou

Para Beth a cultura muçulmana predominante influencia fortemente as estruturas sociais africanas, de modo que muitas famílias enviam seus filhos para escolas bíblicas apenas para aprimorar habilidades como o ensino do inglês.

“Os pais não se preocupam com a conversão dos filhos ao Cristianismo, porque na maioria das sociedades africanas o que importa é se conformar socialmente às decisões e orientações da comunidade”, explica. 

Já Moses aponta que, em muitas regiões, o islamismo se entrelaçou profundamente com a cultura local, influenciando até mesmo a forma de se vestir, que mescla elementos árabes e africanos. O islamismo também permitiu a mistura de religiões tradicionais africanas.

“O problema que a maioria vê no Cristianismo é que dizemos: ‘Só Jesus’”, relata Moses. 

Outro desafio, segundo Josh é o histórico de conflitos na África Ocidental, que torna a mobilidade missionária mais complicada, dificultando a propagação do Cristianismo.

Pregando e batizando

Para enfrentar a perdição espiritual na África, missionários ressaltam a necessidade de uma presença cristã constante no cotidiano das comunidades.

Beth enfatiza que ter testemunhos vivos do Evangelho é essencial para a evangelização e cita o desafio que sua equipe enfrenta: com apenas nove missionários, precisam alcançar uma população de 12 milhões de pessoas em uma área equivalente ao estado de Dakota do Sul, nos EUA.

“Outras equipes missionárias na África enfrentam o mesmo desafio. Por isso, estamos sempre buscando recrutar igrejas e indivíduos dispostos a preencher essas lacunas para serem esse testemunho”, declara.

Mulher da África Ocidental cultiva horta para sustentar sua família na Guiné-Bissau. (Foto: IMB)

Moses complementa que um dos caminhos para fortalecer a presença missionária é mobilizar igrejas africanas já estabelecidas. Ele explica que alguns seminários batistas da África Ocidental oferecem estágios missionários para seus alunos atuarem em regiões de difícil acesso, como parte de equipes evangelísticas.

“Estamos em fase de planejamento com a Convenção Batista do Togo para enviar missionários”, diz. 

E continua: “Conectamos uma igreja em Dacar, Senegal, com alguns missionários enviados do Benim para trabalhar no sul do país. Por meio dessa parceria, eles compartilharam o Evangelho, levaram pessoas a Cristo e realizaram batismos”. 

Expansão do Evangelho na África

Para ajudar na expansão do Evangelho na África, igrejas e pessoas individualmente podem desempenhar um papel essencial na missão cristã. Moses lembra que Deus deseja usar cada pessoa para cumprir a Grande Comissão.

Ele destaca a importância de que igrejas se comprometam a adotar aldeias, estabelecendo relacionamentos e sendo uma presença ativa do Evangelho.

Além disso, pede que igrejas americanas invistam em cristãos e igrejas africanas, oferecendo orientação e treinamento para que se tornem igrejas multiplicadoras, capazes de evangelizar e discipular novas comunidades.

Josh reforça que é necessário que mais pessoas estejam dispostas a ir a lugares de difícil acesso, como Guiné, Mali, Níger, Burkina Faso e Senegal.

Ele reconhece que levar o Evangelho a regiões onde ainda não foi pregado pode ser um desafio, mas ressalta que Jesus vale o esforço e a dedicação daqueles que desejam cumprir essa missão.

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