Apesar do Talibã, cada vez mais afegãos estão em busca de Jesus: ‘Eles têm fome e sede’

Os novos crentes estão formando pequenas comunidades secretas por todo o Afeganistão.

Fonte: Guiame, com informações do Premier e Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 22 de agosto de 2024 às 12:51
Abdulla lendo uma Bíblia em língua farsi. (Foto: Portas Abertas)
Abdulla lendo uma Bíblia em língua farsi. (Foto: Portas Abertas)

Três anos atrás, o mundo assistiu perplexo ao retorno do Talibã ao poder no Afeganistão. Para pequena população cristã do país, isso não foi apenas uma mudança política; foi um desastre iminente, com risco de vida, relata Thomas Muller*, da Portas Abertas.

“Como pesquisador da Portas Abertas, passei os últimos anos documentando as terríveis realidades enfrentadas pelos cristãos afegãos”, conta.

“Desde o retorno do Talibã, a situação [dos cristãos] foi de mal a pior. No entanto, em meio à escuridão, há sinais tênues, mas significativos, de esperança, sinais do que pode ser um novo começo para esses crentes em apuros.”

Medo

Thomas diz que quando o Talibã assumiu o controle em agosto de 2021, os cristãos no Afeganistão se prepararam para o pior.

“Sob o governo anterior do Talibã (1996-2001), os cristãos foram duramente perseguidos. Muitos se lembravam daqueles dias sombrios e sabiam o que provavelmente estava por vir”.

Ele disse que o que veio a seguir confirmou o medo dos cristãos, já que o Talibã imediatamente começou a impor uma interpretação estrita da lei Sharia, segundo a qual a conversão do islamismo ao Cristianismo é considerada uma infração capital.

“Eles começaram a caçar qualquer pessoa suspeita de ser cristã, concentrando-se particularmente naqueles que se converteram do islamismo”.

Ele lembra de relatos que começaram a surgir de cristãos sendo presos, torturados e até mesmo executados.

“Casas foram invadidas, e o Talibã usou tecnologia avançada de vigilância para monitorar as comunicações e rastrear aqueles suspeitos de seguir a Cristo. O medo era palpável; muitos cristãos se esconderam profundamente, cortando quase todo contato com o mundo exterior para evitar serem detectados.”

‘Única opção era fugir’

Thomas conta que a única opção que eles tinham era fugir. Assim, milhares de cristãos e outras minorias religiosas buscaram refúgio em países vizinhos.

“Eles deixaram para trás suas casas, seus meios de subsistência e, em muitos casos, suas famílias. No entanto, mesmo no exílio, a sombra do Talibã pairava. Surgiram histórias de agentes afegãos operando através das fronteiras, buscando rastrear e punir aqueles que haviam escapado”, relata.

Mas em meio a essa severa perseguição, algo inesperado começou a acontecer, conta o missionário.

“Alguns dos refugiados afegãos que fugiram através das fronteiras encontraram o Evangelho cristão enquanto estavam no exílio. Por meio de redes clandestinas de missionários e trabalhadores humanitários cristãos, esses refugiados ouviram a mensagem de Jesus Cristo – muitos pela primeira vez. E alguns responderam, abraçando a fé apesar de saberem dos perigos que isso traria”.

Novo começo

Thomas diz que atualmente os refugiados estão sendo repatriados de volta ao Afeganistão, e estão retornando com algo novo: a fé em Cristo.

“É aqui que os sinais de um novo começo começam a aparecer. Esses novos crentes estão formando pequenas comunidades secretas por todo o Afeganistão, assim como a igreja primitiva fez no primeiro século. Essas comunidades são frágeis, geralmente consistindo de apenas um punhado de pessoas se reunindo em segredo, mas estão crescendo.”

Ele relata que a repressão do Talibã aos cristãos se intensificou, com o regime usando métodos sofisticados para erradicar esses grupos clandestinos.

“Mas, apesar dos riscos, essas novas comunidades cristãs estão perseverando. Elas estão encontrando maneiras de adorar, compartilhar o Evangelho e apoiar umas às outras em um ambiente tão hostil. A fé desses novos crentes é forte, forjada no fogo da perseguição e do sofrimento.”

Razões para ter esperança

Thomas diz que as informações sobre o que está acontecendo dentro dessas comunidades secretas são muito restritas.

“O perigo da descoberta é tão grande que até mesmo a comunicação com o mundo exterior é arriscada”, explica.

“Mas, pelos poucos relatos que surgem, sabemos que esses crentes são resilientes. Eles estão começando do zero, assim como os primeiros cristãos fizeram, construindo suas comunidades de fé diante de uma oposição esmagadora.”

Thomas diz que a esperança surge pelo fato de que esses crentes não estão apenas sobrevivendo – eles estão crescendo.

“O Evangelho criou raízes no solo do Afeganistão, mesmo que apenas em pequenos bolsões escondidos. Os esforços do Talibã para esmagar o cristianismo não tiveram sucesso; em vez disso, eles o levaram para a clandestinidade, onde ele continua a se espalhar silenciosamente, mas persistentemente.”

Thomas diz que esses são os brotos verdes de um novo começo para os cristãos do Afeganistão.

“Eles nos lembram que, mesmo nas circunstâncias mais opressivas, a luz de Cristo não pode ser extinta. Um cristão afegão disse ao meu colega recentemente: ‘Depois de todos esses anos, os afegãos estão famintos e sedentos de amor. É por isso que eles são receptivos à mensagem cristã’”.

O missionário encoraja os cristãos a “continuarem apoiando nossos irmãos e irmãs no Afeganistão. A jornada deles é perigosa, mas sua fé é forte. E nessa fé, encontramos esperança – não apenas para o futuro da igreja no Afeganistão, mas para todos nós que acreditamos no poder do Evangelho para transformar vidas, mesmo nos momentos mais sombrios.”

* Nome alterado por razões de segurança.

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